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Dever de casa: professores do SESI se reinventam para dar aulas na pandemia

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 15 de outubro de 2020

Professores falam dos recursos usados nas aulas EAD, na Pandemia

Não bastasse o desafio inicial, de ensinar adolescentes dentro de uma proposta totalmente diferente do Novo Ensino Médio – que inclui educação profissional e o ensino de matérias por áreas de conhecimento – os professores precisaram ainda encarar o ensino a distância por causa da pandemia do novo coronavírus.

Adolescentes desestimulados, com sono, sem ligar câmera nem microfone. Neste cenário, professores heróis se esforçaram para que nenhum estudante ficasse pra trás. Por isso, neste 15 de outubro, no Dia dos Professores, o Serviço Social da Indústria (SESI) presta uma homenagem aos milhares de educadores em todo o Brasil, mostrando alguns dos diversos exemplos de superação destes profissionais, sempre movidos pelo amor em ensinar.    

Foi o caso do professor Sérgio Provetti, do Espírito Santo. Pioneiro na implementação do Novo Ensino Médio, que integra formação técnica. Ele é responsável pela parte profissionalizante do curso de eletrotécnica. Com a pandemia, Sérgio se viu diante do maior desafio da vida profissional: ensinar eletrotécnica sem a presença dos alunos.

O professor, então, elaborou a seguinte atividade. Pediu aos estudantes que tirassem a medida da planta baixa da casa de cada um para, a partir de uma escala, fazer cálculos de razões e proporções. “Os alunos puderam avaliar a rede elétrica de suas próprias residências. Com a trena mediram todos os cômodos, botaram no papel e calcularam tudo. A gente provoca eles na seguinte situação: vamos ver se sua casa está nos padrões técnicos, e aí eles verificaram as tomadas, as instalações e gostaram muito”, comemora.

Para ele, o ensino parte presencial e parte à distância (híbrido) já é uma realidade e trará ganhos reais ao processo de aprendizagem.

“Se quisermos crescer na educação, temos que trabalhar as duas coisas juntas: plataformas e aulas presenciais. Eu não serei mais o mesmo professor, volto um pouco melhorado com a utilização destas tecnologias e com uma interação muito maior com meus alunos”, ressalta Provetti.

A distância que acabou aproximando

Dar aulas de português e de inglês para adolescentes, cuidando de dois filhos pequenos em casa. Essa foi a realidade da professora Adriana dos Santos, de Línguas Portuguesa e Inglesa, no SESI Aparecida de Goiânia (GO). Adriana, que buscou parceria com outros países para estimular os alunos a falar inglês, também criou grupos de WhatsApp para se comunicar com os estudantes. Ela conta que eles passaram a fazer parte da vida dela. “Eles só conheciam a Adriana professora, agora, conhecem também a Adriana mãe e a Adriana dona de casa.”

Apesar das dificuldades do ensino a distância, a professora assegura que está terminando o ano muito mais próxima dos alunos. “Hoje eles sabem que eu tenho filho pequeno, pedem para eu mandar foto, chamam ele de “maninho”. Acho que humanizou essa relação com os estudantes e nos aproximou demais deles”, afirma.

Saudades de mandar a turma fazer silêncio

Adriana conta também que o mais difícil da pandemia foi perder o contato visual com os estudantes. Além disso, ela afirma que o silêncio dos alunos com os microfones fechados a deixava bem incomodada. “Por isso fui pensando em atividades e em novas formas de incentivá-los”, conta a professora que promoveu uma espécie de “aula-intercâmbio”, colocando estudantes de outros países para conversar com os alunos nas aulas on-line.

Apesar de ter conseguido garantir a aprendizagem, a professora admite que está morrendo de saudade daquela bagunça que fica a sala, especialmente após os intervalos, e confessa: “não vejo a hora de voltar a mandar eles fazerem silêncio. Que saudade”, suspira a professora.

Música para chamar atenção

A professora de Biologia Waneyma Mendes, do SESI/BA, de Feira de Santana, dá aula para estudantes dos 1º, 2º e 3º anos e também não aguentava mais dar aulas para o silêncio. “Eles não participavam, tinham vergonha de ligar o vídeo ou até de falar”, explica.

Foi aí que a professora teve uma ideia: tocar música antes de começar a aula. “Comecei com música clássica, que é o que eu gosto. Mas aí eles foram se animando e eu abri para cada um poder pedir música”, conta, comemorando o fato de que os alunos começaram a interagir e, após o momento da música, ficavam mais animados para a aula.

No repertório de músicas que sempre abriam as aulas, entrou rock, funk e muitos outros pedidos dos alunos. “Uma aluna minha é evangélica e nunca pedia música. Ficava calada, sempre. Aí teve um dia que eu abri a aula tocando uma canção gospel e ela ficou muito feliz”, afirma.  

Apoio da Rede SESI foi fundamental

Ferramentas tecnológicas, plataformas e outras formas digitais já faziam parte da realidade da vida de muitos alunos e professores da rede SESI. Portanto, o que para muitas escolas foi um processo iniciado do zero, para o SESI foi mais uma questão de adaptação, e de ajudar aqueles alunos com dificuldade de acesso.

“Eles mostraram ter capacidade para lidar com mudanças, inovação e alta adaptabilidade, além do engajamento de seus estudantes em um novo ambiente de aprendizagem”, elogia o gerente de Educação Básica do SESI, Wisley Pereira.

Além disso, Wisley chama atenção para a criação do Sistema Estruturado de Ensino SESI, que foi construído com a colaboração de professores da rede e que funciona como um importante instrumento de orientação.

“Os nossos professores realizaram uma revolução silenciosa, que garantiram um serviço essencial para sociedade. Isso levou sobretudo, as famílias valorizarem mais os papel social dos professores”, afirma.

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