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CNI

Indústria nacional apresenta suas propostas climáticas durante a COP26

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 05 de novembro de 2021

CNI espera despertar interesse de investidores presentes no evento em Glasgow e mostrar que empresas do país fazem sua parte na conservação do meio ambiente


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apoia o lançamento de um mercado regulado de carbono no Brasil, por meio da criação de um sistema de comércio de emissões no modelo cap and trade. Pelo processo, empresas com volume de emissões inferior ao autorizado podem vender o excedente para as que lançam uma quantidade maior de gases de efeito estufa na atmosfera. As autorizações são distribuídas gratuitamente ou via leilões e podem ser comercializadas entre empresas.

Por meio do instrumento, o setor industrial defende a criação de um sistema de governança liderado pelo Poder Executivo e a organização de um sistema de compensação com metodologia consistente e transparente para mensuração, relato e verificação (MRV) das emissões.

Gerenteexecutivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, argumenta que a tributação não funciona para as empresas, por isso um mercado regulado pode ser mais interessante, por trazer mais flexibilidade e ajudar o industrial a tomar decisões, inclusive de comprar ou vender créditos.

Caminhos para chegar ao baixo carbono

Conheça os pilares defendidos pela CNI no estande do Brasil na COP26

CONSERVAÇÃO FLORESTAL

Ampliação das áreas sob concessãoflorestal no país
Fortalecimento do manejo florestal sustentável
Estímulo aos negócios voltados à bioeconomia
Ação mais efetiva de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas, sobretudo na Amazônia

ECONOMIA CIRCULAR

Gestão estratégica dos recursos naturais
Ampliação de práticas de economia circular como ecodesign, manutenção, reúso, remanufatura e reciclagem, ao longo de toda a cadeia de valor

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Expansão do uso de fontes renováveis
Fortalecimento do programa nacional de biocombustíveis
Estímulo ao consumo racional de energia
Apoio a ações de eficiência energética

MERCADO DE CARBONO

Adoção de um mercado baseado no sistema cap and trade – empresas com volume de emissões inferior ao autorizado podem vender o excedente para as que lançam uma quantidade maior de gases de efeito estufa na atmosfera

Indústria brasileira se destaca por pioneirismo

Os interessados em indústrias comprometidas com o meio ambiente e a sustentabilidade se sentirão tentados a demorar mais tempo no estande do Brasil na COP26 diante de tantas novidades. Por meio da CNI, o setor apresentará ao público de Glasgow experiências empresariais bem-sucedidas, alinhadas com o projeto nacional da instituição para consolidar a economia de baixo carbono.

Dentre as iniciativas promovidas pelas empresas do setor estão o uso de matérias-primas alternativas (filler calcário, escórias siderúrgicas e cinzas de termelétricas, por exemplo) e combustíveis alternativos tais como biomassas, resíduos industriais, comerciais e domésticos, pneus, entre outros. Essas ações elevaram o Brasil a condição de referência global como o país que menos emite CO2 por tonelada de cimento produzida no mundo.

A indústria de cimento brasileira se destaca por um processo industrial menos agressivo, já que o segmento responde por cerca de 7% de todo o gás carbônico emitido pelo homem, mas, no Brasil, a participação cai para quase um terço da média mundial, 2,3% (dados do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal).

— A partir dessas frentes aliadas à eficiência energética e captura e estocagem de carbono, a indústria espera reduzir em 33% suas emissões até 2050, evitando a emissão de 420 milhões de toneladas de CO2. Isso implicará a redução da intensidade carbônica do cimento brasileiro de 564 kg por tonelada, hoje a menor emissão global, para 375 kg por tonelada — afirma Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacionalda Indústria do Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Meta Net Zero

Outro destaque em neutralização de carbono é a JBS, primeira empresa global do setor de proteína a estabelecer a meta Net Zero, com compromisso de alcançar esse objetivo até 2040. A proposta da empresa é zerar o balanço líquido das emissões de gases causadores do efeito estufa, reduzindo suas emissões diretas e indiretas e compensando todo residual até 2040. A empresa é a segunda maior empresa de alimentos do mundo e a primeira no setor de proteína.

Empresa de produtos de limpeza ultraconcentrados sem químicos e vendidos em cápsulas retornáveis e recicláveis, a YVY oferece seus produtos não poluentes por meio de e-commerce. O comprador tem acesso a um item fabricado sem nenhum ingrediente sintético nem embalagens plásticas de uso único. Inovação na categoria economia circular, tanto no modelo de negócios quanto no processo de fabricação, e exemplo para encher os olhos dos investidores.

No Paraná, a Federação das Indústrias (FIEP) atua junto ao governo do estado para criar uma política pública específica para economia circular e também apoia as empresas locais que se adequem à nova legislação.

Energia limpa

Cases de indústrias que utilizam fontes renováveis de geração de energia reforçam a adesão do setor à transição energética na indústria brasileira. A Aperam South America e a sua subsidiária, a Aperam BioEnergia, produtora de aço, são as únicas do segmento no mundo a utilizar apenas carvão vegetal como combustível, tendo como resultado o Aço Verde Aperam. Já a Fibertex, que investe em fibras recicladas de garrafas PET, usa energia proveniente 100% de fonte renovável e tem um sistema de energia fotovoltaica para a área do escritório administrativo, sustentável em diferentes etapas produtivas.

Projeto ambicioso na produção de cimento

A indústria do cimento brasileira desenvolveu o Roadmap Tecnológico do Cimento, uma ferramenta que mapeia diferentes cenários e alternativas capazes de acelerar a transição de baixo carbono do setor a curto, médio e longo prazos até 2050. Com a medida, a indústria espera reduzir em 33% suas emissões projetadas. Entre as alternativas propostas, o uso de matérias-primas alternativas, ou adições, representaria 69% do potencial de redução do setor, enquanto os combustíveis alternativos respondem por 13%.

O projeto foi resultado da parceria com a Agência Internacional de Energia (IEA), a Corporação Financeira Internacional (IFC), o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e especialistas de universidades e centros tecnológicos do país.

As alternativas propostas pelo segmento se concentraram em quatro principais pilares. O primeiro, entre as ações para acelerar a transição, está relacionado às matérias-primas alternativas, por meio de adições e substitutos de clínquer, produto intermediário do cimento como escórias siderúrgicas, cinzas volantes e fíler calcário. 

Os combustíveis fósseis não renováveis também seriam substituídos por alternativos, por meio da utilização de biomassas e resíduos com poder energético em substituição. Medidas de eficiência energética, mediante investimentos em linhas e equipamentos de menor consumo térmico e/ou elétrico, constituem o terceiro pilar. O quarto pilar é desenvolvido por meio de inovações, com pesquisa e desenvolvimento em tecnologias disruptivas como a captura de carbono.

Biotecnologia é inserida no papel e na celulose

Talvez o mais representativo dos pilares da estratégia de baixo carbono da CNI, o eixo de conservação florestal se destaca pela indústria de papel e celulose, com o avanço de biotecnologia para um processo mais sustentável, e pelo investimento em concessões florestais. A indústria brasileira de árvores é responsável por 7% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país, e o Brasil abriga nove milhões de hectares de ár vores plantadas e 5,9 milhões de hectares para conservação.

De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), 90% da energia consumida pelo setor é renovável, e 70% vêm de autoprodução. A indústria nacional de produção de papel também é uma das que mais reciclam no Brasil, com uma média de 70% do total produzido, ainda segundo o Ibá. Outra medida sustentável do segmento foi a redução em 75% da água necessária para produzir uma tonelada de celulose, além do índice de reaproveitamento de 43%.

Reflorestamento

A CNI defende a inclusão, em processos de concessões florestais, as terras devolutas, que hoje somam mais de 60 milhões de hectares. As áreas públicas sem destinação pelo poder público ficam mais expostas à ação de grileiros e ao desmatamento ilegal. Ao todo, são quase 30 milhões de hectares de terras federais e aproximadamente 34 milhões de hectares de áreas estaduais.

A Lei 11.284, que trata de gestão de terras públicas, é de 2006 e, de acordo com Davi Bomtempo, gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, o aprimoramento das regras para a concessão florestal deve contemplar modificações que reflitam aprendizados adquiridos ao longo dos últimos 15 anos.

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