Compartilhar

CNI

Novo jeans brasileiro é feito com algodão colorido

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 09 de dezembro de 2019

Em parceira com SENAI, empresa criou o 1º jeans com o algodão colorido

Jeans é básico! Combina com quase tudo! Pode estar no visual de passeio, de férias e até mesmo do trabalho. No dia a dia, estas peças são consideradas "coringa" para se vestir. E um novo tipo de jeans, feito aqui no Brasil, pode conquistar espaço no guarda-roupa. Ele é feito com algodão naturalmente colorido e acabou de ser lançado pela empresa Natural Cotton Color.

Em parceria com o Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e Confecção, na Paraíba, a empresária Francisca Vieira, 54 anos, desenvolveu um fio semelhante ao utilizado na produção de jeans e criou o tecido denominado Denim, que não passa pelo processo de tingimento, usa menos água na produção e é plantado e colhido à mão nos assentamentos do estado, ou seja, fortalece o trabalho no campo.

“Não foi fácil. Esse algodão já nasce com cor, mas a gente não conseguia fazer fios nobres. Fizemos várias pesquisas sobre desenvolvimento de fios durante dois anos para, finalmente, chegar no fio 30 dois cabos, que é um dos fios característicos do Denim”, explica Francisca.

A empresa trabalha exclusivamente com o Algodão Colorido da Paraíba, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), e agrega o artesanato local no design dos produtos. Mas quem conhece a história do estado sabe que trabalhar com esse recurso hoje em dia ainda é um desafio.

Na década de 1930, a Paraíba era considerada o segundo maior centro mundial de comercialização do algodão, atrás apenas de Liverpool, na Inglaterra. Entretanto, em 1980, após uma praga de bicudos - besouros que perfuram os botões dos algodoeiros e impedem que a planta floresça novamente - o estado parou de cultivar a fibra.

Agora, depois de três décadas, o Governo do Estado, através do Programa Algodão Paraíba, ofereceu apoio para os agricultores a voltarem a trabalhar nos campos. Orientação técnica profissional, garantias de mercado e sementes selecionadas são oferecidas pelo programa aos trabalhadores rurais.

Francisca, que mora em João Pessoa (PB), acompanha esse mercado e busca incentivar o plantio de algodão, apesar das dificuldades, pois sabe como ele pode contribuir para o estado. 

“Como eles mesmos dizem: quem dá camisa para o agricultor é o algodão. Isso quer dizer que dá dinheiro. Então queremos mostrar para esses agricultores que eles precisam da cultura do algodão para voltar a ter lucro. Para essa terra voltar a dar lucro”, conta a paraibana.

SUSTENTABILIDADE - A criadora da Natural Cotton Color não pensou apenas nos lucros quando desenvolveu. Na verdade, a missão da marca era criar um produto que todo mundo usasse e ajudasse no desenvolvimento da Paraíba.

“O objetivo mesmo era aumentar a demanda no campo porque nós temos muitos assentamentos rurais, que por ser um estado muito seco, não dá milho, não dá feijão, mas ele dá algodão. Então a gente precisava de um produto de valor agregado que o mundo todo está precisando, que é o algodão orgânico”, explica Francisca.

Francisca apostou na moda sustentável.

A EMPRESA - Atualmente, a Natural Cotton Color exporta para mais de dez países. Japão, EUA, Canadá, Alemanha, França são alguns deles.

No Brasil, Francisca já expôs no Fashion Business – salão de negócios do São Paulo Fashion Week; no salão Rio-à-Porter e foi destaque no line-up, com a coleção inverno em 2011 e verão em 2012.

Recentemente, a paraibana também marcou presença no Moda Connect Brasil, no Distrito Federal. O evento conecta iniciativas bem-sucedidas da economia colaborativa, promove a inclusão de jovens com deficiência no processo produtivo e repensa o formato de produção da moda.

Francisca compôs a roda de conversa com profissionais da moda e em seu discurso enfatizou os quatro pilares que uma empresa de moda sustentável deve considerar. "Tem que ser socialmente justa; ambientalmente correta, para preservar o meio ambiente; economicamente viável e utilizar as nossas riquezas. Quando a gente trabalha com os nossos recursos e faz interferência com artesanato na nossa moda, nós ganhamos valor agregado e se destaca lá fora", explicou ela. 

Outras Notícias