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Em 2007, Brasil cresce cinco vezes a média mundial

Por Gazeta Mercantil - Publicado 04 de setembro de 2007

As ofertas públicas de ações feitas por empresas brasileiras nos primeiro oito meses de 2007 tiveram

As ofertas públicas de ações feitas por empresas brasileiras nos primeiro oito meses de 2007 tiveram um crescimento de 151% em relação às operações concluídas em igual etapa do ano passado, para o recorde de US$ 22,5 bilhões. Isso equivale a cinco vezes o ritmo de expansão mundial. É o que aponta o levantamento da consultoria Thomson Financial. No mesmo período, as operações mundiais tiveram uma evolução de 31%, para US$ 423,4 bilhões.

O movimento doméstico foi puxado pelas ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês), com um salto de 356%, para US$ 18,5 bilhões, enquanto o total internacional evoluiu 31%, para US$ 182,6 bilhões. Com isso, o Brasil dobrou, para 10%, sua fatia no mercado mundial das ofertas iniciais de ações. Em contrapartida, as emissões secundárias no País caminharam na contramão, recuando 26% em relação aos oito primeiros meses de 2006, para US$ 3,48 bilhões. Enquanto isso, as operações mundiais tiveram aceleração de 31%, para 240,8 bilhões.

Para profissionais de bancos de investimentos que coordenam ofertas, os números podem ser tomados como um primeiro medidor do apetite de empresas e investidores pelo mercado de capitais, após o início das turbulências nas bolsas de valores mundiais, em meio à intensificação da crise imobiliária dos EUA. "Pelo menos no Brasil, como os fundamentos econômicos permanecem fortes e as empresas seguem com boas expectativas de crescimento, a crise não teve grande impacto", avalia Bruno Padilha, diretor-executivo do banco de investimentos do Unibanco. A instituição coordena seis operações em andamento e diz ter outras seis para serem completadas até o final de 2007.

Para a diretora-gerente do mercado de capitais do Bradesco Banco de Investimento (BBI), Denise Pavarina, no entanto, a redução do apetite do investidor americano por papéis considerados de maior risco já está levando as empresas brasileiras a buscar maior diversificação entre investidores estrangeiros. "Em algumas operações, o road show é dividido em duas equipes. A visita a investidores na Ásia e no Oriente Médio está se tornando freqüente", conta. O BBI revela que tem mandato para coordenar outras 14 operações até o início de 2008.

Eles admitem que, apesar de o ritmo de pedidos de registro para novas ofertas permanecer aquecido (ver matéria nesta página), os profissionais dos bancos já vêm alertando as empresas que o preço de venda das ações poderá não ser tão vistoso como acontecia no início do ano. "Para bons nomes e boas histórias ainda tem mercado. Mas o investidor ficou mais seletivo", diz Denise. Companhias dos setores de manufatura, logística, energia, além dos frigoríficos, são apontadas como as próximas candidatas a se listarem na Bolsa. Setorialmente, o segmento financeiro segue liderando as operações, com 31,6% de tudo o que foi emitido em 2007.

Maior concorrência

O aumento da concorrência entre os bancos para liderar as operações é outra tendência apontada pela pesquisa da Thomson Financial. No ranking mundial, o UBS assumiu a liderança, desbancando o Morgan Stanley para a segunda colocação. O banco suíço manteve a ponta também no Brasil, seguido pelo conterrâneo Credit Suisse. No entanto, o market share de ambas vêm caindo.

Em parte, o movimento é explicado pelo aumento do número de concorrentes. No ano passado, o setor era dominado por oito instituições. Agora são 13. Com isso, a fatia do Credit Suisse, que beirava os 38% em agosto de 2006, caiu para 27%. Perdeu espaço para pontos para instituições como o próprio BBI, que nem figurava no ranking no ano passado, e para o JP Morgan, cujo market share subiu de 1,8% para 5,8%.

Para os bancos, essa disputa tende a se acelerar nos próximos meses, mesmo com o mercado aquecido. "Quando resolvemos ter um banco de investimentos, sabíamos que estávamos em mercado altamente competitivo. Mas estamos no caminho que tínhamos imaginado", diz Pavarina, do BBI.

Foto: www.byui.edu

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