Até onde a robótica pode te levar? Soldando peças, mexendo com fiação elétrica e colocando a mão na massa. Esses foram os primeiros passos para Samara Vilar, de 31 anos, se apaixonar pelos robôs e pelas competições no começo do ensino médio. Naquela época, ela não imaginava os caminhos que a levariam a uma das melhores universidades do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Por gostar muito de física e matemática, a robótica despertou o interesse de Samara, que então decidiu participar do time do Colégio Marista Pio XII. A equipe - uma das mais tradicionais do Brasil, a 1156 Under Control - era formada por 12 integrantes, apenas ela e mais uma menina. Foi a robótica que deu um empurrãozinho para que ela escolhesse trabalhar na indústria, na área de engenharia química.
“Eu optei por essa área, porque eu gostava muito da parte industrial, petroquímica e de resolução de problemas. É a parte que faz mais sentido para mim”, justifica.
Um currículo inspirador
É só dar uma espiadinha no currículo da Samara para entender como a robótica, uma carreira bem sucedida na indústria e o MIT estão interligados. Em 2010, concluído o ensino médio, ela começou a graduação em Engenharia Química na PUC do Rio Grande do Sul. Até se graduar, estagiou na maior multinacional brasileira petroquímica e fez dois intercâmbios: um na Universidade de Rochester, nos EUA; e um na Universidade de Surrey, no Reino Unido.
Já trabalhando em outra multinacional, de processamento de alimentos, ela praticamente emendou uma pós-graduação na PUC do Paraná com o Master of Business Administration (MBA) na Universidade de São Paulo (USP). Um dos segredos foi sempre conciliar a trajetória acadêmica com a profissional.
Mestrado no MIT
Em 2020, Samara começou a realizar o seu grande sonho: fazer mestrado no MIT, uma das universidades mais renomadas dos Estados Unidos. Ela já tinha a experiência do MBA no Brasil e partiria para o novo desafio de fazer o mestrado em Supply Chain Management, que, basicamente, é o processo que envolve produção, logística e distribuição de um determinado produto.
“Esse mestrado é mais voltado para a área profissional, não é muito voltado para a parte acadêmica, o que para mim faz sentido, porque eu sempre gostei muito de ambiente corporativo”, destaca.
Samara fez 18 meses do curso online e, os últimos cinco meses que são presenciais, obrigatoriamente, ela pediu uma licença sabática do trabalho para finalizar o mestrado. “É a melhor escola de engenharia do mundo e a maior referência de engenharia nas universidades. Eu não poderia perder essa oportunidade”.
Por ser uma das melhores, não foi nada fácil entrar. A engenheira teve que comprovar um bom histórico de notas escolares e acadêmicas, ter 85% de suplly chain management, saber inglês, fazer redações, vídeo, ter cartas de recomendação e realizar uma prova.
Robótica que inspira e profissionaliza
Ao longo dos três anos que Samara passou na robótica, ela aprendeu muito mais que construir robôs. A jovem aprendeu a solucionar problemas, trabalhar em ambientes competitivos e a lidar com desafios do ambiente. Tudo isso ela conta que levou como bagagem para a sua rotina de trabalho.
“A robótica foi um marco muito importante, porque foi o primeiro contato que eu tive com trabalho em equipe. Quando você participa de um time, acaba lidando com pessoas diversas, nem todo mundo tem o mesmo perfil. Por mais que todos sejam engenheiros e voltados para a área de robótica, são pessoas com perfis muito diferentes, você acaba desenvolvendo um raciocínio lógico desde muito cedo, você aprende a trabalhar em equipe, em ambiente competitivos, acho um ponto positivo”, declara.
Samara começou trabalhando na atual empresa na área de processamento de óleos, como canola e soja. Hoje, morando em São Paulo, ela trabalha como suplly excellence e estratégia, área voltada para o gerenciamento da cadeira logística. A empresa faz, por exemplo, operações de fluxo logístico de um porto e Samara tem a função, juntamente com uma equipe, de realizar um projeto de melhoria dessa área.
Para o futuro, a engenheira sonha grande! Deseja ser diretora de uma multinacional e, para isso, busca ter conhecimento em todas as áreas do seu ramo. Por enquanto só faltam as comerciais.
As competições de robótica no Brasil
Desde 2012, o Serviço Social da Indústria (SESI) realiza as competições da organização internacional FIRST no Brasil. A operação do torneio começou com a modalidade iniciante, a FIRST LEGO League Challenge (FLL); incluiu a intermediária, FIRST Tech Challenge (FTC), em 2018; e, no ano passado, foi a estreia da categoria mais complexa, a FIRST Robotics Competition (FRC), com robôs de até 56 kg e 1,98 m. Quer saber mais? Confira a página da robótica do SESI.