O presidente do Conselho Temático da Indústria de Defesa e Segurança (Condefesa) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Glauco Côrte, afirmou nesta segunda-feira (26), que os membros do colegiado trabalham para construir uma agenda propositiva para o desenvolvimento da base industrial de defesa e segurança.
“Isso se dará por meio de grupos de trabalho temáticos que serão formalizados na reunião de hoje. Esses grupos têm a missão de construir propostas consensuais que serão apresentadas na quarta reunião do ano, programada para 25 de novembro”, disse Côrte.
A partir de consulta com os membros do conselho, foram definidos quatro temas para os grupos de trabalho: mercado externo; financiamento; previsibilidade orçamentária; e tecnologia e inovação.
Durante a reunião, Côrte afirmou estar plenamente consciente da importância de se promover o crescimento e a consolidação da indústria de defesa e segurança. “Essa indústria responde por quase 4% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, representada por mais de R$ 200 bilhões”, disse.
O ex-comandante do Exército Brasileiro e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Eduardo Villas Bôas, ressaltou a necessidade de um projeto de consolidação do poder nacional. “Isso passa aqui por nós. Então, fico muito feliz de ver todos engajados nessa direção”, disse.
PILARES DA INDÚSTRIA DE DEFESA – Durante o encontro, o brigadeiro engenheiro Eliezer de Freitas Cabral, representando o comando da Força Aérea Brasileira, descreveu quatro pilares para o desenvolvimento da indústria de defesa e segurança. Segundo ele, esses pilares são o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação; a formação de um cluster (com empresas que trabalhem em cooperação); o poder de demanda (conhecimento a respeito dos consumidores); e uma efetiva regulação (com organização do mercado, com o objetivo de se construir uma indústria cooperativa).
“Não existe um país forte sem Forças Armadas fortes. E não existem Forças Armadas fortes sem uma indústria de defesa forte”, disse o brigadeiro. “Nós precisamos de uma visão de longo prazo para chegarmos aos nossos objetivos”, ressaltou.
A diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, afirmou que, na contramão do que ocorre mundialmente, o Brasil está cortando investimentos em pesquisa e desenvolvimento, considerando a somatória de recursos públicos e privados. A seu ver, entre os desafios do Brasil está tornar mais robusta a estrutura produtiva do país. Além disso, ela ressaltou a importância de se ampliar a cadeia de fornecedores das empresas. “Precisamos também fortalecer a pesquisa em desenvolvimento e inovação e assegurar a demanda no país”, disse.
RELAÇÃO BRASIL-EUA - O oficial de comércio da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Hector Maldonado, disse que a representação está na fase de desenvolvimento dos planos de ação para os próximos 12 meses e afirmou que esta é uma oportunidade para os membros do Condefesa apresentarem propostas.
Como exemplo da parceria da embaixada com a indústria brasileira, ele afirmou que a ideia do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), assinado por representantes do Brasil e dos Estados Unidos, nasceu no Diálogo da Indústria de Defesa, em 2016. “Vocês têm uma oportunidade de inserir elementos (no nosso plano de ação), ideias que acham que deveriam formar parte dos planos de trabalho dos nossos grupos de trabalho”, disse Maldonado.
SOBRE O CONDEFESA – O Condefesa foi implantado pela CNI em novembro de 2018. O novo órgão vai trabalhar para incentivar o crescimento do setor da defesa, por meio da aproximação da indústria, das Forças Armadas e do alinhamento dois oito conselhos já implantados nas federações das indústrias em todo o Brasil.
Entre as atribuições do conselho estão a proposição e o acompanhamento de políticas que tratem dos interesses da indústria da defesa; a elaboração de estudos; e a antecipação a demandas prioritárias da defesa e segurança em termos de projetos, novas tecnologias e produtos e serviços.