No evento Diálogos de Bioeconomia, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (21), especialistas debateram os caminhos para potencializar o setor no Brasil. Para o presidente da Frente Parlamentar da Bioeconomia, deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP), não basta informar que é necessário preservar.
“É o interesse econômico que move a indústria e também as comunidades ribeirinhas. Não adianta apenas dizer que eles precisam conservar, é preciso dar a eles os meios de sustento com a conservação da floresta”, reforçou Fonteyne.
Segundo ele, a floresta em pé traz benefícios para todo o mundo e o Brasil usufrui dos benefícios econômicos dos créditos de carbono. “O mundo tem de pagar pela conservação da Amazônia”, declarou.
Outro desafio apontado pelo deputado está na disseminação de conhecimento sobre a bioeconomia e questões relacionadas ao tema como o Protocolo de Nagoia, que estabelece regras internacionais para repartição de benefícios do uso econômico de recursos genéticos da biodiversidade.
“Demoramos para aprovar a ratificação desse acordo internacional porque havia muito desconhecimento, sobretudo, dos impactos para o agronegócio. Depois de muito tempo, viram que seria vantajoso e aprovamos no Congresso”, relatou.
A popularização da importância da bioeconomia para o Brasil depende de levar esse conhecimento a outros setores da sociedade, segundo Gonçalo Pereira, professor do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Na sua visão, é preciso os diversos interessados na agenda conhecerem o universo um do outro para facilitar a comunicação. “Fui empresário e fundei a Granbio em 2011 e conheci um mundo que a academia não conhece. Aqui vivemos em clãs que não se comunicam e precisamos mudar isso”, afirmou.
Pereira lembrou que o Brasil é reconhecimento pela elevada qualidade científica de seus pesquisadores, mas que encontra dificuldades de transformar o conhecimento e invenções em riqueza para o país. “Somos a 10ª potência científica do mundo, mas esse potencial está enjaulado. Precisamos aproximar as universidades das indústrias para que nos tragam caminhos para investimentos”, recomendou Pereira.
Natura: marca que valoriza a biodiversidade brasileira e a Região Amazônica
No debate virtual da CNI, Roseli Mello, líder de Pesquisa e Desenvolvimento da Natura, apresentou o modelo de negócio sustentável da empresa que alia ciência de ponta a valorização das relações com as comunidades amazônicas.
“Usamos recursos como a bioinformática para verificar o potencial de um ativo da bioediversidade ao mesmo tempo em que os nossos profissionais escutam e trocam conhecimentos com comunidades locais sobre o manejo de espécies”, contou.
Roseli relatou ainda que a empresa implantou recentemente uma planta industrial no Pará contrariando alguns princípios econômicos, em que o retorno poderia ser maior ao se instalar uma fábrica em outra região do país. “A ideia foi descentralizar a produção e gerar mais emprego e renda na Região Norte, distribuindo a riqueza”.