Com a aproximação da obtenção do grau de investimento e a queda do risco-País, o Brasil tem atraído cada vez mais os aportes de investidores estrangeiros, superando seus pares do grupo BRIC (Rússia, Índia e China).
Segundo o gestor de renda variável dos fundos offshore do banco HSBC, Luiz Ribeiro, o Fundo Brasil vendido no exterior pela instituição tem apresentado aumento significativo de captação, superando as aplicações no fundo BRIC do banco, em que os ativos do País representam cerca de 30% da carteira. "Só este ano o fundo Brasil já captou US$ 350 milhões até abril e tem atraído grande demanda principalmente de instituições de private banking da Europa", diz.
O fundo Brasil acumula valorização no ano de 24,5% em dólar e patrimônio de US$ 1,5 bilhão. A captação até abril aumentou 25% enquanto a do fundo BRIC subiu 6,5 %.
O presidente do BNP Paribas Asset Management, Marcelo Giufrida, também confirma a maior procura por ativos brasileiros. Os fundos com foco na América Latina e Brasil lançados recentemente pelo banco têm apresentado captação superior ao do fundo BRIC, em que o Brasil representa um quarto da carteira.
O BNP Paribas possui dois fundos com foco em Brasil e dois com foco na América Latina. O último fundo Brasil, lançado pelo banco em dezembro de 2006, para distribuição global, acumula captação de US$ 250 milhões, semelhante à captação do último fundo Latan, em que o Brasil representa 50% da carteira, lançado em abril último para distribuição na Coréia do Sul. O fundo BRIC lançado em abril de 2006 captou US$ 220 milhões.
Giufrida ressalta que o Brasil tem ganhado destaque inclusive dentro dos fundos para a América Latina. "O Brasil apresenta uma perspectiva muito boa em comparação com outros países latino-americano, uma vez que os investidores têm visto o desempenho do México muito atrelado à economia norte-americana e o do Chile às commodities".
Para Ribeiro, do HSBC, com a desaceleração da economia dos países desenvolvidos, os investidores estrangeiros têm buscado mercados que oferecem maior retorno, e o Brasil chama atenção por apresentar ativos com preços ainda muito atrativos. "A relação preço/lucro dos ativos brasileiros ainda é a mais baixa entre os países do BRIC, o que deve continuar atraindo os investidores".
Ele ressalta que essa demanda deve continuar alta, uma vez que o mercado de capitais no Brasil ainda tem espaço para crescer. Um dos fatores que apontam que o preço dos ativos brasileiros estaria com desconto em relação aos papéis de outros países emergentes é a sua relação preço/lucro (P/L).
Segundo Ribeiro, o P/L do Brasil, em dólares, está hoje em 12, enquanto o P/L da China é de 16,17, o da Índia, 13,8 e o da Rússia 10,3. Além disso, a expectativa para crescimento do lucro das empresas no Brasil é de 25% em 2007, enquanto a média para mercados emergentes é de 9%. kicker: O preço dos ativos brasileiros está mais baixo do que os dos papéis de outros mercados emergentes, dizem especialistas.