Investir em fontes renováveis, como o hidrogênio verde, e desenvolver combustíveis, medicamentos, produtos e materiais inovadores a partir dos recursos da biodiversidade podem impulsionar o Brasil a ganhar competitividade frente a outros mercados.
“Nosso país tem capacidade e potencialidades para ser um dos líderes globais da transição energética e da descarbonização dos processos industriais”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, na abertura da 10ª edição do Congresso Internacional de Inovação da Indústria, realizado pela CNI e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Para o presidente da CNI, todas essas possibilidades demandam programas criativos, parcerias entre governo e setor privado, além de planejamento de longo prazo. “Indispensáveis para a descarbonização, as energias limpas e o uso sustentável dos recursos naturais poderão acelerar a adaptação da indústria e das demais atividades econômicas aos novos padrões comerciais e às metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Também ajudarão a afastar ameaças protecionistas e a pavimentar novos caminhos para o desenvolvimento industrial”, complementou.
Andrade destacou que os painéis do Congresso de Inovação, cujo tema deste ano é ecoinovação, contribuem para o avanço de uma agenda contemporânea, com foco na transformação digital, na emergência climática e nas turbulências geopolíticas. “Essas mudanças trazem sérios riscos para todo o mundo, sobretudo para os países em desenvolvimento. No entanto, podem abrir oportunidades extraordinárias, em especial, para o Brasil”. A partir do investimento em inovação, ainda segundo Andrade, o Brasil pode ter clareza sobre as novas possibilidades para o aumento da competitividade e para a criação de modelos de negócios, produtos e serviços de alto valor agregado.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), participou em vídeo do evento e lembrou das missões da nova política industrial, que incluem a transformação digital da indústria para ampliar a produtividade, além de bioeconomia, descarbonização e transição energética. “Inovar, incluir e descarbonizar são os pilares que inspiram a neoindustrialização brasileira”, afirmou.
O papel do Estado na neoindustrialização
Também presente no evento, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que a indústria tem um papel relevante no crescimento do país e lembrou que países industrializados alcançaram um patamar de crescimento mediante o papel do Estado.
“Apesar do desinvestimento em educação, ciência, tecnologia e inovação que tivemos nos últimos anos, a indústria brasileira tem procurado responder a esse grande desafio da inovação. A nova política industrial deve estar apoiada na inovação e a retomada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial materializa o esforço do governo por uma política industrial de caráter inovador”, disse a ministra.
No âmbito da sustentabilidade, a ministra ressalta que a agenda do clima é transversal, urgente e prioridade do atual governo. “Com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil tem todas as condições de liderar a transição energética e o investimento em conhecimento científico e a inovação são fundamentais para isso”.
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, vive-se um momento singular, em que inovação e sustentabilidade se encontram para a construção de um mundo mais justo e sustentável, em que se vê o Brasil com otimismo.
“O Brasil é um país resiliente, que mostra ao mundo o potencial criativo e condições para construir uma nova industrialização. Além de termos a Amazônia, temos um rico processo de criatividade como nenhum outro país. E a inovação aumenta a criatividade humana para construirmos um mundo melhor para todos. Mas devemos nos lembrar de que um mundo sustentável e de inovação precisa ser acompanhado por um processo de inclusão, construindo um mundo solidário para todos”, frisou.
O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, celebrou os mecanismos já existentes no Brasil, que ajudam a criar um ambiente de inovação, mas destacou a necessidade de se criar metas consistentes para o tema no país. “Precisamos de medidas de longo prazo para girarmos a chave da economia e do processo produtivo brasileiro, com a valorização da inovação, da sustentabilidade e da equidade”, disse.
O Congresso de Inovação e a MEI
Desde 2005, o Congresso Internacional de Inovação da Indústria, uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), estimula a cultura da inovação e impulsiona a indústria brasileira para acompanhar as rápidas transformações tecnológicas mundiais. A MEI, no mesmo sentido, mobiliza as empresas para o progresso tecnológico e para o aperfeiçoamento das políticas públicas de ciência e tecnologia.
“Estou certo de que o Congresso Internacional de Inovação da Indústria e as ações da MEI e da CNI continuarão abrindo caminhos para que a inovação se consolide como a principal estratégia para o crescimento das empresas e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, disse Andrade.
Criada em 2008, a MEI se consolidou como um fórum de discussão sobre as tendências da inovação, hoje contando com a participação de mais de 500 líderes empresariais. “Para mim, a MEI constituiu uma das mais estimulantes e gratificantes experiências do meu período na Presidência da CNI. O êxito do movimento é resultado da participação voluntária e efetiva de um grupo de líderes empresariais comprometidos com a causa da inovação”, acrescentou o presidente.
Pedro Wongtschowski, coordenador da MEI, reforçou que o mundo vive mudanças globais desafiadoras, que exigem atenção para temas como descarbonização e energias renováveis.
“Aumenta, a cada dia, a consciência mundial sobre as terríveis mudanças climáticas, com ondas terríveis de calor, nevascas e incêndios incontroláveis. O Brasil renovou os compromissos com o meio ambiente, mas chegou o momento de acelerar o passo. E a MEI está preparada para assumir com pulso firme a agenda da ecoinovação e da sustentabilidade. O Brasil não pode ficar inerte em meio a esses desafios”, afirmou.