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Professores também precisam desenvolver competências e se manter atualizados

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 01 de fevereiro de 2021

Susanne Thimet defende uso das tecnologias em sala de aula

A 5ª Jornada Pedagógica Nacional de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) ocorreu no formato on-line nos dias 28 e 29 de janeiro. Com a participação de palestrantes internacionais e nacionais da área da educação, o evento – que ocorre anualmente, desde 2016 – contou com mais de 16 mil visualizações.

Em dois dias de transmissão ao vivo, os convidados fomentaram o debate e apresentaram suas experiências com a cultura digital no ensino profissional e tecnológico tendo em vista as características e as necessidades da sociedade contemporânea e da indústria brasileira. As soft skills e o life long learning, ou educação continuada, receberam destaque.

Perdeu a transmissão? Assista:

Jornada Pedagógica SENAI 1º dia – manhã

Jornada Pedagógica SENAI 1º dia – tarde

Palestras

A educação profissional em tempos de digitalização

Soft skills na Docência & Metodologias Ativas de Aprendizagem

Life Long Learning - Profissionais mais digitais

Uma das convidadas para o painel "A docência na educação profissional - Cenários Internacionais" foi Susanne Thimet, diretora do Instituto de Formação e Aperfeiçoamento de professores de Karlsruhe, que faz parte do Ministério da Educação da Alemanha.

AGÊNCIA CNI - Qual o papel e relevância da sua instituição para a educação profissional na Alemanha?

No estado de Baden-Wuerttemberg, onde vive aproximadamente 10% da população alemã, todos os futuros professores, depois de passar no exame da universidade, passam por uma formação inicial oferecida pelos “Institutos Estaduais de Formação de Professores”. Em Baden-Wuerttemberg, temos quatro Institutos Estaduais de Formação de Professores para a Educação Profissional em diferentes regiões. Assim, todos os professores de educação profissional (ou vocacional) passam por um desses quatro institutos. São aproximadamente 600 professores por ano, para cerca de 280 escolas profissionais em Baden-Wuerttemberg. Uma formação inicial semelhante de professores para a educação profissional é oferecida em algumas, mas não em toda a Alemanha. Sendo assim, alguns dos formados em nosso Instituto se tornam professores em escolas de negócios em toda a Alemanha.

AGÊNCIA CNI - Por que precisamos de professores qualificados para a formação profissional e devemos continuar investindo em sua formação ao longo da carreira?

Os professores de educação profissional (ou vocacional) precisam de muitas competências diferentes – na verdade, uma gama mais ampla de competências do que todos os outros professores. Por duas razões: primeiro, os conteúdos que ensinam estão em constante atualização devido às constantes mudanças no mundo do trabalho; e, em segundo lugar, os alunos das escolas profissionais muitas vezes têm uma capacidade de aprendizagem mais fraca do que os alunos do ensino médio e precisam de muito apoio. Portanto, esses professores precisam de conhecimento atualizado do conteúdo da disciplina e conhecimento nos campos da pedagogia e da didática (por exemplo, métodos de ensino adequados, como usar diferentes mídias, como abordar e apoiar os alunos mais fracos) para ter sucesso no ensino. Como especialmente o conhecimento do conteúdo está em constante mudança, a formação de professores durante sua carreira é crucial.

AGÊNCIA CNI - Quais são os desafios enfrentados para garantir esse investimento?

Os desafios são múltiplos. “Professor de Educação Profissional (ou Vocacional)” é uma profissão pouco conhecida entre os jovens que abandonam o ensino secundário. E tenho que admitir que, mesmo na Alemanha, a educação profissional (e, consequentemente, o ensino nessa área) é desvalorizada. Portanto, não temos candidatos suficientes. Além disso, nas escolas profissionais, temos uma ampla gama de diferentes disciplinas. Por exemplo, cuidados de saúde, metalurgia, tecnologia automotiva, tecnologia da madeira, administração de empresas, tecnologia de energia, produção de alimentos, agricultura, enfermagem e assim por diante. A formação de professores deve atender às diferentes necessidades de todas essas disciplinas e, como ocorre em pequenos grupos, é muito cara.

AGÊNCIA CNI - As novas tecnologias são um obstáculo (pelos seus custos e pela atualização dos sistemas/equipamentos) ou uma oportunidade para melhorar as metodologias de ensino?

São um pequeno obstáculo, mas uma grande oportunidade! E, como dizemos: a digitalização não vai acabar, então faça o melhor possível! Na educação profissional, temos que distinguir entre as novas tecnologias como conteúdo (por exemplo, novos métodos de produção na fabricação de automóveis como resultado da digitalização de empresas) e as novas tecnologias que usamos como novos meios de ensino e aprendizagem (por exemplo, usando tablets nas aulas). Com relação às novas mídias de ensino e aprendizagem, as escolas profissionais na Alemanha estão muito mais bem equipadas do que escolas de ensino regular - não apenas com computadores e W-LAN, mas também com professores com habilidades em TI que dão suporte a seus colegas e alunos. Principalmente agora que as escolas tiveram que mudar para aulas online, devido a pandemia causada pela Covid-19. Porém, mesmo nas escolas profissionalizantes, há muito a fazer: o W-LAN costuma ser muito lento, os computadores são muito antigos, os professores precisam de boas ideias sobre como usar mídias técnicas modernas durante as aulas e assim por diante.

AGÊNCIA CNI - Apesar de cada país possuir suas peculiaridades, é possível aprender com outras experiências educacionais? Como você faz isso na sua instituição?

Em nosso Instituto, temos uma longa história de desenvolvimento de programas de formação de professores para a educação profissional para e em conjunto com outros países. Começamos há mais de 25 anos com Cingapura e continuamos com a China, Egito, Etiópia e assim por diante. Nesses programas, treinamos principalmente multiplicadores nos países-alvo. E o nosso instituto participa no programa ERASMUS, onde três ou mais países europeus trabalham juntos durante cerca de três anos e desenvolvem soluções para uma série de questões educacionais. Por exemplo, juntamente com a Suécia, Espanha, Itália e Turquia, desenvolvemos um aplicativo de idioma para alunos de escolas profissionais que migraram em grande número para esses países (do Afeganistão, Síria e assim por diante desde 2015). Com esse aplicativo, eles podem traduzir termos técnicos relevantes para sua língua nativa, o que melhora seu sucesso educacional.

AGÊNCIA CNI - As soft skills fazem parte da qualificação de professores e alunos? Por quê?

Sim! Os alunos das escolas profissionais muitas vezes têm uma capacidade de aprendizagem mais fraca do que os alunos do ensino médio e, portanto, precisam de muito apoio. Portanto, a abordagem pessoal dos professores, sua capacidade de ajudar os alunos e atender às necessidades individuais de cada um é crucial para o resultado da aprendizagem.

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