A indústria pesada brasileira e os centros nacionais de pesquisa do setor nuclear podem assumir até 71% da construção das novas usinas nucleares do país. O conhecimento adquirido pelo Centro Tecnológico, que a Marinha mantém em São Paulo e em Iperó, será "um fator estratégico" do plano energético, segundo relatório de informações preparado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O centro sofre há dez anos os efeitos dos pesados cortes orçamentários aplicados pelo governo ao programa de capacitação em benefício do superávit primário nas contas públicas. Para dar seqüência ao empreendimento em prazo razoável, seria necessário garantir uma dotação de R$ 1,040 bilhão. Lula visitará o Centro Tecnológico no dia 10.
O plano nuclear do governo não se esgota na construção da usina de Angra 3. O mapa de longo prazo do Brasil atômico prevê o surgimento de uma espécie de Angra 4, que pode ser apenas a expansão da capacidade ao menos de uma central do mesmo complexo.
Em todo o país, o projeto pretende chegar a não menos de oito novas usinas até 2030, o ano de referência para que todo o empreendimento esteja em diferentes fases de andamento. A referência inicial é de que os reatores possam gerar acima de 1 mil megawatts. Angra vai produzir 1.350 megawatts.
Ambiente
O aquecimento global e a necessidade de substituir os combustíveis fósseis, como carvão e gás natural, colocou a discussão sobre os impactos ambientais da energia nuclear em outro patamar. Embora rechaçada pela maior parte dos ambientalistas, a fonte nuclear já é vista como uma opção capaz de suprir a demanda por energias limpas nos próximos anos.
O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), apresentado em maio, aponta a energia nuclear como alternativa concreta aos combustíveis fósseis, ao lado de fontes como eólica, solar e biomassa.
O motivo? A geração nuclear não emite gases de efeito estufa e tem elevado grau de eficiência, o que garantiria suprimento de energia para uma população em crescimento. Tradicionalmente contrários à energia nuclear, alguns nomes do movimento ambientalista já começam a rever posições.
O expoente mais conhecido dessa tendência é o cientista inglês James Lovelock, autor de best sellers como "A Vingança de Gaia" e um dos primeiros cientistas a estudar o aquecimento global. Hoje Lovelock afirma que a energia nuclear é a única alternativa realista aos combustíveis fósseis e que poderá suprir o imenso apetite por energia elétrica da humanidade sem aumentar a emissão de gases de efeito estufa.
Foto: Portal de Notícias G1