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A capacidade de transformar lixo em novos produtos

Por SENAI Hoje - Publicado 04 de janeiro de 2008

As empresas de reciclagem pagavam às cooperativas de catadores de lixo de Campina Grande, na Paraíba
As empresas de reciclagem pagavam às cooperativas de catadores de lixo de Campina Grande, na Paraíba, R$ 0,60 pelo quilo de garrafas pet recolhidas. Desde o início deste ano, esse valor subiu mais de 30%, em função da demanda: as embalagens pet passaram a ser usadas como matéria-prima (foto) para a fabricação de tubos de esgoto e irrigação.
A inflação nos preços – ou, visto por outro ângulo, o aumento dos ganhos dos catadores de lixo – deve ser creditada à Techplast, empresa fabricante de tubos de polietileno para irrigação que, em parceria com o SENAI-PB, desenvolveu tecnologia para a fabricação de tubos. “Além de insumo para a construção civil, estamos promovendo distribuição de renda”, diz o empresário Alessandro Andrade.

Redução de custos – O projeto de reutilização do pet foi aprovado no Edital SENAI Inovação de 2006. A Techplast, que desde 2004 produzia 40 toneladas mensais de mangueiras de polietileno para irrigação, decidiu inovar para reduzir custos de matéria-prima. O projeto foi desenvolvido junto com o Centro de Inovação e Tecnologia do SENAI, em Campina Grande.
O uso de garrafas descartadas foi aprovado nos testes de resistência e impacto realizados no núcleo de metalmecânica do SENAI e na empresa. O segundo passo foi adaptar os equipamentos que moldam tubos de polietileno a uma temperatura de 150º, para operar também a 250º. “O processo é simples e barato”, garante o gerente do centro, Josué Casemiro. A empresa produz mensalmente 20 toneladas de mangueiras de polietileno e igual volume de tubos com pet triturado, conta Andrade. O novo produto, que chega ao mercado com um valor correspondente a 60% do preço dos tubos de polietileno, abastece lojas de material de construção na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Mais empregados – A diversificação de produtos exigiu que a indústria dobrasse o número de empregados – hoje são 16 – e a empresa faz planos de aumentar a produção de tubos fabricados com pet. “Até janeiro, serão 40 toneladas de pet contra 20 toneladas de mangueira de polietileno”, prevê Andrade. Além do impacto sobre preço do material de construção e sobre a renda dos fornecedores da matéria-prima, a inovação ainda resulta em ganhos ambientais, já que as garrafas pet são tidas como um dos vilões da poluição: depositadas em aterros sanitários ou descartadas inadequadamente, elas levam cerca de 500 anos para se degradar. “Cada tubo de esgoto com seis metros de comprimento tira de circulação o equivalente a 50 garrafas pet de 2 litros”, calcula o dono da Techplast.

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