Compartilhar

CNI

"5G vai impactar todas as esferas da sociedade", diz presidente da Qualcomm para América Latina

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 07 de fevereiro de 2022

Luiz Tonisi é um dos palestrantes do 9° Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria. Em entrevista à CNI, ele falou sobre a chegada, impactos e avanços do 5G no Brasil


A tecnologia 5G é mais do que uma nova geração de tecnologia móvel. Ela vai representar a verdadeira transformação digital e impulsionar a produtividade na América Latina, principalmente no Brasil, com ganhos significativos para a economia nacional.

Para saber mais sobre os impactos da tecnologia 5G no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entrevistou Luiz Tonisi, presidente da fabricante de chips Qualcomm para América Latina. Engenheiro eletrônico de telecomunicações pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e com MBA executivo pela Ibmec com extensão na UCLA (University of California-Los Angeles), Tonisi trabalhou em empresas como Nortel, RFS, Alcatel-Lucent e já esteve no comando da Nokia no Brasil.

O líder é presença confirmada no 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, em março. Ele vai participar do fórum "5G: infraestrutura para inovação e digitalização da indústria”, no dia 9, às 17h45.

CNI - Como você avalia o avanço do 5G no Brasil?

LUIZ TONISI - A chegada do 5G no Brasil representa uma grande mudança para a economia do país e, principalmente, para a vida das pessoas. Com o leilão, demos um grande passo em relação a isso, com as empresas se preparando e se movimentando para implementar a tecnologia e caminhar rumo a mudança que o 5G representa, como a habilitação da Indústria 4.0, telemedicina, agronegócio e educação a distância, por exemplo. Inclusive, os brasileiros já têm uma ideia dos avanços que essa tecnologia representa, com as redes 5G já lançadas no país.

CNI - Na sua opinião, o que o 5G pode representar de avanços para a indústria brasileira? Como a indústria deve se preparar para a nova era da internet?

LUIZ TONISI - As inovações esperadas com a chegada do 5G são muitas, isso sem falar nos ganhos que a tecnologia trará para a economia global. De acordo com um estudo recente da IHS (Information Handling Services), o 5G assumirá um papel integral na economia global em termos de capacitação de vendas em todos os setores, além de produção e geração de empregos relacionados à cadeia de valor 5G até 2035. O impacto do 5G no número de vendas poderá atingir US$ 13,1 trilhões até 2035, além de gerar 22,8 milhões de empregos.

Na indústria brasileira, a transformação causada pelo 5G não será diferente. Teremos ganhos em várias áreas com a presença de IoT, por exemplo. A rede 5G está preparada para massificar a internet das coisas, com menor tempo de resposta e consumo de energia muito inferior ao que temos hoje.

A tecnologia vai permitir evoluir da conexão atual com cabos, que tem uma limitação natural desta tecnologia, para uma conexão sem fio, muito mais flexível - layouts de fábricas inteiras poderão ser revistos e reconfigurados de forma rápida para aumentar eficiência e produtividade. Além dos avanços tecnológicos, estima-se que o 5G irá gerar 670 mil vagas de emprego no país até 2025, de acordo com dados da Conexis (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal) e Brascom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) impulsionando assim novas profissões, que até então não existiam, para suportar a implementação da quinta geração de internet móvel.

Entre as oportunidades que o 5G já está trazendo para a indústria brasileira, posso citar uma colaboração entre a Qualcomm e a Intelbras - com quem trabalhamos há muitos anos para impulsionar o avanço da conectividade sem fio no país - que visa desenvolver um ecossistema de dispositivos 5G e Wi-Fi 6 no País. Com o acordo, a Intelbras produzirá, a partir deste ano, soluções 5G FWA (Fixed Wireless Access) com tecnologia Qualcomm, que fornecerá conectividade de alta qualidade, velocidade e latência semelhantes à fibra óptica, sem a necessidade de cabeamento e instalação na última milha (last mile).

CNI - Falando da vida cotidiana, como você acha que a chegada do 5G vai impactar no dia a dia das pessoas?   

LUIZ TONISI - O 5G vai impactar todas as esferas da sociedade. Pense em um mundo onde não apenas as pessoas, mas todos os objetos estarão conectados: veículos autônomos se comunicarão com rodovias inteligentes, permitindo viajar com segurança; câmeras de vigilância terão inteligência para detectar comportamentos suspeitos sem intervenção humana; alunos farão cursos baseados em realidade virtual, vivenciando experiências muito próximas daquelas que terão na realidade.

Tudo isso será possível porque o 5G foi concebido para conectar à nuvem os mais diversos dispositivos, como robôs e sensores que veremos nas indústrias. E a Qualcomm é parte ativa desta mudança que estamos vivendo. Nossas soluções de tecnologia inteligente já estão possibilitando a criação de uma nova geração de aplicativos e serviços baseados no poder da nuvem, seja ela pública ou privada. O 5G é parte fundamental para que esta transformação aconteça.
 
Na prática, o 5G já está impulsionando a transformação digital nas cidades. Recentemente, por exemplo, anunciamos uma colaboração entre a Qualcomm, a Nokia e a Juganu para a implementação de iluminação inteligente, inicialmente em cinco municípios do país, gerando economia e segurança por meio da tecnologia em um projeto inovador de Smart Cities. O projeto, chamado de Conecta 5G, tem o apoio das agências governamentais brasileiras ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) e utiliza uma luminária inteligente equipada com uma antena 5G e tecnologia da Qualcomm, permitindo aos municípios criar sua própria infraestrutura de redes 5G e oferecer conexão rápida para a população. Neste primeiro momento, Curitiba, PR; Ceará-Mirim, RN; Petrolina, PE; Araguaína, TO; e Jaraguá do Sul, SC serão contemplados com a tecnologia.
 
O 5G também abrirá caminho para novos conceitos tecnológicos, como o Metaverso, ambiente que combina realidade aumentada e virtual e que deve se popularizar bastante daqui para a frente. A Qualcomm já fornece há vários anos soluções para dispositivos de realidade aumentada e virtual (XR), e a tecnologia 5G, com sua alta velocidade e baixa latência, será fundamental para as experiências no Metaverso. Em dezembro, durante o Snapdragon Tech Summit, evento anual da Qualcomm, apresentamos uma colaboração com a Microsoft para expandir e acelerar a adoção da realidade aumentada, que irá desenvolver chips para permitir uma nova onda de óculos de AR, leves e eficientes em termos de energia, gerando experiências imersivas para os usuários do Metaverso.

CNI - Muito se falou sobre o fato de a pandemia ter acelerado processos de digitalização. Para o senhor, qual foi a influência da Covid-19 nesse processo?

LUIS TONISI - A pandemia acelerou a transformação digital das empresas, impulsionou a conectividade doméstica e criou a consciência de que a conectividade é essencial para praticamente todos os aspectos de nossas vidas. Hoje, as pessoas já têm acesso a benefícios que teriam levado cinco, até dez anos, para serem desenvolvidos em circunstâncias diferentes.

Por exemplo, com a casa se tornando o novo escritório, os usuários estão percebendo os benefícios de ter um bom Wi-Fi residencial, como o Wi-Fi 6 e, eventualmente, o Wi-Fi 6E, tecnologia no novo espectro de Wi-Fi que oferece uma experiência muito mais eficiente e confiável para trabalhar, estudar, jogar ou se comunicar.

CNI - As cadeias produtivas estão longe de voltar ao status pré-coronavírus. Como as empresas devem enfrentar esses desafios?  O senhor acha que isso pode fortalecer os processos de reindustrialização?

LUIS TONISI - A Covid-19 acelerou a demanda por componentes eletrônicos nos dois últimos anos. As vendas cresceram muito com o aumento da procura por equipamentos de Wi-Fi, casa conectada, celulares, computadores, fones de ouvido, entre outros. Antes da pandemia, muitas pessoas usavam um Wi-Fi “mais ou menos”. Com o isolamento e o aumento do home office e do ensino à distância, muita gente foi obrigada a fazer o upgrade de seus equipamentos domésticos para trabalho e educação, gerando uma grande demanda por semicondutores.

Acredito que com a chegada do 5G, essa demanda vai crescer ainda mais, já que os semicondutores são parte essencial dos produtos que suportam a tecnologia. Consequentemente será a retomada da indústria. A oferta por chips em 2021 melhorou em relação a 2020 e a situação deve melhorar ainda mais neste ano. Uma das estratégias da Qualcomm para suprir as demandas foi investir no aumento de capacidade de fornecedores. A empresa mudou os processos para permitir que um mesmo produto pudesse ser produzido em duas ou três fábricas diferentes.

Outras Notícias