O governo dos Emirados Árabes Unidos afirmou à indústria brasileira que espera avançar nas parcerias em sustentabilidade e contar o apoio do setor na 28ª Conferência do Clima (COP28) da Organização das Nações Unidas (ONU), que será realizada no país entre novembro e dezembro. As declarações foram feitas pela ministra de Cooperação Internacional dos Emirados, Reem Al Hashemi, e pelo diretor-geral da conferência, Majid Al Suwaidi, durante o Encontro Econômico Brasil-Emirados Árabes Unidos, realizado na Confedereção Nacional da Indústria (CNI), nesta quinta-feira (15).
“Espero que nossas equipes e setores privados pensem na COP28 como um marco de partida para a COP30, que será realizada no Brasil, considerando ações e soluções baseadas no meio ambiente, na transição energética focada em processos justos, na importância dos povos indígenas e na saúde deles, em uma cooperação verdadeira, que são as prioridades atuais da COP. Além dos governos, dependemos da inovação do setor privado e de seus negócios voltados a propósitos”, disse a ministra Reem Al Hashemi.
O diretor-geral da COP28 também acredita na união das nações para atingir as metas relacionadas à sustentabilidade global. Majid Al Suwaidi ressaltou que o país atua para que esta edição da conferência seja diferente, com avanços mais efetivos no que diz respeito ao enfrentamento das mudanças climáticas. Para o diplomata, é preciso adotar um modelo mundial que envolva os setores público e privado para atingir a meta de reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa.
“Precisamos avançar em diversos fatores e só podemos fazer isso incluindo o setor industrial, a sociedade civil, os jovens. Estamos apostando no setor e pedimos que venham, participem e nos ajudem a entregar bons resultados. Precisamos do apoio do Brasil para estar lá conosco, para que possamos entregar o que precisamos. Acreditamos que, se conseguirmos fazer isso, teremos uma COP da qual nos orgulharemos”, afirmou Al Suwaidi.
Indústria brasileira levará propostas e soluções à COP28
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, compartilhou o entusiasmo da instituição em coordenar a missão empresarial brasileira aos Emirados Árabes para a COP28. Durante a conferência mundial, a entidade pretende apresentar projetos bem-sucedidos na área de sustentabilidade que poderão inspirar planos de empresas para a conservação do meio ambiente e para a descarbonização da economia.
“A indústria brasileira está comprometida em reduzir e neutralizar as emissões de gases de efeito estufa para contribuir com o esforço global de evitar o aquecimento do planeta”, afirmou Andrade.
Numa união de esforços global para acelerar as reduções de emissões de gases de efeito estufa e atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, a expectativa é que a COP28 receba delegações de 190 países. Assim como nos anos anteriores, a CNI estará no evento para apresentar e discutir propostas e soluções para que o Brasil consiga acelerar o processo de descarbonização da economia.
Sustentada em quatro pilares – transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal –, a estratégia do setor industrial tem obtido resultados importantes, especialmente em setores que são responsáveis por um grande volume de emissões, como o aço, alumínio, cimento, químico, vidro e papel e celulose.
Momento é propício para estreitar laços
Para Reem Al Hashemi, o encontro desta quinta-feira evidencia os esforços dos governos para estreitar os laços entre as duas nações. A ministra enfatizou que o bom relacionamento promove resultados positivos, como o crescimento do comércio não petrolífero em 32,1% em 2022 - atingindo um pouco mais de US$ 4 bilhões. O aumento, segundo ela, foiimpulsionado principalmente por maiores exportações e importações entre as duas economias.
“Neste contexto, os Emirados Árabes Unidos estão entusiasmados por ter acordos de parceria com o Mercosul, especialmente com a liderança do Brasil. Prevemos que esses números de comércio aumentem ainda mais”, afirmou a ministra de Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos.
Nos últimos anos, o dois países têm intensificado a aproximação em diversos setores. O presidente da CNI lembrou que, recentemente, o Congresso Nacional do Brasil aprovou dois acordos: um de cooperação e assistência mútua em matéria aduaneira e outro para a facilitação de investimentos entre os dois países. Uma vez promulgados, poderão ampliar o comércio e atender, com pragmatismo, às necessidades dos investidores, oferecendo garantias legais e mecanismos de solução de controvérsias.
“O comprometimento dos governos para melhorar o ambiente de negócios deve trazer resultados positivos para as relações comerciais bilaterais. Acreditamos que o momento é propício para avançarmos na cooperação e estreitarmos nossos laços econômicos e culturais, ampliando os ganhos mútuos que vêm sendo alcançados nos últimos anos”, declarou Andrade.
Encontro reuniu mais de 150 brasileiros e árabes
Com mais de 150 representantes das duas economias, entre integrantes do governo e do setor empresarial, o Encontro Econômico Brasil-Emirados Árabes Unidos foi uma iniciativa da instituição, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da Embaixada dos Emirados Árabes Unidos para aproximar os setores empresariais dos países.
Além do diretor-geral da COP28 e da ministra de Cooperação Internacional dos Emirados, participaram do evento o embaixador dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, Saleh Ahmad Salem Alzaraim Alsuwaidi, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, embaixador Osmar Chohfi, e representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), da Apex Brasil, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), além do empresariado brasileiro e árabe.
Durante o encontro, foram realizados dois painéis com temas como as oportunidades de investimento em pesquisa e inovação, as parcerias internacionais para projetos de cooperação tecnológica do SENAI, os mecanismos dos Emirados Árabes Unidos que podem fomentar a inovação e a tecnologia para a sustentabilidade no Brasil e as possibilidades de ampliar a produção de produtos agropecuários brasileiros garantindo a preservação ambiental.