Segundo a CVM, o carro-chefe das aplicações é o mercado de ações, que recebeu 76,6% dos recursos - com a expressiva valorização da Bovespa no período (NULL,5% em termos reais, conforme seu principal índice de preços, o Ibovespa), eles atingiram US$ 117,6 bilhões. O segundo lugar na preferência dos estrangeiros foi para os títulos de renda fixa, com 21% do volume total (US$ 33,7 bilhões).
Os investidores têm mostrado interesse crescente pela renda fixa, desde que receberam isenção fiscal do governo para comprar títulos públicos, em junho de 2006. Já as debêntures - que eram a mais importante fonte de captação de recursos das companhias no mercado de capitais, antes do "boom" atual da bolsa de valores - vem minguando nos portfólios de investimento dos estrangeiros.
No final do primeiro semestre, apenas 0,2% (US$ 352 milhões) do total estava aplicado nesse tipo de ativo. O motivo é o rendimento inferior da aplicação em comparação à outras opções de investimento abertas aos estrangeiros. "As debêntures são lastreadas em CDI e hoje existem riscos de crédito muito mais vantajosos que ele em termos de rentabilidade", comenta Marco Melo, responsável pela área de pesquisa da corretora Ágora. Além disso, este ano houve uma redução da emissão de debêntures, para a qual colaborou a farta liquidez à disposição das companhias para captação de recursos com ofertas públicas de ações (os estrangeiros têm comprado de 70% a 80% dos papéis ofertados).
Volume recorde
O total de recursos externos no mercado de capitais é recorde na história do País. No primeiro semestre, o estoque (US$ 39,82 bilhões) cresceu 53% em relação a dezembro de 2006. Os recursos externos começaram a chegar timidamente no Brasil no início da década de 90. O ano de 1991, conforme a CVM, terminou com modestos US$ 386 milhões de estrangeiros no mercado de capitais.
O volume engrossou no período da privatização ( a 1998). Mas mesmo nesse momento não ultrapassou os US$ 17 bilhões. A arrancada começou no ano passado. As baixas taxas de juros do mercado internacional detonaram uma busca por investimentos mais rentáveis. O primeiro passo foi um deslocamento de fatias maiores de capital para a renda variável e o segundo, uma corrida para as bolsas de mercados emergentes. Como resultado, no Brasil, o ano de 2006 terminou com um estoque estrangeiro de US$ 26 bilhões.
A forte entrada de recursos externos ampliou o mercado de custódia de recursos externos e alterou o ranking de custodiantes, nicho antes totalmente dominado por bancos estrangeiros. Em junho de 2007, o Citibank permanecia na lideran-ça com a administração de 49% do recursos colocados no Brasil, seguido pelo HSBC, que pegou a posição anteriormente ocupada pelo BankBoston, antes de ser comprado pelo Itaú, em 2006. A aquisição do BankBoston, porém, puxou o Itaú do final do ranking para o terceiro lugar do pódio.
Disputa na custódia
O serviço de custódia abarca desde a guarda de ativos até a liquidação financeira de transações de compra e venda, câmbio, transferência dos recursos e repasse de dividendos e está sendo alvo de grande disputa pelos bancos. O HSBC espera chegar ao topo do ranking dos maiores custodiantes de recursos externos brasileiro a médio prazo, segundo a área de custódia internacional do banco.
Já o Citi não pretende perder o primeiro lugar, conforme informou recentemente seu diretor executivo de custódia e de mercado de serviços de mercado de capitais, Pedro Guerra. O Itaú, primeiro no ranking da custodia nacional, também tem planos de ampliar sua participação.Ilustrações: www.cotry.com.br e www.consultarte.es