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Crédito é a maior necessidade das empresas durante a pandemia

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 17 de julho de 2020

Robson Braga de Andrade, defende a reabertura da economia

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defende que a reabertura da economia em meio à pandemia da Covid-19, algo que já está ocorrendo em todo o país, deve levar em consideração a realidade sanitária de cada local e as especificidades dos setores econômicos.

“Essas decisões, desde que implementadas de forma segura, são cruciais para garantir saúde, emprego e renda para os trabalhadores”, disse Robson, em entrevista a O Antagonista.

Sobre a retomada econômica pós-pandemia, Andrade disse não ser “catastrófico”, nem “excessivamente otimista”. Ele comentou também as iniciativas do governo federal em socorro às empresas e a expectativa de demissões em massa que havia no início da pandemia.

Confira a entrevista completa a seguir:

O ANTAGONISTA - Qual será o tamanho da crise econômica pós-pandemia? O senhor está entre os catastróficos ou entre os que apostam em recuperação rápida depois do baque?

ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Não me cabe ser catastrófico ou excessivamente otimista. Estamos vivendo um momento crítico tanto para o Brasil quanto para o mundo, mas principalmente no Brasil. O coronavírus provocou um abalo de proporções inéditas na vida das pessoas e na economia global. Mas o ser humano é resistente e venceu outras crises ao longo de sua história. A indústria brasileira e seus representantes não têm dúvidas de que, com trabalho árduo, planejamento e investimentos em ciência e tecnologia, a pandemia de Covid-19 será contida. Pouco a pouco, com responsabilidade, compromisso com a vida e determinação no que precisa ser feito, seremos capazes de reconquistar o terreno perdido na economia e de voltar a crescer.

O ANTAGONISTA - A reabertura das atividades econômicas neste momento em que ainda não se observa o tal “achatamento da curva” tem sido bastante criticada, principalmente por profissionais de saúde. O senhor apoia a reabertura neste momento, mesmo que gradual e com todos os cuidados?

ROBSON BRAGA DE ANDRADE - As primeiras iniciativas para a retomada gradual da atividade já estão sendo concretizadas pelos governos e pela iniciativa privada, num planejamento que deve levar em consideração a realidade sanitária de cada local e as especificidades dos setores econômicos. Conforme os avanços e os recuos da doença nas cidades, os governos estaduais e as prefeituras têm autorizado a reabertura progressiva de segmentos do comércio e dos serviços, o que vem levando as pessoas de volta ao trabalho e ao consumo. Essas decisões, desde que implementadas de forma segura, são cruciais para garantir saúde, emprego e renda para os trabalhadores.

As indústrias brasileiras estão adaptando seus processos produtivos. As fábricas se organizaram em turnos de trabalho, reforçaram as medidas de higiene e de prevenção, forneceram equipamentos necessários à proteção da saúde dos operários e tornaram corriqueiros atos como a medição de temperatura, um maior distanciamento entre os funcionários e o monitoramento médico de eventuais sintomas. Os protocolos das indústrias para a retomada da atividade estão de acordo com as melhores práticas internacionais, verificadas em países que já enfrentaram a fase em que o Brasil se encontra hoje.

O ANTAGONISTA - As medidas do governo federal até aqui têm sido satisfatórias? O dinheiro liberado para socorrer as empresas está chegando?

ROBSON BRAGA DE ANDRADE - O que as empresas mais necessitam neste momento é de crédito. Mais de 90% delas são micro e pequenas e, por isso, não têm musculatura para aguentar crises como esta. O enfrentamento dos impactos devastadores da pandemia da Covid-19 exige medidas robustas para garantir a sobrevivência de milhares de empreendimentos e a manutenção de milhões de empregos. A principal delas é a facilitação do acesso ao crédito. Diante do aumento dos riscos, as instituições financeiras se retraíram. Por isso, é necessária a adoção de medidas extremas, para fazer com que o crédito, de fato, chegue às empresas a um custo baixo. Uma das alternativas é o Tesouro Nacional assumir parte do risco dos financiamentos, como ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Este é o único modo de evitar falências e o aumento ainda maior do desemprego.

Além disso, uma forma eficiente de fazer com que os recursos públicos cheguem ao caixa das empresas é a permissão para que prejuízos fiscais contabilizados durante o período de calamidade pública sejam compensados com lucros registrados nos últimos dois anos. Com isso, elas terão restituição do Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) já pagos no período, para reforçar o caixa. Trata-se apenas de uma alteração temporal no momento do uso do prejuízo fiscal, que seria compensado com lucros a serem obtidos no futuro.

O ANTAGONISTA - No início da pandemia, se previa que nas semanas seguintes pudessem começar a ocorrer demissões em massa. Isso se confirmou ou a maior parte das empresas tem conseguido se adaptar ao “novo normal” sem precisar mandar muita gente embora?

ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Uma pesquisa da CNI mostra que apenas 13% das empresas do setor não sentiram efeitos econômicos negativos da pandemia, enquanto 84% foram prejudicadas. Apesar disso, de acordo com os Indicadores Industriais de maio, o emprego teve uma variação negativa de 0,8%. Dados oficiais do governo mostram que não houve uma disparada no desemprego. Além disso, as medidas trabalhistas emergenciais, adotadas pelo Brasil, possibilitaram a manutenção de milhares de empregos. Até o momento, são mais de 13 milhões de acordos assinados. Nenhum empresário gosta de demitir. A demissão é sempre o último recurso.

A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise

Acompanhe todas as notícias sobre as ações da indústria no combate ao coronavírus na página especial da Agência CNI de Notícias.

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