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Novo ensino médio permite construir escola do século 21

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 16 de novembro de 2020

Avaliação é do diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi

O novo ensino médio é uma oportunidade de alinhar a escola às necessidades da sociedade e encaminhar os projetos de vida dos jovens, avaliaram, na sexta-feira (13), os participantes do último dia de debates do Seminário Internacional SESI de Educação - Educação para o Tempo Presente. O evento foi realizado em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura. O painel que debateu os desafios de mudar essa etapa escolar fechou a semana de encontros online, nos quais foram debatidos temas como a formação de professores, tecnologias educacionais e gestão escolar. 

Na avaliação do diretor-superitendente do Serviço Social da Indústria (SESI), Rafael Lucchesi, a escola não pode estar apartada da realidade do mundo em que as novas tecnologias, como inteligência artificial, internet das coisas e big data, estão transformando toda a sociedade. “A escola não pode ficar alheia a isso, tem de dialogar com essa nova realidade, com o signo do tempo. Se na estrutura econômica vamos ter cem vezes mais a camada de informação, a importância de interpretar dados será muito mais relevante do que a atividade de repetir informação. Os algoritmos e inteligência artificial vão substituir maciçamente o trabalho repetitivo”, analisou.

Segundo Lucchesi, a melhoria da educação é a principal agenda do Brasil neste momento. “Na sociedade do conhecimento, a escola está no centro, como pilar fundamental de constituição da sociedade, para a cidadania, a política de emprego, de juventude, de equidade e de inclusão social”, avaliou ele, durante o painel “Novo ensino médio na prática: do texto da lei ao chão da escola”.

A reforma do ensino médio, defendeu o dirigente do SESI, permite construir a escola do século 21, ao preconizar uma formação por competências e habilidades com base em projetos da vida real. “É importante estimular a criatividade, a capacidade interpretativa de informação, e a reforma do ensino médio dialoga com isso, não somente a partir do projeto individual, o direito de escolha pelas vocações, em que os estudantes vão dirigir seus processos, como para estabelecer o melhor alinhamento com as novas tecnologias que vão consagrar a geração de riqueza e a capacidade de termos um sistema de desenvolvimento sustentável mais robusto”, completou. 

Formação técnico-profissional é um dos avanços do novo ensino médio

Para a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães, um dos avanços do novo ensino médio é a possibilidade de o estudante escolher a formação técnico-profissional como um dos cinco itinerários de aprofundamento dos estudos. “O novo ensino médio rompe com uma história triste de um ensino médio único, engessado, igual para todos, que não existe em nenhum país do mundo. O novo ensino médio representa um novo tempo para a educação no Brasil. Os alunos terão um currículo mais atraente, um senso de propósito mais explícito, com a possibilidade de desenvolver um projeto de vida, com o itinerário formativo para o mundo do trabalho”, avaliou.

Segundo a presidente do CNE, o maior desafio, neste momento, é a implantação com qualidade da nova lei. Para isso, é fundamental a análise de propostas curriculares pelos estados, que respondem pelas escolas públicas nessa etapa escolar, assim como o novo formato do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “O MEC vai divulgar, agora no fim do ano, um cronograma, de tal modo que até 2022 todos os sistemas de ensino comecem a implantar o novo ensino médio. Em 2024 teremos um novo Enem. O cronograma deve ser anunciado nos próximos dias e tem como característica trazer uma proposta em que o Enem terá uma primeira etapa que avalia a formação geral básica e uma segunda etapa que avalia o itinerário formativo”, contou. 

Mais de 200 alunos concluem este ano novo ensino médio no SESI

Durante o seminário, a diretora de Educação do SESI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Vila Velha (ES), Priscila Carneiro, relatou a experiência de implantação de um dos projetos pioneiros no Brasil. Em dezembro, mais de 200 alunos concluem o novo ensino médio na rede. Em 2018, SESI e SENAI iniciaram a implementação do novo modelo em cinco estados. Em seguida, o projeto foi expandido até alcançar, no momento, 22 unidades da Federação. Entre os itinerários técnico-profissionais integrados ao ensino médio estão os cursos de eletrotécnica, redes de computadores, desenvolvimento de sistemas, mecânica, entre outros.

“Eu não acredito no novo ensino médio, eu vivo essa melhoria todo dia”, defendeu Priscila Carneiro. “O lema do novo ensino médio é que vai emancipar humanamente, politicamente e socialmente o aluno. Ele não está pedindo, ele está clamando por essa mudança. Não há mais alternativa, o novo modelo veio para ficar, para revolucionar. E eu acredito fielmente que a gente vai conseguir fazer essa implementação e a ampliação no nosso país com resultados”, disse ela.

Participou ainda do painel a gestora da Escola Técnica Estadual Cícero Dias – NAVE, de Recife, Aldineide Queiroz, que apresentou práticas inovadoras realizadas na escola alinhadas ao novo modelo de ensino médio.” O jovem não pode ser apenas observador, para que ele seja protagonista de fato. Ele não vai só mensurar problema, vai buscar solução. O jovem deve ser grande empreendedor social, que venha solucionar os problemas da sociedade”, argumentou a educadora. 

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