Brasília – A insistência do Banco Central em manter a trajetória gradualista no ajuste da taxa de juros básica frustra a indústria e todos aqueles que entendem que o Brasil avançou muito em termos de estabilidade econômica nos últimos anos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que a intensificação do ritmo de queda dos juros se justificaria em face das profundas mudanças ocorridas no ambiente econômico e nos fundamentos da economia brasileira. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu hoje cortar os juros básicos em apenas 0,25 pontos percentuais.
São diversos os indicadores que embasam a avaliação da CNI. O primeiro são as expectativas de inflação, que seguem estáveis e apontam para taxas inferiores à meta de inflação. O segundo é a economia que cresce sem gerar tensões ou gargalos que ameacem a estabilidade; e, o terceiro, é o risco-país, que caiu significativamente encontra-se abaixo da média dos países emergentes. Além disso, é provável que, em breve, o Brasil seja reavaliado como investment grade pelas agências classificadoras de risco.
A manutenção do gradualismo se baseia em uma visão incorreta sobre a capacidade de a economia brasileira conviver com taxas de juros de padrão mundial. A permanência de um horizonte de juros elevados, em um ambiente de grande previsibilidade e baixo risco, estimula as operações de arbitragem que sustentam uma valorização excessiva da moeda brasileira. As conseqüências desse processo são extremamente danosas para o setor produtivo, em especial para a indústria.
A CNI reconhece o papel da política monetária na construção do atual ambiente de estabilidade e confiança. Mas entende ser inadiável uma reavaliação do ritmo de queda dos juros, de modo a adequar a política monetária ao novo ambiente e às exigências do crescimento, da produção e do emprego.