Após três dias de imersão ao empreendedorismo promovido nas favelas de São Paulo e com um público estimado de 45 mil pessoas, a estreia do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) como patrocinadores da Expo Favela Innovation São Paulo foi considerada uma vitrine privilegiada para divulgar tendências e oportunidades de ascensão profissional a partir do incentivo à educação.
De 17 a 19 de março, foram apresentadas ferramentas e modalidades já disponíveis para estudantes e profissionais de todas as regiões brasileiras, especialmente à parcela da população historicamente colocada às margens de oportunidades e qualificações.
Entre eles, o Mundo SENAI, o Contrate-me, o Futuro Digital e a plataforma SENAI Play. O público da edição regional de São Paulo também teve a oportunidade de refletir sobre o “Futuro das profissões”. O aparato compõe o acervo permanente do SESI Lab, museu 100% interativo que une arte, educação, ciência e tecnologia, localizado em Brasília.
"Uma oportunidade única de divulgar a atuação do SESI e do SENAI tanto para outras organizações que também estão preocupadas com a situação do país como para milhares de pessoas que precisam ter acesso às novas propostas e ferramentas educacionais", avaliou o gerente de Educação Básica do SESI, Leonardo Lapa.
A possibilidade de mostrar a potência que vem da favela e estabelecer conexões com o asfalto também foi comemorada por Celso Athayde, idealizador do evento organizado pela Favela Holding e pela Central Única das Favelas (CUFA).
"A Expo Favela Innovation São Paulo 2023 foi um enorme sucesso! Mas não fazemos nada sozinho. Se conseguimos mobilizar e impactar tanta gente foi porque tivemos excelentes parceiros. E a maneira que o SESI e o SENAI estiveram com a gente nessa causa foi ímpar. Colocaram toda a sua expertise em educação no nosso evento. É uma honra tê-los conosco", ressaltou Athayde.
Uma Nova EJA como redutora de desigualdades
O tema norteou, no sábado (18), a palestra da doutora em Educação e especialista em Desenvolvimento Industrial do SESI Edilene Rodrigues Aguiar. Em 2016, o SESI lançou a Nova EJA, uma metodologia inovadora para lidar com um dos maiores desafios da educação brasileira: garantir a formação básica de jovens e adultos que não estão mais na idade escolar.
Atualmente, a Nova EJA é adotada em 23 estados e no Distrito Federal e possui 81,8 mil pessoas matriculadas, sendo que 93% dos alunos estudam gratuitamente na rede SESI. Do total de matriculados, 52% estudam na modalidade EJA Profissionalizante, quando o aluno conclui o ensino médio e ainda completa um curso técnico para ter mais condições de ser inserido no mercado de trabalho.
A proposta foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O modelo valoriza e certifica experiências e conhecimentos adquiridos ao longo da vida, promovendo o resgate da autoestima.
Além de ser a oportunidade para conclusão dos estudos, é uma opção para ascensão profissional para 67,2 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola e não têm ensino médio completo, segundo dados consolidados pelo SESI, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do 4º trimestre de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda de acordo com o PNAD, cerca de 12 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos estão no limbo chamado “nem-nem”, sem emprego e matrícula escolar. “Na corrida pela Educação no Brasil, muitos não têm direito ao mesmo ponto de partida, e a falta de oportunidades educacionais impactam na empregabilidade dos jovens. Parcela significativa dos jovens não está avançando na sua escolaridade e na sua qualificação profissional”, ponderou Edilene.
“O filho do rico começa antes os estudos e, portanto, tem mais tempo de jornada escolar que o filho do pobre, por uma questão de falta de acesso igualitária a todos”, enfatizou.
Neurociência e inovação para revolucionar a educação
No último dia do Expo Favela Innovation São Paulo, a Arena Golden Hall, principal palco de debates e de atrações artísticas, promoveu momento de reflexão com a plateia sobre descobertas da neurociência como ferramenta capaz de transformar realidades, por meio da educação pela ótica da sociedade da inovação.
Na conferência, a doutora em Educação e pesquisadora da Rede SESI Ana Luiza Amaral mostrou como é possível revolucionar a educação a partir da compreensão de como o cérebro aprende. Na oportunidade também foram apresentados os principais resultados de um estudo desenvolvido pelo SESI, compilados no livro “Neurociência e educação: olhando para o futuro da aprendizagem”.
Nele, a neurocientista Leonor Guerra e a educadora Ana Luiza Amaral falam sobre como a neurociência tem avançado na compreensão de como o cérebro recebe, processa, armazena e utiliza informações. Além de abordar 12 princípios da neurociência relacionados à aprendizagem e 22 tendências que estão configurando a educação do futuro.
“Nas últimas décadas, o Brasil fez avanços na educação, mas ainda temos grandes desafios para garantir a aprendizagem. Precisamos superar o modelo de ensino passivo-reprodutivo que ainda impera na maior parte das escolas brasileiras. Trazer as descobertas da neurociência para a sala de aula é fundamental para que possamos inovar na educação com base em evidências científicas”, ressaltou a Ana Luiza Amaral.
Ativações para conectar todas as gerações
Que tal descobrir a sua profissão do futuro? Esse foi o ponto de partida para milhares de pessoas que passaram pelo estande do SESI e do SENAI pensarem nas oportunidades profissionais que o futuro pode nos reservar. Uma cabine de quiz levou cada participante a analisar sobre qual profissão ideal para as necessidades e anseios das próximas décadas, tudo de maneira lúdica e divertida.
Para Maria Marta da Silva, de 48 anos, moradora de Itaquaquecetuba (SP), o resultado foi surpreendente, embora tenha se conectado à profissão atual de artista visual. “Na hora que deu a profissão desenvolvimento de avatar pensei: isso deve ser o futuro, né? Aos 48 anos não sei se conseguirei chegar nessa fase evolutiva da minha profissão, mas ficarei mais atenta aos avanços tecnológicos”, brincou.
Já o teste feito pela sobrinha dela, Isabelly Alves Silva, 14 anos, identificou aptidões para se tornar uma futura gerente de equipes humano versus máquina. “Eu achei bem legal pensar no futuro dessa forma, e gostei do resultado por ter características de trabalho em equipe, o que combina muito com as coisas que eu gosto de fazer”, analisou a estudante que, até então, pretende se formar em Veterinária.
A professora de língua portuguesa de SESI Vinhedo (SP), Bruna Delgado, 33 anos, também visitou o estande do SESI e do SENAI e se emocionou com a quantidade de pessoas interessadas nos serviços e ferramentas disponíveis de acesso à educação básica e profissionalizante. “Eu já trabalho em projetos sociais da CUFA e ver o SESI tão bem representado num evento dessa importância dá ainda mais esperança e orgulho de atuar no Sistema S“, destacou.