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Big Data para preparar o futuro

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 02 de junho de 2022

CNI lança Observatório Nacional da Indústria para integrar bases estaduais e subsidiar estratégias do setor produtivo


As boas experiências de observatórios como os do Ceará, do Paraná e de Santa Catarina serviram de referência para a criação desse hub nacional

Analisar dados e construir cenários para subsidiar decisões estratégicas é cada vez mais importante para manter a competitividade da indústria. Para ajudar os industriais brasileiros nessa área, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou, em maio, o Observatório Nacional da Indústria.

“Ele surge com o papel não apenas de realizar estudos sobre o futuro da indústria, mas de também ser um hub de conexão com observatórios que estão nas federações”, explica Márcio Guerra Amorim, gerente-executivo do Observatório Nacional da Indústria.

Amorim diz que a ideia de ter um observatório com um olhar para o futuro surgiu em 2003, quando o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) criou a unidade de tendências e prospecção. Naquele momento, o grande desafio era trazer o aprendizado para os produtos e negócios da entidade, sobretudo no campo da educação profissional.

Desde então, foram desenvolvidas metodologias que se tornaram referências reconhecidas internacionalmente no campo de antecipação de mudança na educação profissional. Essas inovações, que já foram transferidas para mais de 20 países, têm como referência os conceitos de tecnologia emergente e mudanças organizacionais.

Mário Cezar de Aguiar (FIESC) diz que o Big Data permitirá o acompanhamento de indicadores relevantes para o desempenho da indústria

“Foram identificadas as tecnologias que já existiam no mercado, mas que tinham maior chance de difusão nos próximos anos. Depois, fazia-se uma análise de como essas tecnologias impactavam o mercado de trabalho”, explica Amorim.

O Observatório Nacional da Indústria surge com o objetivo de integrar trabalhos já realizados em algumas unidades da Federação. 

“Temos três observatórios que podem ser considerados mais maduros. São eles que têm nos apoiado muito na construção desse projeto maior, que é o Observatório Nacional da Indústria”, diz Amorim. 

Os observatórios citados por Márcio Amorim estão no Ceará, no Paraná e em Santa Catarina, mas Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Norte também já dispõem de unidades em funcionamento. Com quase 20 anos de atividade, o observatório do Paraná oferece produtos e serviços para atendimento de demandas de organizações, setores e territórios relativas às temáticas estratégicas para a economia, a sociedade e o governo. 

Marília de Souza, gerente-executiva do observatório da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), cita, por exemplo, o “Setores Portadores de Futuro”, que incentiva o desenvolvimento econômico estadual em períodos de, no mínimo, 10 anos.

Já o “Rotas Estratégicas”, explica Marília, planeja o caminho do desenvolvimento setorial, territorial, de ciência, tecnologia e inovação, em ciclos de 2 a 30 anos. O “Cidades Inovadoras” trabalha a preparação de longo prazo de municípios com o objetivo de dar longevidade a projetos estruturantes e alavancar o impacto nesses territórios, em períodos de 10 a 20 anos.


“A implementação de um observatório em nível nacional é um avanço institucional importante, que trará muitos benefícios para o Sistema Indústria ao difundir práticas e viabilizar o atendimento em rede para as federações dos estados”, analisa Marília.


Mário Cezar de Aguiar, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), afirma que será possível criar um sistema nacional de Big Data – que faz a análise e a interpretação de grandes volumes de dados a serem utilizados para tomada de decisões – permitindo o acompanhamento estruturado de indicadores relevantes para o desempenho da indústria e da economia do país.

“O Observatório Nacional irá estruturar uma rede de base nacional que permita o compartilhamento de experiências dos observatórios existentes no país, sinergia e otimização de recursos, além da disseminação de conhecimento para todas as unidades da Federação”, exemplifica. 

Aguiar observa que o trabalho em rede também será importante para fomentar o surgimento de novos observatórios e definir temas prioritários de estudos e análises para o empresário industrial. 

“A formação de um Observatório Nacional cria, ainda, a oportunidade de geração de negócios e novas receitas para o Sistema Indústria. Esses aspectos convergem para o fortalecimento da indústria brasileira, uma vez que o observatório dará apoio à tomada de decisão, com análise de indicadores, prospecção de cenários e acompanhamento de tendências”, argumenta.

Márcio Amorim explica que um dos pilares do Observatório Nacional é o Big Data cooperativo. De acordo com o gerente-executivo do projeto, o observatório está num processo de integrar, no Big Data, cerca de 160 bases de dados de temas de interesse da indústria. Os dados incluem dimensão econômica, mercado de trabalho, educação, tecnologia e inovação e saúde. Segundo ele, a expectativa é reduzir em 60% o tempo médio de realização de estudos. 


“Concentrando essas bases e possibilitando o acesso às federações e aos observatórios, os dados estarão organizados e acessíveis para que as federações possam desenvolver os seus estudos”, comenta.


Os dados serão organizados dentro de seis eixos: tecnologia e inovação, saúde, educação, trabalho, futuro da indústria e, por fim, indicadores setoriais. A partir disso, afirma Amorim, podem ser feitas reflexões sobre as principais alterações no campo da tecnologia e das mudanças do setor e sobre como isso impacta o setor e se desdobra nas estratégias, sobretudo de capacitação, formação de mão de obra e processo de manutenção das competências desses setores.

Em Santa Catarina, segundo Aguiar, o Observatório FIESC contribuirá para desenvolver modelos analíticos, prospectivos, estudos de tendências, planejamento estratégico e outros produtos de apoio à tomada de decisão pelos industriais. Além disso, atuará na mentoria para outras federações que queiram desenvolver observatórios, em um trabalho articulado pelo Observatório Nacional. 

“Com uma gestão mais eficiente e empresas mais competitivas, o trabalhador também se beneficia, pois o ambiente se torna mais inovador e sustentável”, afirma.

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