Apitos, vuvuzelas, tambores, dancinhas e gritos de guerra... Quem já presenciou uma competição da FIRST® LEGO® League Challenge (FLLC) sabe que a energia dos competidores alcança picos de decibéis. Em meio a isso tudo, está Franciele Silva, de 35 anos, que nasceu com surdez profunda e vivencia as emoções dos torneios de uma forma única... Foi por meio de gestos, expressões faciais e vibrações (e haja vibração, viu?!) que ela se apaixonou pelo universo da robótica.
Nascida em Jataí (GO), Fran faz parte dos mais de 10 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas isso nunca foi uma barreira para a goiana.
Desde pequena, ela sempre se aventurou no mundo dos esportes. Começou jogando bola nos campinhos, como a maioria das crianças no país do futebol. Com o tempo, se profissionalizou como atleta e passou a atuar em times de associações de surdos, após se mudar para Brasília (DF), em 2012.
A Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos (CBDS) organiza torneios em várias modalidades esportivas, integrando atletas surdos de diferentes estados. Fran, inclusive, já participou de diversos campeonatos, olimpíadas e copas do Brasil, onde conquistou medalhas e troféus.
Outra grande paixão da Fran é a tecnologia. Foi assim que, em 2017, ela se mudou pra Blumenau (SC) para trabalhar na Capgemini, uma das empresas líderes globais em tecnologia e engenharia. No novo trabalho, ela teve o primeiro contato com a robótica.
Fazendo história na robótica
Em 2021, Fran foi convidada a ser voluntária como juíza da categoria FIRST® LEGO® League Challenge (FLLC), dos robôs de Lego. A Capgemini tem um programa de voluntariado corporativo que incentiva os funcionários a participarem de diferentes atividades como essa. O que ela não sabia é que estaria entrando para a história da robótica do Serviço Social da Indústria (SESI), tornando-se a primeira juíza surda dos campeonatos. O melhor de tudo foi poder conciliar duas paixões: o esporte e a tecnologia.
A primeira participação foi no regional de Joinville (SC), no ano passado, como juíza do Prêmio Técnico/Mentor Destaque. “Fui observando as crianças, vendo o sonho de se tornarem profissionais e analisando a parte técnica. Senti uma emoção muito grande e comecei a admirar esse mundo”, declara Franciele.
Quem apresentou a robótica a ela foi uma colega de trabalho Tailer Rengel, que atua na área de responsabilidade social corporativa da empresa e já participava das competições do SESI. Tailer conta que, no regional, Fran recebeu todo o suporte necessário para acompanhar e entender a dinâmica do campeonato.
“Nunca tinha tido um juiz surdo. Foi uma troca de experiências única. Tivemos bastante suporte, eram três intérpretes de Libras o tempo todo com a Fran”, lembra. Este ano, ela participou novamente do regional de Santa Catarina, dessa vez, como juíza da mesa teste de arena, se preparando para avaliar diretamente os rounds na temporada do ano que vem.
O que esperar do futuro?
O objetivo da juíza sempre foi trabalhar com esporte. Além disso, ela pretende retomar os estudos e concluir a faculdade de sistemas de tecnologia. E não para por aí! Fran quer também se tornar professora. Ela explica que, assim como uma música, pretende ensinar por meio do visual e, principalmente, das vibrações.
“Quase não vemos surdos participando da robótica, só ouvintes. No futuro, quero ensinar surdos a aprenderem robótica. Esse é o meu objetivo”, afirma.
Gracious Professionalism, Fran! Hey!
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