O diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, defendeu na manhã desta quinta-feira (30) a importância das entidades do Sistema S para a formação profissional, para a competitividade e a inovação dentro das empresas e para o processo de inclusão social no Brasil.
De acordo com Lucchesi, que também é diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), apenas em 2018 o SENAI registrou 2,3 milhões de matrículas em educação profissional. A entidade possui em todo o Brasil 587 unidades fixas e 457 unidades móveis, sendo dois barcos-escola.
O SESI realizou 1,1 milhão de matrículas em educação básica, continuada e em ações educativas no país em 2018. Ao todo, foram 3,5 milhões de brasileiros beneficiados com serviços de saúde e segurança no ano passado.
O diretor ressaltou que, de todas as matrículas de pessoas com deficiência na educação profissional no Brasil, 57% são no SENAI. Além disso, 80% dos alunos da instituição vêm das classes C, D e E. “Não existe nenhuma planta industrial no Brasil sem a parceria do SENAI”, disse.
FORTALECIMENTO DO SISTEMA – Lucchesi questionou a proposta do governo de cortar recursos do Sistema S. Esse sistema é composto por nove instituições – SESI, SENAI, Sesc, Senac, Sest, Senat, Sebrae, Senar e Sescoop – e atua, prioritariamente, nas áreas de educação básica, ensino profissional, saúde e segurança do trabalho e qualidade de vida do trabalhador.
“Não é inteligente tirar recursos de instituições que engajam pessoas de baixa renda no mundo do trabalho para colocar isso no sistema prisional. O mais importante é fortalecer o que fazemos”, afirmou Lucchesi, durante a audiência pública A relevância do sistema "S" e os novos desafios para 2019, na Comissão de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) da Câmara dos Deputados.
No tocante à Educação de Jovens e Adultos (EJA), os dados do SESI e do SENAI apontam aprovação de 95% dos alunos nesse programa. “Temos uma solução simples, que é respeitar o trabalhador e o jovem, que não têm tempo a perder”, afirmou Lucchesi, que defendeu a necessidade de se fortalecer o aprendizado baseado no sistema profissional.
“O SENAI já capacitou 76 milhões de brasileiros ao longo de sua história. O Brasil não teria feito a revolução que fez na segunda metade do século passado sem o SENAI”, defendeu Rafael Lucchesi. “Cortar 10%, 20% ou 30% nos recursos [do Sistema S] vai apenas tornar o Brasil um país mais injusto. Não vai em nada ajudar o país a avançar na agenda social e econômica”, disse.
ATUAÇÃO HISTÓRICA - Autor do requerimento para a realização da audiência pública, o deputado federal Glaustin Fokus (PSC/GO) também ressaltou a importância histórica do Sistema S para o Brasil na oferta de educação profissional.
“As entidades do Sistema S trabalham paralelamente ao Estado na busca pela ampliação de acesso à educação e na profissionalização dos brasileiros, facilitando o alcance ao emprego”, afirmou o deputado.
Fokus ressaltou que as entidades do Sistema S são “privadas e mantidas por contribuições sociais previstas em lei” e que constituem os principais agentes autônomos de educação profissional no país. “Elas também proporcionam bem-estar ao trabalhador, com serviços na área de saúde, cultura e lazer, prestando serviços relevantes ao valor social”, afirmou o parlamentar.
Para Glaustin Fokus, um dos grandes desafios do Brasil, hoje, é proporcionar oportunidade de trabalho para todos, no que ele chama de “um grande ciclo de orientação técnica para os novos negócios”. “Nesse ciclo, o Sistema S desenvolve papel muito importante”, disse o deputado, que afirmou ser “fruto do Sistema S”.
O parlamentar estudou nas unidades do SESI de Campinas e de Vila Canaã, em Goiás. “Isso é algo que me preocupa muito e tira a minha paz quando circula nos bastidores o tamanho do corte que o governo vai fazer. Sabemos a importância [do Sistema S] e tenho dados em mãos que mostram que a indústria emprega 9,6 milhões de trabalhadores e contribui com R$ 1,2 trilhão para o PIB brasileiro”, disse.
MAIS EMPREGOS - Juarez de Paula, analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), afirmou que, em um momento de crise econômica como o enfrentado pelo Brasil, o país precisa investir em políticas que gerem empregos. E as pequenas empresas, ressaltou ele, são o “grande colchão de amortecimento da crise social”, responsáveis por 54% dos empregos formais do país.
“O Brasil precisa de mais empresas e mais empregos. Precisamos de mais Sebrae. Os pequenos negócios são o grande colchão de amortecimento da crise social. As pessoas buscam nos pequenos negócios a sua geração de renda. Portanto, este é um momento em que precisamos incentivar, incrementar o trabalho de apoio aos pequenos negócios, e não subtrai-lo”, defendeu.
FOTOS - Acesse o álbum de fotos da audiência pública no Flickr da CNI.