O Serviço Social da Indústria (SESI) e a Ardagh Metal Packaging (AMP) fecharam parceria que vai beneficiar a educação pública – o Ardagh para a Educação. Serão investidos cerca de R$ 25 milhões em um período de dez anos na formação de 2.500 professores da rede pública de ensino, nas áreas de robótica e de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). A multiplicação desses conhecimentos em sala de aula poderá beneficiar quase 200 mil estudantes do ensino fundamental, com o aprendizado de competências e habilidades requeridas dos profissionais que vão atuar nas empresas e fábricas no futuro.
A AMP faz parte do Ardagh Group, uma das líderes globais na produção e venda de embalagens de alumínio para bebidas, e já realiza o programa em outros países onde atua, como Alemanha e Estados Unidos. Agora, chegou a vez do Brasil, onde vai envolver escolas públicas situadas em Alagoinhas (BA), Jacareí (SP) e Manaus (AM), cidades em que a Ardagh mantém fábricas de latas e tampas de alumínio para bebidas.
De agosto de 2023 até 2033, 2.500 professores serão formados em cursos de robótica e STEM, dos quais 450 vão participar de uma pós-graduação lato sensu em STEM desenvolvida pela Universidade de Stanford e aplicada no Brasil junto com o Instituto Canoa. Ao capacitar professores e ampliar seus conhecimentos e os de seus alunos em robótica e STEM, o projeto atua estrategicamente na qualificação de crianças e jovens para o futuro do trabalho, em meio a uma realidade marcada por deficiências básicas na educação do país. O SESI será responsável por toda metodologia educacional, as atividades de formação e avaliação.
“Com essa parceria, conseguimos ampliar o alcance da experiência bem-sucedida das nossas escolas com a metodologia STEM, a robótica e a EJA. O nosso objetivo é proporcionar a milhares de crianças e adolescentes uma educação científica e tecnológica que vai moldar o futuro deles, da comunidade onde vivem e do país”, acredita o diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.
Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), de 2018, 68,1% dos estudantes brasileiros, com 15 anos, não possuem o nível básico em Matemática e 55%, em Ciências. Além disso, apenas 13% dos professores de escolas públicas, segundo a pesquisa TIC Educação, de 2020, são formados para usar linguagem de programação e robótica em sala de aula – temas cruciais para um futuro dominado por dados, algoritmos e automação.
Outro diferencial previsto no projeto será a capacitação de 360 jovens em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), abrindo oportunidades profissionais a uma parcela vulnerável da população que não concluiu a formação básica e encontra dificuldades para se inserir e crescer no mercado de trabalho.
“A iniciativa faz parte da nossa estratégia global de sustentabilidade social e com ela estamos retornando valor às comunidades que nos acolhem, na forma de um projeto educacional de longo prazo, de grande porte e altamente estratégico para o desenvolvimento e a formação dos futuros profissionais do país e da Indústria 4.0”, destaca a diretora de Sustentabilidade da Ardagh Metal Packaging no Brasil, Elisangela Matos.
Segundo Lucchesi, a educação do século XXI deve preparar os estudantes não só do ponto de vista técnico, como saber programar e resolver problemas, mas também no aspecto socioemocional, desenvolvendo competências como colaboração, criatividade, comunicação e empreendedorismo. É aí que entram o ensino STEM e a robótica.
De olho nos resultados
Um dos pontos-chave do projeto será acompanhar de perto o desenvolvimento dos professores e alunos atendidos, tanto no ensino quanto no aprendizado dos conhecimentos em robótica e STEM. O time educacional do SESI fará visitas técnicas periódicas às escolas, no intuito de avaliar, do ponto de vista pedagógico, se o que foi treinado com os professores está sendo transmitido em sala de aula para os alunos. O impacto no aprendizado dos estudantes, por sua vez, será medido por dois estudos recorrentes. O primeiro é o de Avaliação de Impacto, que compara o desempenho de alunos que receberam o treinamento em robótica e STEM com os que não receberam. O segundo é um Estudo Longitudinal, que vai monitorar o desenvolvimento de uma amostra de estudantes nos dez anos de duração do projeto.
Atividades começam neste semestre
A primeira ação do projeto, prevista para o 2º semestre deste ano, vai mapear as condições atuais das escolas e o contexto educacional das regiões atendidas, em interlocução com as autoridades locais. Com base neste levantamento, que deve ser concluído em dezembro próximo, vão ser definidos os professores e escolas que farão parte da iniciativa. Os cursos em robótica e STEM começam em 2024, após essa fase preparatória. Ao longo dos 10 anos de projeto, estão previstas mais de 14 mil horas em cursos de formação de professores e a disponibilização de 800 kits de robótica às escolas participantes.