O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) pesquisa um tecido que possa ter proteção antiviral contra o coronavírus. O projeto é desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI CETIQT) em parceria com a indústria têxtil Diklatex e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). O estudo consiste no desenvolvimento de têxteis funcionais com propriedades antivirais e já conta com pesquisas e testes de eficácia sendo realizados.
A expectativa é que sejam produzidas 600 mil peças por mês, entre máscaras, aventais e scrubs, que contarão com compostos químicos que já conseguiram inativar os vírus do sarampo e da caxumba em testes. A observação da eficácia em relação ao coronavírus está em execução e terá os resultados divulgados até o final de junho de 2020. Desde março, equipes com médicos, microbiologistas, engenheiros têxteis, de materiais e químicos, trabalham no desenvolvimento da solução.
“A plataforma de inovação em fibras trabalha em soluções inovadoras que envolvem o mapeando de matérias-primas alternativas, o desenvolvimento de novas formulações para funcionalização de antivirais em substratos têxteis e ajustes de processo aplicação. Temos o apoio do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção na produção de protótipos de itens hospitalares. A Bio-Manguinhos/Fiocruz é um parceiro importante em nosso desenvolvimento para determinação antiviral no artigo têxtil”, afirma Adriano Passos, coordenador da plataforma de Fibras do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, organização integrante do SENAI CETIQT.
A Bio-Manguinhos/Fiocruz está testando, experimentalmente, a ação antiviral do tecido no Laboratório de Tecnologia Virológica (LATEV). Segundo a chefe do laboratório, Sheila Maria Barbosa de Lima, os estudos foram iniciados usando como modelo outros vírus de transmissão respiratória, como os de sarampo e caxumba, agentes biológicos que podem ser manipulados em laboratório com Nível de Biossegurança 2 (NB-2) e que possuem modo de transmissão semelhantes ao Sars-CoV-2.
A equipe das pesquisadoras Adriana Azevedo e Waleska Schwarcz esta conduzido os ensaios e declaram que: “Nossos resultados preliminares demonstraram que amostras de tecidos formulados pela Diklatex foram capazes de inativar 99% das partículas virais (sarampo ou caxumba), nos ensaios in vitro. Os tecidos com maior ação antiviral serão selecionados para a próxima etapa do estudo que irá avaliar a eficiência antiviral dos têxteis contra o Sars-CoV-2 em laboratórios NB-3. Até o momento, os resultados alcançados são promissores e a expectativa é que em curto prazo seja comprovada a ação antiviral também contra o novo coronavírus”, conclui a chefe do Laboratório.
André Jativa, diretor-executivo da Diklatex, afirma que “desta forma, consolidamos nossa presença como marca que pensa além e fazendo isso primeiramente por nossa nação, nossas empresas e nossas pessoas. É assim que enxergamos o nosso papel e o da indústria têxtil nacional, nessa crise".
Eduardo Habitzreuter, engenheiro têxtil da Diklatex, cita a importância da valorização a produção e toda a cadeia nacional. “Este projeto produziu e agrega muitos conhecimentos técnicos, já que depois desta pandemia poderemos ampliar ainda mais o espectro de aplicações têxteis diferenciadas, produzindo soluções inovadoras que quebrarão alguns paradigmas do mercado e até mesmo uma maior independência nacional em relação à estas soluções”.
O projeto é financiado com recursos do Edital de Inovação para a Indústria (SENAI) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
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