CNI e associações empresariais das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia defendem OMC e sociedade igualitária. Relatório será entregue aos chefes de Estado que se reúnem em junho no Japão
As principais associações empresariais do mundo estão atentas aos impactos das novas tecnologias na economia e na sociedade e comprometidas com a reforma e o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Esses temas deram o tom do relatório final de recomendações da Cúpula Empresarial do G20, o chamado B20, que ocorreu no Japão durante 14 e 15 de março. A Condeferação Nacional da Indústria (CNI) é representante do setor privado brasileiro.
“O B20 reúne as maiores economias do mundo, contribuir ativamente nesse foro é uma grande oportunidade para influenciar sobre temas de grande relevância e interesse para a competitividade e inserção internacional da indústria brasileira”, diz o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Coelho Fernandes.
O documento será entregue aos chefes de estado do G-20, que se encontram em 28 e 29 de junho, também no Japão. A expectativa agora é que as 20 maiores economias do mundo, que representam 80% do comércio global, afinem o discurso e se comprometam com uma sociedade mais igualitária e desenvolvida.
“A transformação digital e o emprego de novas tecnologias (Big Data, 5G, blockchain, computação em nuvem) promoverá um ecossistema de inovação, reunindo empresas e a academia e permitindo não só o crescimento econômico, mas a solução para problemas sociais, como desemprego, pobreza, fome, desigualdade de gênero, entre outros”, diz o relatório final.
Além de recomendações, o documento também apresenta exemplos de empresas nacionais comprometidas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A CNI levou os projeto de Natura, Stefanini e das startups Epistemic, Nexxto, e I4Sea.
1. Transformação digital
Promover a cooperação internacional no campo da cibersegurança, apoiar às negociações sobre comércio eletrônico no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e alcançar um consenso multilateral sobre a tributação na economia digital, que incentive os investimentos, a criação de empregos e o crescimento econômico
2. Comércio e investimento
Renovar o compromisso com os princípios do comércio multilateral baseados nas regras definidas pela OMC para: resolver o impasse no processo de nomeação de novos membros para o Órgão de Apelação; processos mais eficientes para o Mecanismo de Solução de Controvérsias; melhorar a função de monitoramento da OMC sobre as notificações dos membros de conformidade com suas regras, além de garantir um ambiente de negócios igualitário com a eliminação de subsídios industriais incompatíveis com as regras da OMC e com adequada proteção da propriedade.
3. Energia e meio ambiente
Garantir o acesso à energia para todos e promover tanto a eficiência energética quanto as transições para um modelo energético mais limpo e sustentável. Para isso é importante: focar na redução de gases de efeito estufa por meio das cadeias globais de valor e na disseminação de tecnologias eficientes em energia e outras tecnologias de baixa emissão em escala global.
“Os governos, em parceria com o setor privado, devem incentivar a inovação ligada a plásticos reutilizados e reciclados, materiais alternativos e plásticos de base biológica e biodegradáveis para reduzir o custo desses materiais e promover sua ampla utilização”, diz o documento.
4. Infraestrutura de qualidade
Diminuir o déficit de infraestruturas com segurança e manutenção adequadas para alcançar um crescimento inclusivo, benéfico e sustentável, proporcionando, assim, oportunidades de investimento acessíveis
5. Futuro do trabalho
Estabelecer uma estrutura favorável à inovação para o comércio digital, na qual empreendedores e autônomos sejam capazes de transformar ideias em negócios. Também há recomendação para promover mercados de trabalho abertos, dinâmicos e inclusivos, tornando a legislação trabalhista mais flexível.
6. Integridade para todos
A luta contra a corrupção deve continuar sendo uma prioridade e deve ser tratada em um diálogo próximo entre as empresas, o governo e a sociedade em geral e garantir a transparência em compras públicas