Chris Moore, CEO da FIRST (For Inspiration and Recognition of Science and Technology), argumenta que o foco da organização está em preparar os estudantes para os desafios do futuro, que não se resumem ao acúmulo de conhecimentos técnicos e intelectuais.
Para ele, isso se relaciona à vocação do grupo para ajudar a criar um mundo melhor. “Queremos que todos os alunos entendam que são capazes de contribuir com soluções que tornem a vida melhor para os outros”, diz Moore.
A Revista Indústria Brasileira conversou com Chris Moore para falar sobre as habilidade ensinadas pelo programa da FIRST com os alunos de robótica. Confira:
REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Como o estudo de robótica pode ajudar os jovens em suas carreiras?
CHRIS MOORE - O fundador da FIRST, Dean Kamen, gosta de dizer que nosso ramo é construir crianças, não robôs. A FIRST não ensina apenas habilidades em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), mas também criatividade, solução de problemas, comunicação, liderança e resiliência.
Nossa missão é preparar os jovens para o futuro, e nós fazemos isso por meio de programas instigantes baseados em mentoria, que ajudam os jovens a aprender essas habilidades desde os 4 anos de idade.
REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Qual é o perfil dos mentores da FIRST?
CHRIS MOORE - Os mentores da FIRST, que oferecem seu tempo para orientar os alunos, vêm de todos os tipos de formação e os auxiliam não apenas nos nossos projetos, mas também dão orientações valiosas em relação às suas carreiras. Como adultos, podemos ajudar os estudantes a entender que há um lugar para todos no STEM e capacitá-los a atingir todo o seu potencial.
REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Os eventos organizados pela FIRST aumentam o interesse dos jovens por ciência, tecnologia, engenharia e matemática. É possível dizer que eles também contribuem com a resolução de problemas como a busca por maior eficiência energética, por exemplo?
CHRIS MOORE - Nossas competições anuais baseadas em robótica e pesquisa têm como tema diferentes problemas globais, a exemplo de energia, reciclagem ou transporte. Isso não apenas ajuda os alunos a testar suas habilidades STEM e interpessoais, mas os faz pensar em como a tecnologia pode resolver problemas críticos da comunidade, nacionais e globais.
Os alunos da FIRST sabem que não precisam esperar a entrada no mercado de trabalho para começar: vimos equipes adaptarem um robô de competição durante os primeiros dias da pandemia para entregar mantimentos aos vizinhos durante o distanciamento social, construírem para uma criança sua própria cadeira de rodas motorizada, criarem um chapéu movido a inteligência artificial para ajudar os deficientes visuais e muito mais.
REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Ensinar disciplinas de STEM de forma mais lúdica, por meio da robótica, também é uma forma de gerar mais interesse por tecnologia nas mulheres?
CHRIS MOORE - A FIRST acredita que há lugar para todos no STEM, e nosso programa é comprovadamente eficaz em aumentar o interesse dos alunos por esses assuntos e às carreiras relacionadas, especialmente entre mulheres jovens e aquelas de comunidades historicamente marginalizadas.
Capacitar mais estudantes do sexo feminino para ingressar em STEM tem menos a ver com o aspecto divertido da competição e mais com inclusão e representação. Acreditamos no poder da aliança para construir uma cultura que permita que a diversidade prospere.
REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Qual é a importância dos eventos de robótica no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como liderança, proatividade, investigação, resolução de problemas, pesquisa e tomada de decisões?
CHRIS MOORE - A robótica é um excelente veículo para a aprendizagem socioemocional, porque naturalmente estimula essas habilidades. À medida que o mundo evolui, é mais importante do que nunca ajudarmos os alunos a gerenciar seu comportamento e suas emoções, desenvolver consciência social e praticar a empatia.
Oferecemos recursos para apoiar pais, educadores e treinadores de equipes no desenvolvimento de jovens e, ao longo de nossos programas, ensinamos o conceito de “profissionalismo gracioso”: uma ideia que incentiva o trabalho de alta qualidade, enfatiza o valor dos outros e respeita os indivíduos e a comunidade em busca de uma vida significativa.
REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Que legado você considera mais especial na contribuição da FIRST?
CHRIS MOORE - Olhando de forma mais ampla, uma das minhas coisas favoritas sobre a FIRST é que, quando divulgamos nossos desafios anuais, as equipes de alunos produzem milhares de soluções exclusivas para um único problema – duas equipes não constroem exatamente o mesmo robô. Ver tantas formas distintas de pensar me dá grande otimismo para um futuro com os alunos da FIRST no comando.