Os seis setores da indústria que mais consomem energia, os chamados energointensivos, participarão até junho de um ciclo de workshops, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), para a elaboração da Estratégia Nacional de Descarbonização da Indústria.
Nesta quarta-feira (22), representantes de indústrias de cimento apresentaram seus avanços na agenda de descarbonização e os desafios enfrentados para avançar ainda mais nessa agenda.
Nos dias 23 de maio e 3 e 4 de junho, será a vez dos setores de alumínio, vidro, papel e celulose, químico e aço. Os workshops são ações do CNDI em parceria com o Grupo de Trabalho (GT) do Plano Setorial da Indústria do Plano Clima, implementado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), para a construção da Estrategia Nacional de Descarbonização. O documento subsidiará o Plano Setorial de Mitigação da Indústria.
“Estamos empenhados em elaborar, junto com o MDIC e esses setores industriais, a estratégia de descarbonização. Esse documento será um orientador para que o Brasil incremente a produção industrial, de forma competitiva e com redução proporcional de suas emissões de gases de efeito estufa”, explicou a a gerente de clima e energia da CNI, Juliana Falcão.
A previsão é que a Estratégia Nacional de Descarbonização da Indústria seja apresentada até novembro de 2024 e integre o Plano Nacional de Mudança do Clima.
“Ao definir as metas setoriais, atenderemos às exigências do mercado e ajudando a limitar as mudanças climáticas. Quanto mais a indústria brasileira diminuir suas emissões, mais competitiva será”, disse o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Rodrigo Rollemberg.
Cimento
Depois da água, o concreto é o material mais usado no mundo, feito de uma mistura de água, areia, cascalho e cimento. E a indústria de cimento produz 7% das emissões globais de carbono – o triplo das emissões do setor de aviação, por exemplo. Apesar disso, no Brasil, o setor emite apenas 2,3% do volume de CO2 lançado na atmosfera.
Presente no workshop, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Paulo Camillo Penna, afirmou que a indústria cimenteira nacional tem a meta de reduzir em 33% suas emissões até 2050: “Isso evitará a emissão de 420 milhões de toneladas de CO2”.
Camilo Penna apontou também que, em 2022, o setor antecipou a meta de substituir em 30% o coque de petróleo – principal combustível para os fornos das cimenteiras – por biomassa e resíduos industriais, comerciais e residenciais. A previsão inicial era atingir esse índice em 2025. E, até 2050, os fabricantes de cimento esperam que o percentual de biomassa na produção seja de 55%.