No quarto dia de atividades da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), o tema descarbonização foi um dos destaques com o lançamento do estudo Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira – roteiro para uma estratégia nacional.
Segundo o levantamento, até 2050 serão necessários cerca de R$ 40 bilhões para descarbonizar a indústria. Além disso, a maior parte dos setores estudados tem potencial de mitigação de emissão de gases de efeito estufa (GEE) nos médio e longo prazos, com destaque para cimento, siderurgia e alumínio. Na avaliação da CNI, o mercado de carbono é a ferramenta mais eficiente para que esses objetivos sejam cumpridos e o setor industrial alcance a neutralidade climática.
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“Uma política de precificação de carbono adequada ao país, que use as receitas para reduzir distorções da economia brasileira e incentive a criação de empregos, parece estar entre as melhores alternativas para o Brasil cumprir o Acordo de Paris sem prejuízo ao crescimento econômico e social”, explica o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.
Transição energética: combustíveis do futuro (e do presente)
O papel da produção de novos biocombustíveis e o potencial do etanol para a transição da matriz energética global foram outros temas discutidos no estande da CNI instalado na COP28. Duas indústrias apresentaram as soluções que vêm desenvolvendo e os resultados obtidos.
Líder na transição energética a partir do uso de matérias-primas inovadoras, a Acelen compartilhou a sua experiência com a produção de biocombustíveis a partir da macaúba, palmeira que tem sido bastante valorizada em função da facilidade de cultivo, que demanda pouca água, e da alta produtividade. O uso do óleo da planta como combustível reduz em 80% as emissões de gases de efeito estufa, se comparado ao uso de combustível fóssil.
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Extremamente versátil, a planta também desempenha importante papel na agricultura familiar e, com isso, além das vantagens ambientais, se destaca no aspecto econômico e social, com a criação de emprego e renda para famílias de pequenos produtores rurais.
Já o debate sobre o papel e o potencial do etanol na construção de uma nova matriz energética para o planeta foi conduzido pela Atvos, empresa com capacidade para produzir 2,9 bilhões de litros do combustível e que quer protagonizar a transição energética no Brasil e no mundo.
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Financiamento sustentável
Outro destaque foi o painel sobre financiamentos sustentáveis, que debateu a importância da medida para impulsionar cadeias produtivas que valorizem ações de descarbonização, uso sustentável de florestas nativas e modelos de negócios inovadores em bioeconomia.
De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), há no Brasil recursos suficientes para investimentos sustentáveis, mas é preciso que o sistema financeiro facilite o acesso a essas fontes e que o governo crie políticas para incentivar quem está disposto a investir.
Levantamento do Observatório Nacional da Indústria, hub de dados da CNI, identificou que, atualmente, há disponível mais de R$ 40 bilhões em fontes de financiamento para projetos na Amazônia Legal. O dado foi levantado a pedido do Instituto Amazônia+21 – organização da sociedade civil de iniciativa da CNI e da Ação Pró-Amazônia – e apresentado hoje na COP28.
“Queremos facilitar a relação entre as potencialidades econômicas sustentáveis presentes na Amazônia Legal brasileira e os tomadores de decisões”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero) e do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé.
A CNI sugere o estímulo ao financiamento climático como uma das recomendações para as negociações brasileiras na COP28 e propõe a discussão de uma nova meta climática com detalhes específicos, como cronograma, tipos de financiamento, instrumentos e fontes de acesso. A entidade também enfatiza a importância da equidade na agenda de mitigação e recomenda o desenvolvimento da Estratégia Nacional de Adaptação para orientar o processo e definir estratégias eficazes, incluindo o financiamento climático.
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A Indústria na COP28
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) participa, de 30 de novembro a 12 de dezembro, da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Na Conferência, a indústria vai defende o avanço na implementação do mercado global de carbono, a definição da estratégia de descarbonização da economia e trabalhará na mobilização dos países para o financiamento climático – medidas consideradas necessárias pelo setor para o desenvolvimento da agenda climática.
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