A indústria brasileira se prepara para uma participação recorde na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), com a presença de mais de 100 empresários e uma intensa agenda de atividades. Pela primeira vez, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) terá um estande próprio no evento e vai apresentar o trabalho que o setor vem fazendo para se tornar cada vez mais sustentável.
O espaço de 100 m2 vai sediar debates, painéis e apresentações de empresas convidadas. São mais de 40 atividades previstas, em que serão discutidos temas como financiamento climático, mercado de carbono, o potencial da energia eólica offshore e de novas tecnologias, ações necessárias para adaptação às mudanças climáticas e capacitação dos países em desenvolvimento para lidar com essas questões.
Duas plantas industriais estarão expostas no estande para mostrar como produzir hidrogênio verde – energia sustentável na qual o Brasil é uma potência em ascensão - e como a semente de macaúba, uma palmeira nativa e disseminada pelo território brasileiro, pode se tornar um biocombustível.
“A agenda ambiental é uma questão central e um fator de competitividade para a indústria no Brasil e a COP28 é uma oportunidade de mostrar como a indústria brasileira já é parte da solução quando o assunto é sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas. Mostraremos que nós já fizemos, há muito tempo, o que muitos setores industriais de outros países estão correndo para fazer agora”, destaca Ricardo Alban, presidente da CNI.
O dirigente exemplifica: “A nossa indústria, principalmente aquela intensiva em uso de energia, como a do cimento, por exemplo, já fez esse dever de casa e temos muito para compartilhar com o mundo. As emissões de gases de efeito estufa dos fabricantes de cimento instalados no país são 10% menores do que a média mundial”, diz.
Pesquisa recente realizada pela CNI com cerca de mil empresários industriais corrobora a preocupação do setor em relação à sustentabilidade. De acordo com o levantamento, nove em cada dez empresas industriais (89%) adotam medidas para reduzir a geração de resíduos sólidos, 86% têm ações para otimizar o consumo de energia e 83% implementam medidas para otimizar o uso de água.
Diálogo empresarial busca oportunidades de negócios e investimentos
No dia 6 de dezembro, a CNI realizará o Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono, evento que proporcionará um debate entre o setor empresarial brasileiro e estrangeiro alicerçado em quatro pilares estratégicos: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.
O objetivo é proporcionar um ambiente de relacionamento e oportunidades entre indústrias brasileiras, congêneres de outros países e organismos internacionais.
Serão abordadas possibilidades de negócios e investimentos para a descarbonização da indústria e a contribuição do setor para que o país consiga atingir as metas de redução de emissões e dos assuntos relevantes da agenda climática discutidos na COP28. É também um espaço para prospectar parcerias, tendência e novas tecnologias que contribuam para a competitividade e a sustentabilidade da indústria.
Contribuições para a negociação global
A CNI também participa da conferência como membro-observador, contribuindo ativamente com o governo brasileiro nas negociações que realizará junto às demais partes. Nesse sentido, algumas das ações defendidas pelo setor incluem a definição da estratégia de descarbonização da economia, o avanço na implementação do mercado global de carbono e a mobilização dos países para o financiamento climático.
As propostas se encontram no documento Visão da Indústria para a COP28, entregue ao governo em outubro. Confira aqui.
“Considerando a importância de o setor empresarial conhecer e gerir as oportunidades e os riscos que os eventos climáticos extremos podem acarretar aos negócios, a CNI entende que a COP28 será estratégica para avançar na definição da meta global de adaptação à mudança do clima. Na última COP, o progresso nas negociações da agenda de adaptação à mudança do clima ficou abaixo do esperado, apesar dos relatórios do IPCC demostrarem, de forma robusta, que os impactos das mudanças do clima serão cada vez mais frequentes e severos”, destaca o presidente Alban.
Objetivos da CNI na COP28
- Apresentar experiências bem-sucedidas do setor industrial brasileiro relacionadas à estratégia de baixo carbono da CNI, nos 4 pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal e bioeconomia.
- Debater estratégias e iniciativas em neutralidade climática, adaptação climática, financiamento climático e comércio internacional.
- Discutir experiências internacionais e desafios da implementação de Sistemas de Comércio de Emissões, bem como a implementação do Artigo 6º do Acordo de Paris (regulamentação do mercado de carbono), considerando as regras aprovadas na COP26 e na COP27.
- Dialogar sobre políticas, programas e investimentos mundiais em bioeconomia, economia circular e tecnologias verdes como hidrogênio de baixo carbono, captura uso de carbono, entre outras.
- Promover a COP30, que acontecerá em Belém do Pará, em 2025.
Parceiros no estande da CNI
O estande da CNI na COP28 tem como coorganizadores o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
São parceiros da iniciativa: Petrobras, Porto do Açu, Acelen, Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), Cosan, Atvos, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Vale, Suzano, Latam, JBS, Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), BRF, Marfrig e o Sistema Transporte - Confederação Nacional do Transporte (CNT), Serviço Social do Transporte (SEST), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) e Instituto de Transporte e Logística (ITL).
Todos os painéis realizados no estande serão gravados e divulgados no dia seguinte no canal da CNI no YouTube.
Sobre o evento
A COP28 acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e reunirá líderes governamentais, executivos, especialistas e representantes da sociedade civil de todo o mundo para avaliar o progresso já alcançado pelo Acordo de Paris e estabelecer novas estratégias e medidas efetivas pelos países.
São esperados mais de 70 mil participantes, incluindo chefes de estado, funcionários governamentais, líderes industriais, acadêmicos e representantes de organizações da sociedade civil.