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Conselho Industrial do Mercosul lista prioridades para governos

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 27 de novembro de 2023

A conclusão do acordo Mercosul-União Europeia e a implementação do acordo de facilitação de comércio do grupo econômico estão entre as medidas apontadas como fundamentais pelos setores privados


Declaração conjunta do setor privado no Mercosul foi apresentada durante o XI Fórum Empresarial do Mercosul, principal evento prévio à cúpula do bloco, promovido pela CNI e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Os setores industriais dos países membros do Mercosul apresentaram aos governos, nesta segunda-feira (27), um documento com as medidas prioritárias para a agenda do bloco. A implementação do Acordo de Facilitação de Comércio do Mercosul e a conclusão do acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia estão entre as ações elencadas pelo Conselho Industrial do Mercosul – formado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pela União Industrial Argentina (UIA), pela União Industrial Paraguaia (UIP) e pela Câmara de Indústrias do Uruguai (CIU).

A declaração conjunta foi apresentada durante o XI Fórum Empresarial do Mercosul, principal evento prévio à cúpula do bloco, promovido pela CNI e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). O encontro, realizado em meio à presidência temporária do Brasil no bloco, foi palco de debate sobre os desafios e as oportunidades em comércio e sustentabilidade, empreendedorismo feminino no Mercosul e integração produtiva no grupo econômico.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, a presidência temporária do Brasil no Mercosul é uma oportunidade para que o país fortaleça a agenda econômica e comercial interna do bloco e avance no relacionamento externo, melhorando o desenvolvimento econômico do Brasil.


"A parceria econômica com o Mercosul é fundamental para o Brasil e tem papel estratégico no processo de fortalecimento da indústria nacional", avalia Alban. "Na agenda externa, uma das principais recomendações que defendemos em conjunto com o setor produtivo dos países sócios do bloco é a conclusão do Acordo de Associação Mercosul-União Europeia, uma oportunidade que não podemos perder se quisermos de fato dar um salto na inserção competitiva das nossas economias", afirma o presidente.


Fortalecimento do Mercosul é fundamental para parceria estratégica

Na declaração conjunta para os governos do bloco, o Conselho Industrial do Mercosul ressalta a importância da cooperação com as agendas consideradas fundamentais para o setor industrial, além de firmar o compromisso de colaborar ativamente com o desenvolvimento do Mercosul para estimular o crescimento econômico sustentado e aprofundar ainda mais a parceria estratégica entre os países da região.

"O Mercosul tem importante papel no desenvolvimento econômico e social do Brasil. Por exemplo, cada R$ 1 bilhão exportado pelo país para o Mercosul, em 2022, gerou quase 25 mil empregos e mais de R$ 550 milhões em renda na economia brasileira", afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI, Rafael Lucchesi. "Os desafios e  oportunidades que nossos países tem de avançar na agenda da neoindustrialização, de desenvolvimento sustentável, e de inserção internacional estratégica serão melhor enfrentados com um Mercosul integrado e fortalecido do que com um bloco enfraquecido ou fragmentado”, completa Lucchesi.

Entenda as prioridades listadas pelo setor industrial:

1) Implementação do Acordo de Facilitação de Comércio do Mercosul

Assinado em 2019, o acordo deve desburocratizar os procedimentos de exportação, importação e trânsito de mercadorias, reduzindo obstáculos desnecessários que prejudicam os fluxos comerciais intrabloco e impedem o pleno aproveitamento dos benefícios da integração regional. O Conselho acredita em uma iniciativa regional, baseada em um esforço conjunto dos setores público e privado, para promover e criar uma gestão coordenada das fronteiras.

2) Concluir o acordo Mercosul-União Europeia

Há oportunidade de construir uma associação birregional moderna, alinhada com os compromissos internacionais assumidos por cada país no que diz respeito a desenvolvimento sustentável, que contribuirá para aumentar o comércio, favorecer os investimentos e estimular a inovação e a capacidade produtiva.

3) Promover a agenda de comércio e sustentabilidade do Mercosul

Em resposta às medidas de sustentabilidade que podem impactar o comércio internacional, as entidades industriais do bloco apontam que o Mercosul deve intensificar o diálogo e propor ações transversais e coordenadas no âmbito do Grupo Ad Hoc sobre Comércio e Desenvolvimento Sustentável. Também é importante abordar as questões ambientais de forma que não envolva barreiras comerciais e que sejam cumpridos os compromissos globais relativos aos fluxos financeiros para estes fins.

4) Realizar progressos na convergência regulamentar

É necessário que a integração dos países do bloco avance com critérios comuns, reconhecimento mútuo de certificações, registros e autorizações de produtos, para favorecer a integração produtiva e o comércio, simplificando o cumprimento dos requisitos técnicos e sanitários e reduzindo a burocracia e as formalidades que, em muitos casos, criam obstáculos ao comércio, à logística e à integração das cadeias de valor regionais, especialmente para as pequenas e médias empresas.

5) Institucionalizar um mecanismo de diálogo formal com o setor produtivo

Em meio à intensa transformação da economia global, é essencial criar um mecanismo permanente de diálogo entre os representantes da indústria do Mercosul e os governos dos países membros, para promover um amplo debate sobre políticas e fortalecer estratégias que promovam a integração produtiva e a inserção internacional competitiva do setor produtivo.

Confira a íntegra da declaração conjunta do Conselho Industrial do Mercosul

27 11 - Declaração-Conjunta Conselho Industrial do Mercosul.pdf(164,5 KB)

Alckmin pede apoio da indústria para fortalecer Mercosul

Em participação por vídeo, durante a abertura do XI Fórum Empresarial do Mercosul, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou os esforços do governo brasileiro pelo Mercosul e ressaltou a importância do apoio dos setores privados. “No Mercosul ainda podemos fazer muito mais para aumentar o comércio e a integração física entre os países membros. Juntos podemos crescer mais e melhor, e precisamos do apoio de vocês pra fortalecer o bloco”, disse.

Participaram da abertura do evento, ainda, o presidente da UIA, Daniel Funes; o presidente da UIP, Enrique Duarte; o presidente da CIU, Fernando Pache; e secretária da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Gisela Padovan.

Impacto do comércio com o bloco na economia brasileira

O Mercosul é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. As exportações têm grande participação da indústria de transformação, especialmente de bens de consumo duráveis de bens de capital. Em 2022, o bloco foi o principal destino das exportações brasileiras desses produtos.

Acordo Mercosul-UE é prioridade para mais de 75% da indústria

Divulgada pela CNI neste mês, uma consulta com associações empresariais de indústria e empresas brasileiras mostra que o setor privado brasileiro tem agenda para fortalecer e ampliar o Mercosul: 78% das entidades setoriais e 76% das empresas avaliam que, na agenda externa, a prioridade deve ser a conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia. Além disso, o comércio de bens e facilitação de comércio foram os principais temas indicados pelas entidades e empresas para aprofundar e modernizar a agenda intrabloco.

  • Clique aqui para ler mais sobre a consulta.

O acordo Mercosul-Canadá também foi apontado como prioridade pela maioria dos respondentes, indicado por 59% das entidades e por 51% das empresas. Ao todo, 104 entidades e 222 empresas brasileiras foram ouvidas sobre as principais ações necessárias ao bloco durante a gestão brasileira.

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