O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou a importância da articulação entre os três níveis de governo – federal, estadual e municipal – e de parcerias para o Brasil superar problemas como o déficit de aprendizagem e a distorção idade-série. O chamado por união foi feito diante de secretários estaduais de Educação, de dirigentes e educadores do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), de representantes dos Institutos Federais e de organizações da sociedade civil.
O encontro ocorreu nesta quinta-feira (16), no Seminário Internacional SESI SENAI de Educação, que continua amanhã (17), em Brasília. Profissionais de educação e especialistas debateram políticas e experiências inovadoras na área educacional.
Santana destacou as pautas que devem ser trabalhadas pela pasta neste ano, como ampliar a escola em tempo integral, dobrar o número de matrículas na educação profissional, garantir a conectividade das escolas e que toda criança seja alfabetizada no tempo certo. Ele ressaltou a importância do coletivo para a construção de políticas fortes e organizadas, inclusive o fortalecimento da parceria com o SESI e o SENAI.
"Nós precisamos adaptar a escola à nova realidade do mundo, da tecnologia, das mudanças climáticas, transições energéticas e do mercado de trabalho. O jovem quer se preparar”, disse. “Nós precisamos construir isso juntos, porque ninguém faz nada sozinho.”
O diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, reforçou que a educação precisa estar centro do debate para o desenvolvimento social e econômico.
“Nós temos uma necessidade de pensar ao discutir uma escola que seja mais atrativa, interessante e conectada, mas que tenha um centro de diálogo para a cidadania a fim de resolver um grande problema de exclusão e pobreza”, ressaltou.
Lucchesi também lembrou da 5ª edição do Festival SESI de Robótica, que ocorre até sábado (18), também na Arena BRB Mané Garrincha, simultaneamente ao seminário. “O festival tem um significado extremamente importante no sentido de pensar a educação no século XXI”, resumiu.
Quais políticas educacionais são necessárias para o desenvolvimento do Brasil? Confira os destaques do painel!
Nuno Crato, ex-ministro da Educação e Ciência de Portugal
“Não podemos querer que os jovens sigam o mesmo percurso. Há jovens que querem fazer ensino artístico, há jovens que querem se preparar para entrar na universidade para serem engenheiros. Todos têm direito a ter sucesso, porque é o percurso que escolhem. Há jovens que querem ter ensino mais prático e técnico e temos que oferecer essa possibilidade para combater o insucesso escolar e manter os jovens na escola.”
Rafael Lucchesi, diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI
“As escolas do SESI e do SENAI são de excelência, mas elas existem para apoiar a competitividade da indústria brasileira. Quem vai trabalhar na indústria amanhã certamente está numa escola municipal. A minha visão é que a principal visão das entidades como SESI e SENAI é apoiar a educação brasileira majoritariamente pública e que deve continuar sendo. Eu defendo um Estado que tem um papel importante no resgate da dívida social brasileira e também numa agenda de competitividade e desenvolvimento econômico sustentável.”
Vitor de Ângelo, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
“Nas escolas públicas, lidamos com um perfil socioeconômico de estudantes que impõem uma preocupação ainda maior para além de ensinar e, portanto, para além de garantir a aprendizagem que é a diminuição da desigualdade. Tanto naquele universo sob o qual a gente tem governança, mas pensando no impacto disso a longo prazo para a desigualdade dos nossos estados e do país como um todo.”
Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação
“Se tem um elemento sem o qual não existe a menor possibilidade de a gente melhorar, garantir a aprendizagem, ter uma escola acolhedora e digna e que todo mundo se desenvolva em todas as dimensões, é o professor. O Todos pela Educação acabou de fazer uma pesquisa com 7 mil professores com amostragem estadual. Lá os professores estão falando: ‘formação 100% a distância da forma como o Brasil está fazendo - como formação inicial e continuada - não está funcionando para a minha profissão, que é complexa e difícil’. A formação na escola passa por uma série de experiências olho no olho e presenciais. O EAD tem espaço, mas tem que ser olhado como complemento, não essência.”
Pilar Lacerda, pesquisadora associada do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas (DGPE/FGV) no Rio de Janeiro
“Quanto mais escolarizada a família, principalmente a mãe, maior e mais sucesso a escolarização dos filhos. Eu acho que o que a gente fez no Brasil nos últimos 40 anos de inclusão, de muito mais crianças e jovens na escola, de uma nova discussão de educação infantil e até de chegar neste momento com a discussão do Novo Ensino Médio é um avanço.”
O debate continua amanhã!
O️ Seminário Internacional SESI SENAI de Educação continua nesta sexta-feira (17). A programação conta ainda com três debates sobre a escola como espaço de inovação e transformação, a educação Profissional e o futuro do trabalho, além da formação de professores como estratégia para uma educação de qualidade.
Alguns dos convidados e palestrantes são Luciano Sathler, reitor e membro do Conselho Deliberativo do CNPq; Paulo Mól, diretor de Operações do SESI Nacional; Cristiana Ferreira de Farias, gerente de RH da Stellantis South America; e Raquel Teixeira, secretária de Educação do Rio Grande do Sul. Não perca a programação e participe pelo YouTube do SESI.