A integração da biodiversidade aos negócios é uma realidade para mais da metade das indústrias no Brasil, mostra uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Lançada na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), em Cali, na Colômbia, os resultados também estão sendo levados à Conferência do Clima, que começa hoje (11) em Baku, no Azerbaijão.
O levantamento com mais de 1,5 mil indústrias de transformação e extrativas dá conta de que seis em cada dez empresas adotam práticas relacionadas à biodiversidade nos negócios (58%), como tecnologias, certificações e uso sustentável de recursos.
Quando questionados, os entrevistados afirmaram que as principais medidas adotadas são:
- adoção de tecnologias sustentáveis (35%);
- certificações ambientais (32%); e
- uso sustentável de recursos biológicos (29%).
A pesquisa mostra que quanto maior o porte da indústria, maior é a integração da biodiversidade aos negócios. A porcentagem poderia ser maior não fosse o custo de implementação de práticas sustentáveis, principal barreira citada pelas empresas (28%), seguida de falta de incentivos governamentais (24%) e de dificuldades regulatórias ou legais (19%).
Confira um resumo dos principais pontos da pesquisa:
Sondagem especial sobre biodiversidade.pdf(716,2 KB)
Empresários percebem benefícios à imagem ao usar biodiversidade
Quando se trata dos benefícios, 35% das indústrias disseram que o principal benefício de integrar a biodiversidade aos negócios é melhorar a imagem das empresas. Em seguida, indicaram o cumprimento de requisitos legais ou regulatórios (31%).
“O Fórum Econômico Mundial aponta que a perda da biodiversidade está entre os maiores riscos de longo prazo para a economia e a sociedade. Nesse sentido, percebe-se um movimento global para que os negócios, em diferentes setores econômicos, estejam orientados pela sustentabilidade. A indústria brasileira se mostra alinhada a essa tendência há anos”, afirma o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.
Retornos econômicos
A pesquisa revelou também que 55% dos respondentes concordam total ou parcialmente que investir em práticas de conservação, recuperação e uso sustentável da biodiversidade atrai consumidores e investidores. E 45% das indústrias no país têm um plano futuro para a biodiversidade. Entre as ações previstas, as principais são:
- conscientização e educação ambiental (29%);
- certificações relacionadas à biodiversidade (16%) e;
- inclusão da biodiversidade nas políticas e estratégias da empresa (15%).
Para ter ideia da capacidade da integração da biodiversidade às empresas, o levantamento aponta que 20% das indústrias brasileiras ouvidas fabricam insumos ou produtos que incluem recursos vegetais, animais ou microrganismos na formulação. Dentre estes, 76% dizem que o recurso contribui para as características funcionais do produto.
Bioeconomia pode adicionar US$ 284 bi por ano ao faturamento da indústria
Quando abordamos especificamente o potencial da bioeconomia nos negócios, em 2016, o valor das vendas atribuíveis a essa atividade chegou a US$ 285,9 bilhões no Brasil, o equivalente a 13,8% do PIB, segundo estudo do BNDES.
E esse número pode ser ainda maior. A bioeconomia pode adicionar US$ 284 bilhões por ano até 2050 no faturamento industrial brasileiro, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) em estudo feito com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
“O Brasil é o país mais biodiverso do mundo, com mais de 20% do número total de espécies da Terra. Por isso, temos a chance de ser protagonista na agenda da bioeconomia, que pode, inclusive, ser um dos motores da neoindustrialização brasileira, com sustentabilidade, alta na competitividade e justa repartição de benefícios”, destaca o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.
Participação da CNI na COP29
De 11 a 22 de novembro, diplomatas, especialistas e representantes de organizações não governamentais, e dos setores público e privado estarão reunidos na 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29), em Baku, no Azerbaijão, em busca de soluções para a crise climática. A CNI tem um estande próprio para apresentar as iniciativas da indústria para tornar o setor cada vez mais sustentável.
O espaço de 200 m², na zona verde, vai sediar debates, painéis e apresentações de empresas convidadas e parceiras. São mais de 60 atividades previstas, em que serão discutidos temas como financiamento climático, adaptação, mitigação, mercado de carbono, transição energética, economia circular e bioeconomia. A abertura oficial do estande será nesta terça-feira (12).