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Muito, muito mais rápido! Tecnologia 5G vai acelerar a indústria 4.0 no país

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 03 de setembro de 2020

A tecnologia 5G pode revolucionar a produção industrial no Brasil

Diferentemente do que aconteceu nas gerações anteriores da telefonia celular, baseadas na comunicação entre pessoas, o 5G foi concebido com foco na comunicação entre objetos. É a chamada Internet das Coisas (IoT- Internet of Things). A tecnologia já é considerada um novo paradigma da telecomunicação. Porém, para cumprir sua vocação, terá que passar por uma regulação adequada no Brasil. 

A rede 5G possui características próprias e revolucionárias. É dez vezes mais rápida que a 4G, tendo, portanto, grande capacidade de transmissão de dados. Além disso, tem baixa latência, que mede a velocidade de resposta, assegurando atrasos mínimos na comunicação e permitindo que equipamentos sejam operados remotamente e em tempo real. 

“A capacidade de transmissão de dados é extremamente avançada. Milhares de equipamentos podem estar interconectados numa mesma rede e operados remotamente, de forma completamente segura”, resume Paulo Roberto dos Santos, sócio-diretor da empresa Zorfatec, que presta consultoria nas áreas de inovação e indústria 4.0. “Uma rede wifi não teria capacidade para suportar tudo isso. É o que faz com que o 5G seja muito atraente para uso industrial”, explica Santos.

A tecnologia é considerada extremamente segura. Uma operação de guindastes, por exemplo, poderá ser feita remotamente usando comandos em tempo real, sem riscos para o operador, assim como um cirurgia remota. Essa baixa latência era impensada no 4G. 

Cidades inteligentes, mobilidade urbana, saúde a distância e veículos autônomos estão, ainda, entre as aplicações que vão demandar o 5G. Diversas áreas serão beneficiadas, como indústria, educação, serviços, saúde e agricultura. 

Política industrial

O 5G possibilita encurtar cadeias logísticas. Uma peça de reposição poderá ser impressa por meio de impressora 3D comandada remotamente, em tempo real, pela empresa fornecedora situada fora do país, sem que esta precise enviar seu segredo industrial. A logística fica reduzida para apenas poucas horas. 

Por todas essas características, o advento da rede 5G é um marco na quarta revolução industrial. Segundo Igor Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a tecnologia representa uma grande política industrial para o país, com ganhos para a competitividade das empresas. “Estamos diante da melhor e mais profunda política industrial dos últimos anos. O 5G pode alterar a produtividade de nossas empresas, pois traz maior eficiência. O que nós não estávamos conseguindo por outras vias pode vir por meio dessa tecnologia”, prevê Calvet.  

Ter condições de competir com empresas internacionais e participar da cadeia mundial de valor de negócios também é destacado como uma vantagem da rede 5G por José Borges Frias Júnior, diretor de estratégia e desenvolvimento de negócio da divisão Digital Industry da Siemens. Ele, porém, considera que o potencial transformador da tecnologia 5G depende, também, de outros fatores. “Empresas têm belos projetos de automatização e digitalização, mas dependem de infraestrutura de comunicação e conectividade que não estão disponíveis. É preciso uma infraestrutura que viabilize uma base consistente, com troca confiável de informações”, pondera o executivo. 

Redes privativas 

A tecnologia 5G também depende de um modelo regulatório diferente daquele existente hoje para as demais redes de internet móvel. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está avaliando soluções técnicas a fim de determinar qual espectro de radiofrequência será disponibilizado para o 5G. A agência deve realizar, no primeiro trimestre de 2021, um leilão para que operadoras possam comprar temporariamente o direito de uso dos espectros para fornecer os serviços de telefonia móvel. 

Especialistas veem como fundamental que a Anatel destine, reserve e regulamente ao menos uma faixa de frequência para o uso privado do 5G. É a chamada rede privativa, que necessita ter uma faixa de frequência específica para uso, com configurações próprias para a necessidade de cada empreendimento. Com esse tipo de rede, a própria empresa determinará a qualidade da cobertura e o tipo de operação e será responsável pela segurança, velocidade e quantidade de seus equipamentos conectados. 

“São basicamente três benefícios principais das redes privativas: segurança da informação, sem uma intermediação das operadoras de telefonia; otimização do processo produtivo; e responsabilização primária da empresa por sua própria rede. Países como Reino Unido e Alemanha já regulamentaram o uso privativo em faixas de frequência para o 5G”, resume o presidente da ABDI, Igor Calvet. 

Outra questão importante da regulamentação é conseguir um alinhamento da tecnologia com padrões mundiais do ponto de vista técnico. Segundo o consultor Paulo Roberto dos Santos, a regulamentação deve olhar para fora, para poder se alinhar a padrões adotados internacionalmente. “Isso possibilitaria custos menores para que a nossa indústria implementasse equipamentos e desenvolvesse e exportasse soluções”, explica.

O especialista alerta, ainda, que empresas e instituições regionais e locais precisam estar atentas ao processo de regulamentação para conseguir assegurar que suas demandas futuras com a tecnologia sejam viáveis. Caso contrário, correm o risco que determinados critérios de uso do espectro fiquem incompatíveis com as tecnologias vindas de fora.

O gerente executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, enfatiza uma característica importante da rede privativa: “Ela não vai concorrer com as operadoras, pois são serviços complementares. É algo muito inovador; é a agenda de fronteira tecnológica que outros países já estão fazendo”.   

Tão logo a regulamentação esteja aprovada, o 5G será uma realidade no Brasil. 

Porém, uma parte importante do processo ainda precisa ser concluída: testes de campo do uso do espectro, para evitar interferências de sinal e avaliar as melhores alternativas. A pandemia, entretanto, suspendeu os testes programados até aqui. “É preciso que se faça testes em faixas de frequência para mostrar e evidenciar para a Anatel que as necessidades da indústria podem ser supridas, não apenas numa determinada faixa, mas em outras opções de faixa de frequência”, explica Calvet.

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