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Um plano para a próxima década

Por Gazeta Mercantil - Publicado 22 de fevereiro de 2007

Construção civil propõe ao governo um "banco de projetos" para o período pós-PAC. Os integrantes do

Construção civil propõe ao governo um "banco de projetos" para o período pós-PAC. Os integrantes do setor de construção civil querem aproveitar o clima favorável gerado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para tentar emplacar novo tema na pauta nacional. Em março, o setor vai sentar-se à mesa com o governo federal para traçar um plano de prioridades para a infra-estrutura da próxima década. A intenção é avaliar as demandas e as possibilidades para começar a esboçar planos que serão executados no período pós-PAC.

Especialistas avaliam que a discussão é necessária porque o Brasil não conta com uma "prateleira de projetos", como citou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no anúncio do PAC. Se esse banco de idéias não for constituído rapidamente, há chance de um "apagão" de planejamento no início da próxima década.

Deve ocorrer em meados do próximo mês uma reunião de técnicos dos Ministérios do Planejamento, Transportes e Cidades com representantes do setor da construção civil. No encontro, começará a discussão sobre as prioridades das políticas públicas para a infra-estrutura no médio e longo prazos. "Vamos colher a avaliação do governo para estabelecer o norte dos grandes projetos do período pós-PAC, para os próximos dez anos", disse o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia Consultiva (Sinaenco), José Roberto Bernasconi.

A reunião ocorrerá em um momento importante para a indústria da construção. Com a promessa de que os recursos do PAC não serão contingenciados pela equipe econômica e diante do aumento do Plano Piloto de Investimento (PPI), projetos podem começar a sair do papel com mais rapidez. Isso abriu a discussão sobre a necessidade de alimentar o banco de projetos do País. "Se nada for feito, esse será um dos gargalos da economia no médio prazo. O projeto de uma grande obra demora dois ou três anos para ser concluído. Por isso, temos que começar agora", avalia o vice-presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), Carlos Zveibil Neto.

No governo, a preocupação também cresce. Durante a apresentação do PAC no Congresso, a ministra Dilma Rousseff classificou a criação de um banco de projetos como um dos principais legados para o próximo governo. Ela citou que uma usina hidrelétrica, por exemplo, precisa de cinco anos para ter o projeto concluído. "Se não se constitui uma prateleira de projetos, o País não dá seqüência ao seu desenvolvimento. Um governo tem de ser cobrado pelo que fez durante sua gestão e também pelo que legou para a próxima gestão", disse.

Mesmo antes da reunião com o governo, Bernasconi diz que é possível apontar para algumas diretrizes que devem dominar as discussões. Ele aponta para o fortalecimento do transporte ferroviário, com a possível implantação da ligação expressa entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas (SP). O projeto, que é tema de discussão há anos, voltou a ganhar força com o crescimento do transporte aéreo e o conseqüente estrangulamento do setor. Além disso, grupos estrangeiros têm estudado o mercado e há consultas informais sobre qual modelo – concessão ou parceria público-privada (PPP) – que poderá ser usado na ligação entre as três cidades.

Ainda no transporte, um grande programa de ampliação e modernização dos portos deve ser colocado em discussão. Uma das intervenções seria em Santos, litoral paulista, onde há estudo sobre a reformulação das ligações férreas e rodoviárias, além da construção de um túnel de 2,7 km entre as duas margens do canal do porto, o que evitaria percurso de 45 km feito pelos caminhões. Nas rodovias, o destaque deve ficar com a duplicação de trechos mais distantes dos grandes centros, como no Centro-Oeste e Nordeste e interior do Sudeste. Além da construção ou conclusão de anéis viários em diversas capitais.

Fotos:www.unesc.net  
         www.volvo.com

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