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CNI

Modernização das Engenharias depende de ambiente favorável, defende vice-reitor da UFMG

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 16 de outubro de 2020

Instituições de Educação têm até 2023 para modernizar a graduação

A modernização dos cursos de graduação em Engenharia depende de um ambiente favorável à mudança, que deve envolver os estudantes, defendeu, nesta sexta-feira (16), o vice-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alessandro Moreira. Ele foi um dos participantes do terceiro debate online sobre a implantação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais de Engenharia, promovido pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) nas redes sociais da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

O engajamento da comunidade acadêmica na construção dos novos cursos é essencial para que a alteração não se perca com o tempo, avaliou Moreira. “Para fazer as mudanças, é preciso criar o ambiente de mudanças, motivando os estudantes e os servidores da instituição, senão a gente corre o risco de pensar uma boa mudança que não vai permanecer, porque as pessoas não foram motivadas para entender que isso tem valor”, explicou ele, ao apresentar o trabalho de adequação às novas DCNs dos cursos da UFMG, que abrigam mais de seis mil estudantes de Engenharia.

Uma das experiências da universidade é o projeto Eng200, programa em que todas as ações são gerenciadas pelos alunos, que conta com iniciativas de inovação, empreendedorismo, acolhimento de novos estudantes, temas que são preconizados pelas Diretrizes.

“Os novos currículos têm de ser construídos não apenas para os estudantes, mas com os estudantes, porque o sentimento de pertencimento aparece aí. Quando a gente traz os estudantes para dentro do projeto, isso ganha corpo, motivação e isso reverbera na comunidade acadêmica, nos professores, nos técnicos administrativos”, avaliou. 

Indústria espera que novos engenheiros ajudem o Brasil a ser mais inovador

As Instituições de Educação Superior têm até 2023 para modernizar a graduação, a fim de que os profissionais formados na área sejam agentes de inovação, de acordo as novas DCNs, homologadas em abril do ano passado. A norma deu maior autonomia às instituições de educação para desenhar currículos segundo suas prioridades e contexto de atuação. Os novos modelos curriculares devem estimular a experimentação e dar protagonismo aos alunos no processo de aprendizagem, assim como desenvolver competências técnicas e socioemocionais. 

A CNI, por meio da MEI, participou da construção de documento produzido pela Comissão Nacional de Implantação das Diretrizes Curriculares de Engenharia, coordenada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). O documento contém orientações relevantes baseadas em evidências, assim como experiências bem sucedidas para estimular e acelerar o processo nas escolas de Engenharia de todo o país. 

“A participação do setor industrial é fundamental, pois se espera que os egressos desse curso contribuam para a realização da inovação nas empresas e para contribuir com que o nosso país se torne mais inovador”, avaliou a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, durante o debate.

“É importante cultivar o relacionamento entre o mundo acadêmico e empresarial ainda na graduação, é isso o que vemos em diversos países, escolas e empresas juntas na definição de competências e de currículos. Melhorar a formação de recursos humanos é central para aumentar o potencial de inovação das empresas e esse é um grande desafio para o Brasil”, complementou.

Avaliar competências é um dos grandes desafios do novo modelo

Durante o encontro, a diretora da Escola Politécnica da PUC Paraná, Andreia Malucelli, também apresentou o trabalho desenvolvido na instituição que, desde 2015, mesmo antes das novas DCNs, já havia iniciado uma mudança em seus cursos com foco na aprendizagem por competências. Segundo ela, um dos desafios é a avaliação de que o estudante adquiriu, por meio de diversas atividades, as competências previstas em cada módulo de ensino. 

“É bem difícil mensurar competência. A prova, que mede o conteúdo, é mais fácil, você corrige se está certo ou errado, mas avalia menos competência. Isso tem sido um desafio enorme para nossos professores”, relatou a diretora da PUC.

“É preciso combinar várias técnicas, metodologias, atividades em grupo, defesa, avaliação por partes. Atingir a competência não é instantâneo, como uma prova. O estudante só será aprovado quando tiver todo esse conjunto, o somatório de resultados de aprendizagem aprovados”, explicou ela, sobre o processo de adaptação vivenciado na instituição. 

Diretrizes estimulam realizar projetos com base em problemas reais 

A importância de realizar projetos com base em problemas reais durante a formação do futuro engenheiro foi outro aspecto levantado pelo responsável pela comissão de implantação das DCNs da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Helder Galeti.

“É uma visão nova sobre como ensinar o aluno e como o aluno deve aprender. É preciso que dentro do contexto de competências se entenda o conceito com uma contextualização de conteúdos em que as atividades de conteúdo têm de ser colocadas de forma pragmática”, explicou o professor. “É preciso dar aos alunos uma firme atuação para problemas reais e unir essas formas de ensinar e aprender para o perfil que desejamos que seja nosso egresso”, disse ele.

Por sua vez, os arquitetos de produto da Whirlpool Denny Hua Jong e Felipe Botta Tarallo destacaram a necessidade de o engenheiro desenvolver tanto competências técnicas, com domínio das novas tecnologias digitais, quanto socioemocionais para trabalhar em equipes globais.

“A questão das competências não técnicas, a gente vem percebendo que tem sido uma demanda cada vez mais forte para os times de Engenharia. A inteligência emocional é fundamental em tudo o que se propõe fazer. A gente está lidando com um ambiente que muda muito, muda muito rápido, competitivo. É importante a resiliência, a flexibilidade, saber entender e reagir às frustrações, aos revezes que a gente enfrenta em alguns projetos”, recomendou Felipe Tarallo.

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