A indústria têxtil e de confecção representa a força produtiva de 24 mil empresas instaladas por todo o território nacional, que empregam mais de 1,3 milhão de trabalhadores, como aponta levantamento mais recente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ao mirar o mercado global, o primeiro dia do 9º Congresso Internacional da Abit, colocou em destaque o fortalecimento da política industrial como fator-chave para competitividade das empresas brasileiras em cadeias de valor. O evento é realizado dias 30 e 31 de outubro, no SENAI Cimatec (Bahia).
A temática norteou painel mediado pelo diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi representada pelo superintendente de Política Industrial, Fabrício Silveira. Também participaram do debate representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Na avaliação de Fabrício Silveira, o Brasil enfrenta o desafio de voltar a crescer e a indústria é o motor para alavancar esse crescimento com desenvolvimento econômico. “O cenário é desafiador, mas também de oportunidades. Temos mercado interno forte, recursos minerais, matriz energética limpa e estrutura produtiva diversificada, entre outros”, ressaltou o superintendente.
Silveira também destacou a agenda de combato ao Custo Brasil, priorizado pela CNI em ações com o governo federal, e a importância da Nova Indústria Brasil (NIB), atual política industrial brasileira, definida a partir de missões, metas e estratégias para estimular a indústria brasileira até 2033. A iniciativa inclui subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos.
“A NIB busca incentivar a competitividade da indústria nacional, promovendo a inovação, aumento da produtividade e inserção internacional”, pontuou.
Um dos eixos prioritários da NIB é o Plano Mais Produção (P+P), operacionalizado pelo BNDES e com o aporte de R$ 405,7 bilhões destinados a projetos que se relacionem às seis missões da NIB. “Financiamento é essencial para que esses pontos da Nova Indústria saiam do papel. Sem estrutura de capital, as empresas não conseguem reagir”, explicou, no painel 3, a chefe do departamento de Bens de Consumo, Comércio, Economia Criativa e Serviços do BNDES, Flávia Kickinger. “Estamos fortalecendo a questão industrial e lançamos o programa Mais Inovação para prover crédito em condições competitivas”.
Bahia como referência nacional
De acordo com dados IEMI, a Bahia possui mais de 400 indústrias têxteis e de confecções instaladas, criando mais de 35 mil postos de trabalho com produção de cerca de 200 mil toneladas apenas em 2023, além de um faturamento médio de 9,5 bilhões de reais.
No Estado, o setor é conhecido por ser um importante gerador de empregos e fonte de renda. Cerca de 13 mil desses postos de trabalho encontram-se no segmento têxtil e 22,7 mil, no de confecção.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos, o Congresso da Abit é guiado por discussões importantes sobre o cenário atual e futuro da cadeia. “Entender a nova realidade mundial e as tendências que devem impactar a indústria, bem como o papel da inovação e da tecnologia nos modelos de negócios, é fundamental para todos os atores, sejam do poder público ou da iniciativa privada”, avaliou Passos.
Sobre o Congresso Abit
A edição de 2024 conta com a parceria estratégica da DeMillus, do SENAI Cetiqt e da Vicunha, bem como apoio institucional do Texbrasil, da ApexBrasil, do MDIC, da FIEB e mais de 60 patrocinadores. A estimativa é que reúna, nos dois dias de evento, mais de 400 congressistas presencialmente, e mais de seis painelistas, 18 speakers, nacionais e internacionais.
Com o tema “Conexões Brasil – Mundo: Caminhos Estratégicos para Competitividade”, o evento discute o posicionamento estratégico da indústria têxtil e de confecção brasileira no mercado global, considerando tanto questões já abordadas em edições anteriores quanto novos temas que surgiram no mundo e que impactam todo o ecossistema da moda.
Organizado anualmente pela Abit desde 2016, o Congresso se tornou o maior evento de conteúdo do Brasil sobre o setor têxtil e de confecção. Tradicionalmente, reúne empresários de toda a cadeia produtiva, executivos, pesquisadores, especialistas, autoridades e formadores de opinião do Brasil e do mundo.