A agenda ambiental representa uma grande oportunidade para que o Brasil avance rumo ao desenvolvimento sustentável, e a indústria tem um papel estratégico nesse caminho. A avaliação, feita pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, resume uma perspectiva mais ampla: a de que o setor industrial é um parceiro na busca de soluções conjuntas capazes de estimular novos negócios, aumentar a oferta de emprego e renda, e dessa forma, enfrentar a desigualdade social promovendo a preservação do patrimônio natural.
“Temos um desafio monumental pela frente que é a emergência da crise climática, mas também temos muitas oportunidades e precisamos aproveitá-las. Para nós, a indústria não é problema, é solução. A indústria agrega valor e isso é algo central numa visão de economia de longo prazo, especialmente na Amazônia”, disse o secretário.
Ele participou, na quarta-feira (29), da 133ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na oportunidade, apresentou as perspectivas e prioridades do governo federal nessa área, destacando o combate ao desmatamento ilegal, o desenvolvimento da bioeconomia, o uso de tecnologias limpas para geração de energia, como a bioenergia e o hidrogênio verde, e a economia circular.
Preservar promovendo o desenvolvimento das comunidades locais
O desmatamento, além de ser um dos maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, gera pobreza, destruição e insegurança hídrica. Por isso, esse assunto é prioritário para o governo, ressaltou o secretário, informando que 19 ministérios participam da coalizão para reduzir os índices de desmatamento em todos os biomas brasileiros.
A bioeconomia é outro tema de grande relevância na agenda do governo federal, tanto que motivou a criação de uma secretaria nacional sobre o tema, com o compromisso de aproximar o setor econômico das potencialidades da biodiversidade. De acordo com Capobianco, o patrimônio genético tem grande potencial de alavancar o desenvolvimento e deve ser visto a partir das novas oportunidades de uso dos ativos da floresta para gerar negócios, agregar valor, criar empregos e atrair benefícios fiscais.
Também foram destacadas como prioridades do MMA o incentivo a soluções limpas para produção de energia, como o hidrogênio verde e a bioenergia, e o desenvolvimento da economia circular, todas alternativas e ações que estão alinhadas à estratégia da indústria para a transição para uma economia de baixo carbono.
O secretário ainda manifestou apoio a Projetos de Lei que fazem parte da agenda mínima da indústria, apresentada esta semana ao Congresso Nacional, em especial as propostas de reforma tributária – proposta importante para que se criem mecanismos que favoreçam e estimulem o desenvolvimento de uma indústria focada em economia verde -, e a regulamentação do mercado de carbono.
Convergência de agendas demonstra sustentabilidade da indústria
O presidente do Coemas e diretor do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, classificou como positiva e propositiva a agenda do governo na área ambiental e destacou a convergência de interesses do Executivo federal e da CNI em direção a uma economia de baixo carbono capaz de alavancar o desenvolvimento sustentável do país.
“A indústria brasileira, que responde por aproximadamente 24% do PIB, vem demonstrando o quanto é sustentável”, ressaltou o dirigente, destacando o setor de papel e celulose e o sucroalcooleiro como exemplos de impacto positivo sobre as emissões de gases de efeito estufa, ambos com balanço favorável quando se calcula as emissões e remoções de carbono aplicadas às atividades.
De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), as florestas plantadas para fins industriais no Brasil absorveram, em 2014, 1,69 bilhão de toneladas de CO2 da atmosfera, no processo de fotossíntese, o que equivale a um ano das emissões nacionais.
“Estamos 100% de acordo com as prioridades do Ministério do Meio Ambiente, em especial quanto ao combate ao desmatamento, que é urgente. Temos muito a contribuir numa agenda de desenvolvimento sustentável na Amazônia”, destacou Thomé.
Ele ressaltou também que a criação do Instituto Amazônia+21 pela CNI demonstra mobilização significativa da indústria para fomentar negócios sustentáveis na região.
Prioridades da CNI para 2023
O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, aproveitou a reunião para apresentar aos participantes as prioridades da agenda ambiental da Confederação em 2023. As ações abarcam medidas relacionadas aos quatro pilares estratégicos da indústria: mercado de carbono, transição energética, economia circular e conservação florestal.
Entre as principais ações voltadas ao desenvolvimento da economia de baixo carbono e aumento da competitividade, estão a elaboração do plano de descarbonização da indústria e o apoio à estruturação do mercado regulado de carbono. Na agenda global de clima, o foco é a participação da CNI na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP28, que será realizada em Dubai e que terá um foco bastante direcionado à atração de investimentos, com rodadas de negócios e missões empresariais.
No pilar relativo à transição energética, a CNI dará prioridade à implementação da estratégia para desenvolvimento da cadeia de hidrogênio sustentável, que assume papel central como solução energética limpa; no incentivo a ações de eficiência energética na indústria, por meio da segunda fase do Programa Aliança; e no apoio ao desenvolvimento do mercado de energia eólica offshore.
No eixo de economia circular, a prioridade é a construção de uma política nacional sobre o tema. E no eixo conservação florestal, ações para internalização do Marco Global para a Biodiversidade Pós-2020 e estratégias para estimular a produção florestal sustentável.