A primeira reunião do Comitê Consultivo Internacional da MEI ocorreu na Escola Saïd de Negócios, que faz parte da tradicional Universidade de Oxford, na Inglaterra
Estimular o empreendedorismo inovador e impulsionar a conexão entre atores de ecossistemas de inovação. Esses são os objetivos esperados com o lançamento do Comitê Consultivo Internacional da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), cuja primeira reunião ocorreu no dia 6 de março na Escola Saïd de Negócios, uma das 38 que compõem a Universidade de Oxford, na Inglaterra.
“O objetivo do Comitê Consultivo Internacional é obter aconselhamentos e recomendações a partir de experiências internacionais”, explica Gianna Sagazio, diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“A MEI tem como missão fortalecer o ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para tornar a indústria brasileira mais inovadora e competitiva. Nesse sentido, vivendo em um mundo globalizado, é de extrema relevância que olhemos para as práticas internacionais”, reforça ela.
Presidente do Comitê Consultivo e reitor da Escola Saïd de Negócios, Soumitra Doutta destaca a importância do protagonismo do Brasil não apenas como defensor de interesses nacionais, mas como a voz da América Latina. “O Brasil é uma nação líder, mas deve buscar objetivos maiores. O país é, naturalmente, uma liderança na América Latina e, se não agir rapidamente, muitas pessoas ficarão de fora do debate e, mais importante, de um processo de desenvolvimento. A MEI é uma história de sucesso e impulsiona a inovação, mas é preciso ir além”, avalia.
"O Brasil é uma nação líder, mas deve buscar objetivos maiores”, defende Soumitra Doutta (em pé), presidente do Comitê Consultivo Internacional da MEI
Segundo ele, o Comitê Consultivo Internacional da MEI foi formado para trazer perspectivas globais valiosas à iniciativa. “Hoje, a inovação tornou-se global por natureza e as melhores práticas podem ser encontradas em diferentes países ao redor do mundo”, comenta Doutta, que também é professor da Universidade de Cornell (EUA). As discussões no comitê, afirma, são “muito úteis para acelerar a inovação no Brasil e ajudar a indústria brasileira a se tornar mais competitiva e pronta para o futuro”.
Além dele, integram o comitê: Frédérick Bordry, membro honorário da Organização Europeia para Desenvolvimento Nuclear (Cern); Uzi Scheffer, CEO do SOSA, plataforma de inovação israelense; Carlos Lopes, professor da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul; Deborah L. Wince-Smith, CEO do Conselho de Competitividade dos Estados Unidos; Dani Rodrik, professor da Universidade de Harvard; Holger Kohl, diretor-adjunto da Fraunhofer, rede de institutos de pesquisa da Alemanha; e Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho de Administração do Grupo Ultrapar e líder da MEI.
A iniciativa da MEI, complementa Doutta, é vital para manter a indústria brasileira inovadora e competitiva globalmente.
“O Comitê fornecerá uma referência valiosa para a indústria brasileira, com as melhores práticas globais de inovação”, defende. Segundo ele, uma das principais descobertas trazidas pelo Comitê Consultivo Internacional é que as inovações precisam ser uma prioridade estratégica unificada para a alta liderança de um país. “Isso significa que vários órgãos diferentes e esforços de inovação no Brasil precisam ser unificados como uma prioridade nacional”, resume.
Outra visão do Comitê, explica Doutta, é que a segunda onda da revolução digital é muito importante para o futuro das nações inovadoras. “Nesse contexto, o Brasil precisa fazer mais para acelerar sua agenda de transformação digital. São necessárias ações-chave do governo e incentivos para ajudar a indústria brasileira a investir na digitalização de seus processos e modelos de negócio. Tais percepções e perspectivas do Comitê Consultivo Internacional da MEI podem ajudar a desvendar barreiras e fazer o Brasil acompanhar o ritmo da inovação global”, diz.
“A MEI tem como missão fortalecer o ecossistema de CT&I para tornar a indústria brasileira mais inovadora e competitiva”, explica Gianna Sagazio (CNI)
Presente ao evento na Universidade de Oxford, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que as discussões no comitê vão ajudar a definir prioridades na agenda da MEI e contribuir com as negociações com o poder público.
“Neste momento, em que o Brasil e o mundo buscam o fortalecimento de políticas públicas e de estratégias que favoreçam o crescimento econômico e social, é importante fazer um balanço do trabalho que realizamos e discutir nossa atuação daqui para a frente. Vamos avaliar as principais tendências nas áreas de ciência, tecnologia e inovação”, disse.
O encontro de estreia contou, ainda, com a participação da ministra de Ciência e Tecnologia do Brasil, Luciana Santos. Ela destacou as contribuições importantes da MEI para o ecossistema de inovação do país, como a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a defesa dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia (FNDCT) e a aprovação do Marco Legal de Ciência e Tecnologia.
“Inovação e tecnologia são ferramentas úteis para grandes desafios do Brasil, como a redução da pobreza, o aumento da competitividade, a sustentabilidade e, claro, a reindustrialização. Queremos devolver o papel-chave da ciência na tomada de decisões no país. Aqui, ouvindo a discussão, tenho ainda mais certeza de que precisamos de pressa”, afirmou Luciana.