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O teste em que coloca fogo em roupas: entenda como ele garante a sua segurança

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 11 de setembro de 2024

SENAI CETIQT é o único laboratório da América Latina credenciado pelo INMETRO para realizar o teste obrigatório para indústrias de uniformes profissionais


Como garantir que um uniforme que protege do fogo é seguro? Ter certeza que os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) funcionam é fundamental para assegurar a segurança física do trabalhador e prevenir consequências graves causadas por acidentes. Para comprovar a qualidade desses equipamentos, são feitos testes rigorosos.

Um deles é o “ensaio de flamabilidade, ou de fogo repentino”. O Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção (IST), do SENAI CETIQT, no Rio de Janeiro, é o único laboratório da América Latina credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) para realizar esse teste, que é obrigatório para indústrias de uniformes profissionais.

Desde a sua inauguração, em 2016, o Laboratório de Flamabilidade do SENAI CETIQT já foi responsável por mais de mil ensaios de fogo em uniformes profissionais.

Esses uniformes são usados por trabalhadores das plataformas de gás, petróleo, química e petroquímica, onde há a manipulação de substâncias inflamáveis. O objetivo do teste é avaliar a capacidade de proteção que o tecido dessas peças oferece ao profissional quando ele é exposto ao fogo repentino, que são chamas intensas e de rápida duração.

Os uniformes antichamas são compostos por macacão, calça e camisa e permitem a saída do trabalhador de espaços que estejam com foco de incêndio. O uso adequado e a devida análise técnica nesses materiais são essenciais para prevenir queimaduras.

Como é feito o teste de fogo?

Na preparação, um manequim, com 134 sensores, é vestido com uma cueca box e uma camiseta, ambas totalmente produzidas com algodão, para que não derretam em contato com o calor. Essa etapa é feita para simular as roupas utilizadas pelo trabalhador da indústria no dia a dia. Por cima dessas peças, é colocado o uniforme que será testado.

No teste em si, são colocados doze queimadores ao redor do manequim, que fica exposto à chama durante três segundos. Em seguida, o técnico responsável pelo ensaio avalia alguns aspectos no uniforme. 

Há também um software conectado ao manequim, destinado à avaliação do equipamento, que fornece o resultado do grau de queimadura, indicando qual parte sofreu mais lesões de segundo e terceiro grau. O programa também calcula a queimadura de primeiro grau, porém a considera como uma lesão causada por exposição ao sol.

Além dos recursos tecnológicos, como câmeras que gravam toda a ação para uma captura detalhada, além dos sensores, a expertise do profissional responsável pelo ensaio e pela operação do equipamento é mais um fator importante. 

O técnico avalia as condições em que a vestimenta se encontra após sofrer os danos provocados pelas chamas. São verificados visualmente elementos como: 

  • o aparecimento de furos que permitam a passagem do fogo; 
  • a funcionalidade dos botões e zíperes, que facilitam a sua retirada; 
  • o derretimento das linhas usadas para a costura do uniforme, que provoque a abertura total do material, resultando em queimaduras na pele; 
  • se a vestimenta continua queimando mesmo após o desligamento dos queimadores.
Analista de Processos do SENAI CETIQT Vanessa Kamp participa de ensaio de flamabilidade

Consultora técnica responsável pelo laboratório e por executar o ensaio de flamabilidade no Instituto SENAI de Tecnologia (IST) do SENAI CETIQT, a engenheira química Alessandra Santos afirma que o uniforme antichamas deve apresentar algumas características essenciais para a devida proteção do trabalhador.


“Uma vestimenta de fogo precisa estar toda fechada, com fechamentos no punho, e a barra da calça não pode estar nem muito curta, nem muito comprida. Ela também não pode estar muito agarrada ao corpo, pois além de interferir na mobilidade do profissional, aquela barreira de ar entre o corpo e a peça atua como um isolante térmico”, explica.


O coordenador de Serviços Metrológicos do SENAI CETIQT, Heverton Almeida, completa a explicação. “As linhas usadas nas costuras e os acessórios, como os botões e zíperes, precisam ser específicos. Um botão de plástico colocado na vestimenta, por exemplo, pode inflamar. Então, todos os aviamentos, como são chamados os itens que compõem a vestimenta, também precisam ser examinados”, destaca o gestor.

Segurança do trabalhador

O teste verifica se as normas de segurança exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estão sendo respeitadas. Caso o resultado seja positivo, o MTE fica responsável por emitir o Certificado de Aprovação (CA), documento que corrobora que o equipamento foi aprovado nos testes necessários.

Especialista em segurança do trabalho e presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) do SENAI CETIQT, Daniela Guerra, ressalta a importância do uso do material de proteção para a prevenção de consequências graves de acidentes causados pelo fogo.


“Esses itens são cruciais, pois agem na proteção contra queimaduras, já que a vestimenta antichamas é projetada para resistir às altas temperaturas, evitando que o fogo entre em contato direto com a pele, reduzindo o risco de queimaduras graves em caso de incêndio. Além disso, o cumprimento de normas de segurança é uma questão legal, e o não cumprimento dessas normas pode resultar em penalidades para a empresa”, concluiu a especialista.


Daniela destaca ainda que a adulteração de equipamentos de proteção individual é capaz de provocar efeitos negativos aos trabalhadores. “EPIs falsificados podem não oferecer a proteção necessária contra os riscos específicos do ambiente de trabalho, como proteção contra produtos químicos, fogo, quedas, ruídos, entre outros. Isso expõe os trabalhadores a perigos reais e aumenta o risco de lesões e acidentes”, afirma.

O SENAI CETIQ  

O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT, é um centro de referência na geração de conhecimento para a cadeia produtiva química, têxtil e de confecção, que sempre esteve em sintonia com as demandas específicas e tendências de futuro da indústria brasileira.

Comemorando 75 anos em 2024, desde o início o CETIQT se estruturou para atender ao desenvolvimento estratégico das indústrias nacionais.

Hoje o centro atua na promoção de uma indústria sustentável, inovadora e competitiva, investindo nas áreas de sustentabilidade e economia circular, por meio da oferta de consultorias, projetos de estudos, pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos, novos processos e recursos naturais; além de se dedicar às formações profissionais e consultorias para o desenvolvimento da cadeia produtiva da moda.

O SENAI CETIQT é formado pela Faculdade SENAI CETIQT, pelo Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) e pelo Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção.

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