Cerca de 25 gestores e líderes empresariais conheceram o que há de mais moderno em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias na área de inteligência artificial em três cidades brasileiras. Durante três dias intensos de visitas a institutos de inovação e centros de pesquisa, eles foram apresentados a iniciativas que permitem desde a melhoria na produção do suco de maçã, passando pelo monitoramento inteligente de barragens de minérios, até a criação de soluções em fibra ótica voltadas para o mercado de segurança.
Eles participaram da 20ª edição do Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e percorreram São Leopoldo (RS), Florianópolis (SC) e Campinas (SP) entre os dias 4 e 6 de novembro.
Muitos empresários já vislumbram inovações que podem levar para suas fábricas. Depois de ser apresentado para uma tecnologia que utiliza drones para monitoramento e mapeamento de áreas de plantação, o gerente sênior de produtividade e desempenho de operações na Yara Brasil Fertilizantes, Marcelo Pinto, afirmou que pode adaptar a iniciativa para a medição da quantidade de matéria-prima em estoque.
“Nós temos dificuldades para fazer essa medição. São pilhas enormes de matéria-prima. Com os drones, poderemos saber em tempo real a quantidade de estoque que temos, o que é um problema sério que demanda tempo e traz custos para a empresa”, afirma. “É um caminho rápido de adaptar uma tecnologia já existente para um problema um pouco diferente”, diz.
Rafaela Paladini, analista de inovação da Cipatex Impregnadora de Papéis e Tecidos, afirma que a sua empresa inicia uma trajetória de transformação digital. “Eu já penso em possibilidades de usar inteligência artificial para aprimorar nossa linha de produção”, afirma.
COMPETITTIVIDADE - A diretora de inovação da CNI, Gianna Sagazio, afirmou que as imersões têm sido importantes para oferecer a empresários a oportunidade de conhecer instituições que estão na fronteira do conhecimento e, assim, levar inovação para dentro de suas empresas. “Escolhemos o tema inteligência artificial porque essa tecnologia tem impactado fortemente a indústria em todo o mundo. Aquelas empresas que querem estar à frente nos seus setores e ser mais competitivas precisam conhecer e inserir inovações disruptivas em suas indústrias”, afirmou.
Para o diretor de Planejamento e Gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), José Luis Gordon, no atual cenário econômico, as empresas precisam, necessariamente, entrar na economia digital. “Hoje, a inteligência artificial está cada vez mais sendo utilizada pelas empresas no Brasil e no mundo. A imersão busca sensibilizar os empresários para a agenda de inovação, levá-los a conhecer projetos e encontrar caminhos para os seus próprios negócios”, diz Gordon.
REDUÇÃO DE PERDAS - No primeiro dia da imersão, os participantes conheceram o Instituto SENAI de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica, em São Leopoldo (RS). Essa unidade atua, por exemplo, na análise de imagens com redes neurais, técnica por meio da qual é possível detectar tipos de plantas e plantas doentes, antecipando assim o tratamento da lavoura. Na cidade, eles visitaram também o centro de pesquisa e desenvolvimento da alemã SAP, empresa líder no mercado de softwares e aplicativos empresariais.
Na SAP, eles conheceram a tecnologia desenvolvida pela empresa para o Burger King com o objetivo de prever falhas na produção e evitar a parada de lojas na rede. Lisandro San Martins, responsável nas Américas pelo “experience center strategy”, voltado para receber os clientes, explicou que a estratégia da SAP é trabalhar a inovação de três diferentes modos: melhoria de processos, soluções de inovação pré-prontas para serem entregues aos clientes e o que ele chama de “open inovation”, quando uma inovação é criada do zero para atender a uma demanda específica.
“Nos três casos, a inovação tem de ser feita em conjunto entre a SAP e os clientes. Precisamos entender o problema e ter o ‘input’ necessário para trabalharmos juntos”, diz.
Em Florianópolis, o grupo teve a oportunidade de visitar a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI), a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados. A Acate apoiou a startup Assetify, por exemplo, a desenvolver toda uma plataforma em nuvem para armazenamento inteligente de imagens, áudios e vídeos. O gerente de produtos da Assetify, Thiago Souza, explicou, por exemplo, que a tecnologia tem sido adotada por empresas de jornalismo, para busca de vídeos pelo nome de quem aparece neles e para a degravação automática de áudios, entre outras funcionalidades.
"Hoje, as corporações buscam soluções tecnológicas que os auxiliem nas tarefas que tomam muito tempo ou que são inviáveis de serem realizadas manualmente. Com o Assetify, utilizamos o melhor da inteligência artificial para que de uma forma simples e rápida, a empresa obtenha informações relevantes sobre todo o acervo digital", afirma Souza.
No último dia, em Campinas, o grupo visitou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e o Instituto Eldorado, um centro historicamente dedicado à tecnologia da informação e à área de telecomunicações. Por fim, conheceu a Baita Aceleradora, que conta com um programa de aceleração com duração de seis meses focado em startups de base tecnológica.