Prestes a assumir a presidência do Brics – grupo econômico e político das maiores economias emergentes do mundo – em 2025, o Brasil participará da cúpula do bloco, em 23 de outubro, em Kazan, na Rússia, atual presidente do fórum. Os líderes empresariais brasileiros entregarão aos governantes uma lista de recomendações e prioridades do setor privado.
Esta será a primeira reunião após a entrada dos cinco novos membros no bloco, que agora reúne dez economias: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia.
Entre os fóruns do Brics estão a Aliança Empresarial de Mulheres do Brics (WBA) e o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics), mecanismos do setor privado compostos por representantes dos países membros. Enquanto a WBA quer promover a participação econômica feminina e fomentar a cooperação entre negócios liderados por mulheres, o Cebrics prevê a melhoria do ambiente de negócios e a promoção do comércio e dos investimentos entre os membros do Brics, por meio de sugestões de políticas públicas. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) exerce o secretariado-executivo das duas frentes.
“A colaboração e o intercâmbio de ideias são essenciais para o nosso crescimento e sucesso. Vamos continuar a construir essas pontes e a explorar novas oportunidades e sinergias, mostrando ao mundo o talento e a inovação das mulheres brasileiras. Juntas, podemos criar um futuro mais igualitário e próspero, não apenas para nós, mas para todas as mulheres dos países do Brics”, afirma a presidente da WBA Brasil e do Fórum Industrial da Mulher Empresária da CNI, Mônica Monteiro.
Mecanismos defendem nove recomendações para melhorar comércio
De acordo com dados levantados pela CNI com base no ComexStat, o comércio entre o Brasil e os países do Brics alcançou US$ 198 bilhões. Para melhorar o fluxo do comércio entre os membros do bloco, o setor produtivo brasileiro listou nove recomendações de ações prioritárias para a liderança do Brics.
- Promover a segurança alimentar nos países do grupo, por meio da adoção de práticas de agricultura inteligente climática e ambiental;
- Facilitar e promover o comércio agrícola entre os países do Brics, por meio do reconhecimento mútuo de padrões sanitários, veterinários e fitossanitários;
- Construir parcerias em tecnologias agrícolas inovadoras para a adoção de práticas de conservação de água e de aumento de produtividade;
- Desenvolver a infraestrutura de telecomunicação entre os países do Brics, por meio da implantação de rede de cabos submarinos;
- Avaliar a viabilidade de um fundo de financiamento no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) para pequenas e médias empresas (PMEs);
- Avaliar a viabilidade de implementar o BRICS PAY, projeto para estabelecer um sistema de pagamento internacional do Brics;
- Promover a troca de experiências regulatórias no campo de tecnologia digital e criar código de ética para o uso de inteligência artificial;
- Desenvolver em conjunto um atlas de habilidades profissionais para o setor energético do Brics, para endereçar as lacunas nas competências necessárias para novas vagas com foco na transição energética;
- Avaliar a viabilidade de criar fundo de financiamento no NDB para energia limpa (Brics Clear Energy Fund).
Presidência brasileira deve impulsionar agendas de cooperação
Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do Brics, seguindo o rodízio anual definido entre os membros. A expectativa é que a liderança brasileira impulsione as agendas de cooperação, com foco em prioridades nacionais como o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e a inovação tecnológica. À frente das discussões, será possível apresentar pautas de interesse do setor privado brasileiro, especialmente considerando o lançamento de políticas e programas relevantes para o setor produtivo, como o Novo PAC e o Nova Indústria Brasil (NIB).
Representante brasileiro do Cebrics, o vice-Presidente de Assuntos Corporativos, Jurídico e Compliance da BRF Brasil, Bruno Ferla, reconhece os esforços da gestão atual do bloco e ressalta o compromisso do Brasil de avançar de forma significativa em áreas cruciais para o crescimento sustentável e para a integração econômica dos países membros. “O Brasil dará continuidade a essas ações e garantirá que os progressos obtidos se tornem pilares para as ações que serão realizadas durante a presidência brasileira em 2025”, afirma.
Corrente de comércio Brasil-Rússia cresceu em 2023
A corrente de comércio entre o Brasil e a Rússia alcançou US$ 11,4 bilhões em 2023, o que representa um aumento de 15,7% em relação a 2022, quando o total foi de US$ 9,8 bilhões. Em 2023, as exportações brasileiras para a Rússia somaram US$ 1,3 bilhão, uma queda de 31,4% em relação a 2022, quando o valor foi de US$ 1,96 bilhão. Por outro lado, o Brasil importou US$ 10 bilhões em 2023, um aumento de 27,5% em relação ao ano anterior.