A cúpula do B20, em Nova Delhi, se encerrou com uma transmissão simbólica da presidência do Business 20 (B20) da Índia para o Brasil. A partir de dezembro, o principal foro empresarial das 20 maiores economias do mundo será presidido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que terá a missão de organizar o encontro que apresentará as recomendações de 2024 para os chefes de Estado do G20, formado pelas maiores economias do mundo.
Desta forma, caberá à CNI coordenar as forças-tarefa que constroem as propostas com os consensos e prioridades de políticas econômicas globais, que têm o objetivo de influenciar o G20. Neste mandato da Índia, os debates do B20 reuniram mais de 900 representantes empresariais para abordar temas como comércio e investimento, inovação e transformação digital, descarbonização, sustentabilidade, financiamento e o futuro do trabalho.
A sucessão simbólica foi feita por Natarajan Chandrasekaran, presidente do B20 Índia ao diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, que representou o presidente eleito Ricardo Alban, líder da delegação brasileira no B20. Em sua fala, Lucchesi destacou o engajamento das empresas brasileiras – Embraer, Natura, Tupy, Raízen, Cedro Têxtil, Marcopolo, Klabin e Siemens participaram das forças-tarefas e conselhos de ação – no diálogo empresarial.
"Estamos totalmente comprometidos em liderar um processo transformador no B20 Brasil, centrado na entrega de recomendações concretas e factíveis para o G20. Um ecossistema empresarial dinâmico, sustentável e inclusivo é essencial para endereçarmos os urgentes de nosso presente. Estamos determinados em conduzir o B20 nesta direção", afirmou Lucchesi.
As contribuições da indústria ao B20
A CNI acompanha os trabalhos do B20 desde 2010 e, desde então, trabalha para representar os interesses do setor privado para contribuir com o posicionamento brasileiro em temas estratégicos na agenda de políticas públicas das maiores economias do mundo. No B20 presidido pela Índia, a indústria brasileira foi representada, em alto nível, por nove vice-presidentes de forças-tarefas e conselhos de ação temáticos. São eles:
Cadeias Globais de Valor Inclusivas para um Comércio e Investimentos Globais Resilientes
Vice-presidente: Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer
Futuro do Trabalho, Capacitação e Mobilidade
Vice-presidente: Marco Antônio Branquinho, CEO da Cedro Têxtil
Energia, Mudança Climática e Eficiência de Recursos
Vice-presidente: Ricardo Mussa, CEO da Raízen
Vice-presidente: Luís Felipe Gatto Mosquera, VP da Siemens
Financiamento para Recuperação Econômica Global
Marcos Paulo Conde Ivo, CFO da Klabin
Vice-presidente: Fernando de Rizzo, CEO da Tupy
Conselho de Ação "ESG em Empresas"
Vice-presidente: Marcelo Behar, VP de Sustentabilidade da Natura
Conselho de Ação "Integração Econômica Africana: Uma Agenda para o Comércio Global"
Vice-presidente: Mauro Bellini, presidente do Conselho de Diretores da Marcopolo
Indústria defende ratificação de acordos para dinamizar relações com Índia
Quinta maior economia do mundo e com uma corrente de comércio de US$ 15 bilhões (2022) com o Brasil, a Índia pode ser um parceiro econômico ainda mais relevante para a indústria brasileira. Para dinamizar as relações econômicas entre os países, a CNI aproveitou o encontro do B20 para reforçar a defesa junto ao governo brasileiro pela ratificação de dois acordos bilaterais, que aguardam aprovação do Congresso Nacional.
Assinado em janeiro de 2020, o Acordo de Comércio de Facilitação de Investimentos - já ratificado pela Índia - melhora o ambiente de negócios para investidores de ambos os lados ao dar maior previsibilidade e segurança jurídica para as operações do setor privado. Já o previdenciário representaria redução de custos para as empresas em suas contribuições, hoje feitas em duplicidade, para os sistemas previdenciários dos dois países.
A defesa foi reforçada pela delegação brasileira no B20, em reunião com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, e a secretária de Comércio Exterior da pasta, Tatiana Prazeres, no sábado (26), na Índia. Durante o B20, executivos da indústria buscaram aprofundar parcerias econômicas e prospectar negócios com o país asiático.
A relação econômica Brasil-Índia
O comércio de bens entre Brasil e Índia ganhou relevância, com ambos os países aumentando sua importância como fornecedor externo para o parceiro. A participação do Brasil nas importações do país asiático aumentou de 0,4% para 1,0% entre 2008 e 2022, enquanto a participação indiana aumentou de 2,0% para 3,3% no mesmo período. Em 2022, a Índia foi a 5a principal fornecedora para o Brasil, ficando em segunda entre os países asiáticos, atrás apenas da China. Já o Brasil foi o 25o principal fornecedor da Índia no último ano, sendo o primeiro latino-americano no ranking.
A corrente de comércio, exportações e importações do Brasil com a Índia, foram recorde em 2022. As exportações totalizaram US$ 6,3 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 8,8 bilhões. Esse resultado foi impulsionado pelas exportações de óleos e gorduras vegetais e animais e pelas importações de produtos de petróleo refinado.