O Conselho Consultivo do B20 Brasil - fórum empresarial do G20 - tratou a descarbonização, a bioeconomia e o desenvolvimento do mercado de carbono como elementos essenciais para ampliar a inserção competitiva do Brasil no mercado mundial. A pauta foi destacada, junto da transformação digital e do comércio mundial, na abertura do B20 Summit Brasil, nesta quinta-feira (24), pelo presidente do conselho e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. O tema integra uma declaração elaborada pelo grupo aos chefes de Estado. A plenária acontece em São Paulo e reúne líderes empresariais e autoridades do G20 para discutir as recomendações do B20 Brasil.
Segundo Alban, o tema ganha força levando em conta que o Brasil tem um enorme potencial para a produção de energia solar, eólica, biocombustíveis e outras fontes limpas, e reúne as condições ideais para desenvolver tecnologias e negócios inovadores nessa área e ser um dos líderes mundiais da economia de baixo carbono. O debate foi um dos principais do Conselho Consultivo, que discutiu também a transformação digital e o comércio mundial.
“O Brasil e o setor privado estão preparados para dar importantes contribuições ao debate global. Podemos transformar os desafios em oportunidades que acelerem o crescimento da economia e melhorem a qualidade de vida da população. A atuação do colegiado foi fundamental porque orientou as discussões para áreas em que o Brasil pode ajudar, de fato, a solucionar problemas de todo o mundo”, disse o presidente.
Uma das frentes do B20 Brasil, o Conselho Consultivo é composto por 15 líderes empresariais brasileiros que assessoram a liderança do fórum empresarial em aconselhamento estratégico e defesa junto a autoridades.
Diálogo entre setores público e privado é fundamental para fortalecer economias
Além do presidente Ricardo Alban, participaram da abertura do evento Dan Ioschpe, o sous-sherpa do G20 Brasil, ministro Felipe Hees; o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Jorge Lima; e o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Josué Gomes.
Segundo Ioschpe, os resultados do B20 Brasil ressaltam a relevância do diálogo entre setores público e privado. O chair do fórum empresarial enfatizou, ainda, que a expectativa a partir da elaboração das recomendações pelo setor privado é que transformem as economias globais e promovam um desenvolvimento mais justo e sustentável.
“Nosso objetivo não foi apenas abordar questões globais relevantes, mas garantir que as propostas fossem focadas, acionáveis e mensuráveis. Construímos as propostas com base em princípios sólidos para que cada sugestão se traduzisse em ações concretas e de impacto, e esperamos que a aplicação dessas recomendações fortaleça as economias do G20 e promova benefícios para todo o mundo”, disse.
O sous-sherpa do G20 Brasil, ministro Felipe Hees, também destacou a relevância do diálogo entre os setores e afirmou que os grupos de engajamento são essenciais neste processo. “O B20 é um dos grupos fundamentais do ecossistema G20. Nossa preocupação foi estreitar o canal com os grupos e isso foi feito por meio da criação de oportunidades de que os sherpas conversassem com esses grupos. As recomendações são uma mostra de que o aprimoramento desse canal de comunicação foi bem-sucedido e por si só já representa uma inovação”, comemorou.
O presidente da FIESP, Josué Gomes, e o secretário de desenvolvimento econômico de SP, Jorge Lima, também celebraram os esforços do B20 Brasil e a mobilização das agendas internacionais em prol do desenvolvimento econômico. “Mostra o interesse e engajamento do Brasil com causas mundiais. Mostramos a todos, brasileiros e estrangeiros, o quanto o país pode ajudar o mundo em termos de crescimento sustentável e inclusivo”, disse Josué Gomes.
Conselhos elaboraram declarações com temas estratégicos
Com objetivo de orientar as discussões para áreas com as quais o Brasil pode contribuir, de fato, a solucionar problemas globais, o conselho consultivo nacional elaborou uma declaração com os principais temas de interesse estratégico do país e dos demais membros do B20. A declaração elaborada pelo International Business Advocacy Caucus converge com o documento brasileiro no desejo de promover a colaboração entre os setores público e privado para uma visão partilhada de futuro próspero, sustentável e inclusivo.
Destaques da declaração brasileira:
- O uso inovador da biomassa pelo Brasil para gerar energia reforça o potencial de promover práticas energéticas renováveis e sustentáveis. O país pode se tornar um produtor líder de combustível de aviação sustentável, por exemplo;
- Desenvolver e reforçar os mecanismos regulamentares e de governança são fundamentais para aproveitar o potencial do Brasil de desenvolver um mercado de carbono promissor, assim como promover um novo ciclo econômico na floresta Amazónica e em outros biomas;
- O Brasil deve acelerar a produtividade e aumentar a competitividade por meio de parcerias público-privadas que impulsionam a inovação, o investimento, a colaboração e a concorrência leal;
- Para garantir que o Brasil aproveite as oportunidades e continue a desempenhar um papel significativo na construção de uma economia global mais resiliente, é essencial expandir o acesso aos mercados globais e, ao mesmo tempo, combater o aumento do protecionismo.
Destaques da declaração internacional:
- O G20 precisa liderar a transição repensando as fontes de energia, intensificando os esforços de preservação da natureza, aproveitando o potencial do Sul Global baseado na natureza e promovendo práticas sustentáveis;
- O G20 precisa garantir que as novas tecnologias sustentáveis sejam adotadas, apesar das capacidades econômicas divergentes, para melhorar a eficiência, a produtividade e as técnicas para enfrentar os desafios ambientais;
- O G20 deve assegurar que os benefícios das transições cheguem a todos, por meio da requalificação e da melhoria da força de trabalho, do apoio ao desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas, da transição da informalidade para a formalidade e da capacitação de grupos subrepresentados;
- O G20 deve criar e fortalecer políticas que promovam o empreendedorismo e um ambiente empresarial propício ao crescimento, à prosperidade e à inovação, priorizando a inclusão e a igualdade de gênero;
- O G20 precisa estabelecer políticas jurídicas transparentes, aplicadas e previsíveis que minimizem os encargos administrativos para as empresas, promovendo também uma liderança responsável.
O B20 Brasil 2024
O B20 é o fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20, mobilizando mais de mil representantes do setor privado dos países membros. A edição brasileira reúne sete forças-tarefas e um conselho de ação. Os grupos de trabalho são formados por empresários do Brasil e estrangeiros que debateram, desde o início do ano, propostas de temas urgentes: Comércio e Investimento, Finanças e Infraestrutura, Emprego e Educação, Transição Energética e Clima, Transformação Digital, Integridade e Compliance, Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura, além do Conselho de ação Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios.
O B20 Summit Brasil está sendo realizado no Clube Monte Líbano, em São Paulo, e tem o patrocínio da Sabic, Aramco, Equinor, Mastercard, JBS, Vrio-Sky, Google, BNDES, BRF- Marfrig, ABDI e Finep, além do apoio institucional do Sebrae e do Conselho do SESI.