O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado mensalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), alcançou o menor valor da história neste mês de abril: 34,5 pontos. A queda de 25,8 pontos na comparação com março foi recorde. Desde janeiro, a queda acumulada é de 30,8 pontos.
“A queda na confiança dos empresários pode contribuir para a paralisação dos investimentos, ou seja, para o agravamento da crise econômica”, avalia o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
De acordo com o relatório técnico do ICEI, “há dificuldades no fluxo de insumos, mercadorias e trabalhadores e as medidas de isolamento social e o consequente ‘desaparecimento do consumidor’ resultou em forte queda na receita das empresas”. O estudo também pontua a redução e o encarecimento do crédito, enquanto as despesas fixas continuam.
Antes da queda de 25,8 pontos, registrada entre março e abril, o maior recuo num único mês havia sido de 5,8 pontos, em junho de 2018, como consequência da greve dos caminhoneiros. A atual redução traduz o cenário atual de queda forte na atividade econômica e as dúvidas sobre quando o mundo voltará à normalidade.
Segundo o economista da CNI Marcelo Azevedo, o atual cenário global de incertezas impossibilita a realização de projeções reais para a economia. “Ainda não sabemos quanto tempo durará a crise e, a cada dia, o governo tem anunciado novas ações de estímulo. Estamos acompanhando e avaliando o cenário diariamente”, explica.
Também em entrevista à revista Indústria Brasileira, o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Carlos Alves dos Santos, concorda que é difícil calcular qualquer tipo de perda, mas diz que é possível ser otimista. “As rotas comerciais entre a maioria dos países ainda estão abertas. A expectativa é que, quando tudo estiver sob controle, nos próximos meses, as exportações sejam retomadas normalmente”, diz.
O ICEI de abril mostra, ainda, que a queda dos índices de confiança das diferentes regiões foi expressiva, com mais impacto no Sul, cujo índice acumulou uma queda de 34,6 pontos entre janeiro e abril. No Norte, foi registrada a menor queda na mesma base de comparação, mas ainda muito significativa, de 26,8 pontos.
A falta de confiança, contudo, alcança todos os setores da indústria. O indicador é menor entre os empresários da Indústria de Transformação (34,3 pontos) e da Construção (34,8 pontos) e um pouco maior entre os da Indústria Extrativa (39,1 pontos).
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