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Cultura maker é o caminho para a educação do futuro

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 06 de março de 2020

A experiência do fazer é fundamental para o aprendizado

Colocar a mão na massa, também conhecida como cultura maker, ou experiência do fazer, é fundamental no processo de aprendizagem. Esta é a avaliação de especialistas que se reuniram nesta sexta-feira (6) para debater o futuro da educação e das cidades no Seminário Internacional SESI de Educação. O encontro faz parte da programação de Festival SESI de Robótica, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo (SP). 

Para o diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), Rafael Lucchesi, o Brasil tem de trabalhar uma educação mais igualitária e a tecnologia é uma excelente forma de inclusão. Na visão do especialista, a educação voltada ao STEAM - termo em inglês usado para falar sobre Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática – é uma das saídas para que a escola seja mais atrativa para as novas gerações. 

"Quando nós falamos de STEAM, robótica e linguagens de programação, não é com o objetivo apenas de fazer equipes vencedoras de robôs. Por de trás disso, há uma visão de sociedade, uma visão de vanguarda de construção da escola do século 21”, disse Lucchesi.

Cultura maker torna o aprendizado mais efetivo

A cultura maker se baseia no princípio de que a transmissão de informações é mais efetiva quando as pessoas podem manusear os objetos estudados. Esta é a filosofia de trabalho de Iberê Thenório, do website educativo Manual do Mundo, que explora o mundo das ciências exatas e biológicas com experimentos práticos. 

Com uma super popularidade no Youtube, o especialista conta que os estudantes formam maioria da audiência. “Quando tem ENEM, muitos vão lá nos comentários me dizer que acertaram determinada questão porque já tinham me visto fazer algum experimento no meu canal”, comemora. 

Para Iberê, o segredo está no prazer em por a mão na massa para aprender, transformando o padrão atual da educação. “Temos uma visão muito utilitarista da escola: você tem que aprender aquilo porque aquilo vai ser útil para uma coisa ou outra. É triste impor isso para as crianças”, disse.

Uma sucata, um robô, uma aula de física

Débora Garofalo é professora e lidera um projeto em escolas públicas de uma comunidade pobre de São Paulo em que sucata vira equipamento. Ela viu como a iniciativa mudou a vida de diversas crianças. De acordo com ela, 80% dos estudantes dessa região apontaram o lixo acumulado nas ruas como o principal problema local. Por isso, ela escolheu trabalhar com a sucata e começou a ver a alegria dos estudantes ao montar um carrinho com rodas de tampa de garrafa pet, que seria movimentado com o ar de um balão. Foi assim que os alunos aprenderam sobre física e velocidade. 

“A cultura maker me ajudou a resgatar a autoestima dessas crianças, e, para mim, ela é a porta de entrada para transformar a educação”, afirmou a professora, emocionada ao mostrar a foto dos estudantes que, após fazer parte do projeto, passou no vestibular para Física, na Universidade de São Paulo (USP).

"Toda sala de aula deve ser um espaço de criatividade e de inovação", diz Gotti, do SESI

O gerente executivo de Educação do SESI Nacional, Sérgio Gotti, destacou que a metodologia de ensino das mais de 500 escolas da rede é totalmente voltada à cultura maker. “É uma forma de construir o aprendizado. Nosso currículo traz a prática como algo fundamental para se chegar à teoria. A gente acredita que toda sala de aula deve ser um espaço de criatividade e de inovação. Somente assim vamos conseguir formar pessoas empreendedoras e inovadoras para o futuro”.

Ensino e tecnologia têm poder de transformar comunidades

Com apenas 25 anos, o empreendedor Lucas Lima, morador do Complexo do Alemão, trouxe ao seminário sua experiência com a cultura maker. Ele construiu uma impressora 3D com sucatas compradas em ferros-velhos.

Formado em engenharia, Lucas tem como meta levar a cultura maker para outros jovens de comunidades carentes. “Não quero só ganhar dinheiro, quero trazer uma mudança para dentro da comunidade. Quero investir, quero transformar as favelas em polos tecnológicos”, disse.

E se engana quem pensa que cultura maker é algo restrito ao universo jovem. Já faz algum tempo que o professor aposentado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bernardo Riedel, pratica o fazer. No seminário, compartilhou a surpreendente experiência na construção de telescópios, misturando materiais de baixo custo e sucatas. 

FESTIVAL SESI DE ROBÓTICA 

Como parte da programação do Festival SESI de Robótica, nesta sexta-feira (6), será realizado o Seminário Internacional SESI de Educação. O evento, no Pavilhão da Bienal de São Paulo, vai reunir especialistas do Brasil e do mundo para debater métodos educacionais para os estudantes e trabalhadores do futuro.

Confira a programação completa do festiva!

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