Há alguns anos a instalação de placas solares em casa era algo distante da realidade de muitos brasileiros por causa do alto custo. Agora, o Brasil entrou para o grupo de 20 países líderes em energia solar no mundo. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), os sistemas de geração de energia solar, instalados nos telhados de residências e empresas, atingiram 3 GW de potência instalada no país, o que é suficiente para abastecer 1,2 milhão de casas.
A família da jornalista Gabriela Tavares Vale, 23 anos, por exemplo, foi uma das primeiras que resolveu apostar nas placas solares na construção da casa, no Distrito Federal. "Não é barato e, na época, ainda era algo novo, mas meu pai investiu. Direcionamos a conversão da energia captada para o aquecimento de água", conta Gabriela.
Além da água quente - às vezes, até demais - a geração de energia alivou o bolso da família. “Tivemos uma redução muito grande na conta. Antigamente, vinha R$ 150 ou 200. Hoje não passa de R$ 100”, relata a brasiliense. O plano, agora, é usar a capacidade de produção em outros equipamentos, como televisão, iluminação e outros eletrodomésticos. "Nos dias de muito sol, captamos bastante energia e poderíamos utilizar para todas essas coisas ao mesmo tempo”, explica Gabriela.
Além de economia, a energia solar também gera empregos
Não são só as casas brasileiras que têm se beneficiado. Além de energia, a tecnologia elétrica solar também gera empregos. De acordo com a associação, em 2019, o setor gerou ao Brasil R$10,7 bilhões em novos investimentos e mais de 63 mil empregos.
Para o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, a energia renovável é um agente transformador que pode reduzir o desemprego.
“Em um país com cerca de 13 milhões de desempregados, a energia solar fotovoltaica é um investimento estratégico para a geração de emprego e renda, inclusive em regiões remotas do Brasil”, avalia.
Quem atua no setor elétrico tem se especializado cada dia mais e buscado por profissionais experientes, já que a tendência é de crescimento do mercado. Por isso, cursos de qualificação nesta área estão em alta. Dos 24 cursos voltados para energias renováveis no Serviço Brasileiro de Aprendizagem Industrial (SENAI), 14 se dedicam à energia solar.
Foi em um deles que o hoje estudante universitário Vinícius Paiva de Araujo, 18 anos, se inscreveu em 2016, quando ainda cursava o ensino médio. “Sempre tive muito interesse pela questão física mesmo de como funciona uma placa solar, o que acontece dentro dela pra gerar energia e como as pessoas podem fazer pra melhorar essa tecnologia”, conta o jovem.
Vinícius concilia o curso técnico de Eletricista de Sistemas Fotovoltaicos, no SENAI/DF, com a faculdade de Estatística, na Universidade de Brasília (UnB). O jovem se interessou tanto pelo assunto que ele pretende trocar a Estatística pela Engenharia Elétrica, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A ideia é se especializar mais para atuar no setor elétrico. “Ainda tem muita coisa pra descobrir e aprimorar nesse mercado de trabalho. Ele ainda é, relativamente, novo e tem espaço para crescer”, afirma o estudante, que conta com o apoio da família.
O SENAI vai ampliar a oferta de cursos voltados para energia solar
De olho na ascenção da profissão, o SENAI vai ampliar a oferta de cursos em energia solar para novos estados, como Mato Grosso, Santa Catarina, Amapá, Amazonas e Piauí. A iniciativa é fruto da parceria com a ABSOLAR, o Ministério de Minas e Energia (MME) e com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão), por meio da iniciativa Profissionais para Energias do Futuro.
Ronaldo Koloszuk explica que a iniciativa conjunta reforça a responsabilidade das instituições parceiras com a capacitação de qualidade e continuada dos profissionais do setor.
“Com o mercado crescendo exponencialmente, existe uma demanda elevada no setor por profissionais capacitados para instalar sistemas em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais, prédios públicos e em usinas de grande porte”, destaca Koloszuk.
Profissionais investem no setor e constrem o próprio negócio
O engenheiro eletricista Leonardo Alves Coelho, 38 anos, se lançou no mercado de energia solar em 2017. Com um sócio, fundou a Lumiere Energia, especializada em soluções com energias sustentáveis. “Demorou um pouco até eu fechar o primeiro serviço, mas depois deslanchou”, conta Leonardo. Aos poucos, a empresa construiu reputação e uma carteira variada de clientes, desde residências à empresas. De acordo com a Lumiere, o investimento feito se paga em até 7 anos e os sistemas têm vida útil de até 25 anos.
Hoje, a empresa conta com três equipes fixas, formadas por profissionais autônomos, que precisam conhecer as exigências de segurança para atuar na empresa. “Fornecemos equipamentos de proteção individual (EPIs), mas o conhecimento das normas é fundamental, nós exigimos os certificados. Na maioria dos serviços é necessário um eletricista formado e alguns auxiliares”, explica o engenheiro. A meta dele é contratar mais colaboradores e expandir a atuação da Lumiere Energia para todo Brasil até 2023.