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Empresas apostam em inovação aberta como estratégia competitiva

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 17 de julho de 2020

Pesquisa mostra que só 2 em cada 10 empresas têm programas de inovação

As parcerias entre empresas e startups, universidades e instituições de pesquisa são cada vez mais frequentes. Essa união, quando feita com a finalidade de inovar, é conhecida como inovação aberta. O conceito foi criado em 2003 pelo pesquisador Henry Chesbrough para descrever o compartilhamento de recursos e de conhecimentos internos de uma empresa a colaboradores externos, com o objetivo de acelerar o processo de inovação.

A inovação aberta já é realidade há duas décadas em países mais inovadores, como Estados Unidos, Israel e Alemanha, onde grande parte das universidades mantém departamentos dedicados a colaboração com empresas e transferência de tecnologia. No Brasil, a inovação aberta não é mais novidade no mercado, mas os casos de parcerias para inovações em processos e produtos ainda são tímidos, com mais frequência em grandes empresas.

De acordo com a diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, a inovação aberta será cada vez mais importante para as empresas inovarem no Brasil e no mundo, especialmente em meio à crise gerada pelo coronavírus e no momento pós-pandemia. Ela considera que as parcerias se mostram imprescindíveis neste período em que inovar com celeridade se tornou fator essencial para a sobrevivência de empresas.

“A jornada da inovação aberta é longa e arriscada, mas quando bem planejada resulta em retornos econômicos e estratégicos fundamentais para a sustentabilidade da empresa no longo prazo”, afirma a diretora da CNI.

Segundo ela, as startups têm um papel fundamental para a aceleração da inovação no país. “Está claro que a inovação corporativa realizada em conjunto com startups é uma alternativa viável de inovação rápida e com menores riscos associados ”, completa.

A fim de estimular a inovação aberta e a agenda de inovação no Brasil, a CNI firmou parceria, anunciada no último dia 1º de julho, com o SOSA. A empresa israelense desenvolveu uma das principais plataformas de inovação aberta no mundo, que hoje reúne mais de 15 mil startups prontas para gerar soluções para empresas e investidores em todo o mundo.

Com sede em Israel, um dos países mais inovadores do mundo, o SOSA conta com hubs de inovação em mercados estratégicos, como Nova Iorque e Londres. A parceria busca aproximar a indústria brasileira das startups nos ecossistemas mais inovadores do mundo e acelerar a inovação empresarial. As startups nacionais também podem acessar a plataforma e levar suas ideias para o mundo.

Só duas em cada dez empresas têm estratégia de inovação aberta no Brasil

Recente pesquisa da CNI, realizada pelo Instituto FSB Pesquisa junto a 402 médias e grandes empresas, revelou que só duas em cada dez empresas possuem programa ou estratégia de inovação aberta (30% entre as grandes empresas e 18% entre as médias). Nesse rol estão indústrias como a Natura e a Eurofarma.

Em entrevista à CNI, a gerente de Inovação da Natura, Marcela Martinelli, destacou que 90% dos projetos de tecnologia da empresa são realizados em parceria com agentes externos, sendo que na maior parte das vezes com mais de um parceiro.

Segundo ela, as parcerias são estratégicas para a aquisição acelerada de tecnologia e soluções para o desenvolvimento de novos ingredientes, materiais de embalagem e processos mais verdes para a produção de cosméticos. “O nosso principal desafio é encontrar as startups no timing certo, antes que outro encontre”, disse.

“Temos desenvolvido muitas parcerias, provas de conceito em conjunto e estamos dando suporte para que testem a solução dentro do nosso negócio. Estamos, com frequência, identificando oportunidades que façam sentido para nosso negócio”, acrescentou a gerente da Natura.

A gerente de Desenvolvimento Pré-Clínico da Eurofarma, Gabriela Barreiro, disse à CNI que a empresa do setor farmacêutico tem investido fortemente na busca por parceiros para a inovação. “Na parte de desenvolvimento de produtos, as parcerias são essenciais. Temos a consciência e humildade de entender que a gente não domina todas as áreas e que precisamos de outros players para avançar”, afirmou.

“Parceria permeia todas as áreas de inovação, principalmente com institutos de pesquisa e academia”, completou a gerente da Eurofarma.

Confira dicas para ampliar a inovação em sua empresa

A inovação realizada em conjunto com startups é uma alternativa rápida e com menores riscos associados. Entretanto, poucas parcerias firmadas trazem resultados efetivos ou são sustentáveis no longo prazo. Como estratégia para contornar os problemas mais corriqueiros em um processo de inovação aberta com startups é fundamental sinergia e coordenação entre os envolvidos, com transparência e identificação clara de quais indicadores de performance e resultados serão alcançados.


Em outra medida, é vital a definição clara do mandato da colaboração, dos objetivos, dos campos de pesquisa e desenvolvimento que serão objetos da inovação aberta. Dessa forma, a empresa tem a capacidade de mapear e organizar os processos internos que farão a interação direta com a startup, criando um ambiente organizacional ágil e facilitado.

A adoção de uma sistemática de fast track pode ser uma alternativa eficiente, para que a interação entre a empresa e a startup seja bem-sucedida e facilitada. Afinal, os recursos humanos e financeiros de uma startup são limitados quando comparados com o de uma empresa já estabelecida no mercado, e dependem de resultados operacionais e faturamento em um curto espaço de tempo.

Por fim, antes de iniciar qualquer estratégia de inovação aberta é importante que a empresa conheça suas próprias capacidades e pontos de melhoria em sua estratégia de inovação. A jornada da inovação aberta é longa e arriscada, mas quando bem planejada resulta em retornos econômicos e estratégicos fundamentais para a sustentabilidade da empresa no mercado no longo prazo.

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