A preocupação dos industriais com a taxa de câmbio disparou na passagem do 3º para o 4º trimestre de 2024, mostra a Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta sexta-feira (24). Antes, 14% dos empresários do setor indicavam a desvalorização do real como um dos principais problemas enfrentados pelas empresas. Agora, o entrave é apontado por 29,3%.
“Como boa parte dos insumos usados pela indústria brasileira é importada, a desvalorização do real afeta diretamente os custos das empresas. Não à toa, isso fez a preocupação com o câmbio subir de 8º para 2º lugar na lista dos principais problemas”, diz Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
Apontada por 30,6% dos empresários, a elevada carga tributária continua em primeiro lugar no ranking dos principais problemas enfrentados pela indústria. Em terceiro lugar, com 25%, aparecem as taxas de juros elevadas, problema que também ganhou grande destaque ao longo de 2024.
Condições financeiras pioram no 4º trimestre
Segundo o levantamento, o índice de satisfação dos empresários com a própria situação financeira recuou 0,8 ponto, para 50,9 pontos, na passagem do 3º para o 4º trimestre. Os industriais continuam satisfeitos, mas a aproximação do indicador com a linha divisória de 50 pontos sugere que essa avaliação se tornou menos positiva.
O índice de facilidade de acesso ao crédito caiu de 42,9 pontos, no 3º trimestre, para 42 pontos, no 4º trimestre. Isso significa que as empresas têm percebido maior dificuldade para acessar empréstimos ou financiamentos.
A CNI mostra que o índice de satisfação dos industriais com o lucro operacional diminuiu 1,2 ponto, no 4º trimestre. Antes em 47 pontos, o indicador fechou o ano em 45,8 pontos, apontando que o descontentamento dos industriais com o lucro das empresas cresceu.
Já o índice que acompanha a evolução do preço de matérias-primas subiu 1,3 ponto nos três últimos meses de 2024. O indicador fechou o ano em 64,2 pontos, o que mostra que os empresários perceberam uma aceleração no aumento dos preços dos insumos.
Desempenho recua em dezembro
Em dezembro, o índice de evolução da produção foi de 42,5 pontos. Trata-se do segundo mês consecutivo em que o indicador fica abaixo dos 50 pontos, sinalizando que os empresários notaram recuo da atividade industrial.
Após seis meses consecutivos sem revelar recuo do emprego no setor, o índice de evolução do número de empregados cruzou a linha de 50 pontos em dezembro. O indicador fechou o ano em 48,7 pontos, o que aponta queda na quantidade de trabalhadores da indústria.
Marcelo Azevedo explica que a queda da produção e do número de empregados é comum nos meses de dezembro.
“Isso ocorre porque, normalmente, as vendas de fim de ano são atendidas pela produção feita nos meses anteriores, de modo que em dezembro ela cai naturalmente”, pontua Azevedo.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) diminuiu de 72%, em novembro, para 68%, em dezembro. Apesar disso, a UCI ficou um ponto percentual acima da média histórica para o último mês do ano.
A pesquisa também aponta que o nível de estoques recuou pelo segundo mês consecutivo. O índice de evolução dos estoques fechou dezembro em 47,9 pontos. Já o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado caiu para 49,3 pontos, revelando estoques abaixo do planejado pelos industriais em dezembro.
Expectativas para 2025 estão positivas
Apesar de o desempenho do setor ter caído no último mês de 2024, os empresários industriais têm expectativas positivas para 2025. As expectativas para demanda, compras de matérias-primas, quantidade exportada e número de empregados aumentaram em janeiro.
- O índice de expectativa de demanda subiu 1,3 ponto, para 53,8 pontos;
- O índice de expectativa de compras de matérias-primas cresceu 1,2 ponto, para 52,7 pontos;
- O índice de expectativa de quantidade exportada aumentou 0,6 ponto, para 52,1 pontos;
- O índice de expectativa de número de empregados registrou alta de 0,5 ponto, para 51,1 pontos.
Intenção de investimento cai
O índice de intenção de investimento recuou 1,1 ponto na passagem de dezembro para janeiro. O indicador abre o ano em 57,7 pontos, 5,4 pontos acima da média histórica.
Amostra
Nesta edição da Sondagem Industrial, a CNI consultou 1.519 empresas: 610 de pequeno porte; 540 de médio porte; e 369 de grande porte, entre 7 e 17 de janeiro de 2025.