A queda do preço do gás natural no Brasil é decisiva para aumentar os investimentos e o faturamento dos setores que consomem muita energia nos processos de produção, como as indústrias química, de cerâmica, vidros, alumínio e as siderúrgicas. Em um cenário que considera a liberalização bem sucedida do mercado, com queda nas tarifas dos atuais US$ 14 por milhão de BTUS para US$ 7 por milhão de BTUs, os investimentos do setor, que chegaram a US$ 10 bilhões em 2019, poderão atingir US$ 31 bilhões/ano em 2030, com um déficit da balança comercial da indústria energointensiva dando lugar a um superávit.
“A indústria nacional tem condições de absorver a produção potencial de gás a partir do pré-sal”, destaca o estudo Impactos Econômicos da Competitividade do Gás Natural, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o trabalho, o país pode, efetivamente, orientar o esperado crescimento da oferta de gás natural para a promoção da competitividade da indústria.
Considerando o cenário de redução do preço do gás natural pela metade, as indústrias química e de papel e celulose poderiam substituir 80% do carvão por gás natural, enquanto na siderurgia esse volume poderia ser de até 50%. Como o gás natural é o combustível fóssil de menor emissão de gases de gases poluentes, essa substituição terá papel relevante na redução de emissão de gases de efeito estufa, com impacto positivo para o meio ambiente.
Brasil tem grande oportunidade com gás do pré-sal
A diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg, destaca que a indústria brasileira tem potencial para se tornar uma grande consumidora de gás natural. Na avaliação dela, a utilização do gás natural do pré-sal coloca o Brasil diante de um grande desafio e de uma grande oportunidade. “Em um cenário de queda dos preços pela metade, os segmentos industriais de insumos básicos poderiam triplicar a demanda até 2030”, pontua a diretora.
O estudo também mostra que, com oferta abundante e redução dos preços, a indústria elevará o consumo de gás natural. Com a tarifa a US$ 7 por milhão de BTUS, a demanda subirá para 62 milhões de metros cúbicos ao dia em 2030. O trabalho aponta para o alto custo do gás natural como um dos principais fatores que reduziram a capacidade da indústria energointensiva brasileira de competir no mercado internacional.
No entanto, para o aumento da oferta e queda nos preços, alerta a CNI, é necessária a aprovação do Projeto de Lei nº 6.407/2013, o novo marco legal do gás natural. O PL promove a segurança jurídica necessária ao setor, ao estabelecer regras para acesso de terceiros as infraestruturas essenciais (dutos de escoamento, unidades de processamento de gás e terminais de GNL), independência do transporte, programa de desconcentração do mercado e o regime de autorização para construção de novos gasodutos. A aprovação do projeto deve ser acompanhada ainda de ações regulatórias estaduais, para uma ampla e total abertura de mercado com impactos no aumento dos investimentos, competição e redução dos preços.
Preço final do gás natural para grandes consumidores industriais em países selecionados em 2018 e cenários de preços considerados para o Brasil
Disclaimer: Os dados deste estudo foram levantados antes da pandemia da Covid-19, mas as premissas básicas se mantêm.