A chegada da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) ao polo industrial do Ceará transformou a realidade das micro e pequenas indústrias do setor metalmecânico no estado. Num modelo que atua predominantemente com negócios B2B (business to business, em inglês), essas empresas precisaram se modernizar e reorganizar os processos para conquistar a certificação ISO 9001 e, com isso, integrar a cadeia de fornecedores da siderúrgica.
Em funcionamento desde 1974, a Engefer já estava consolidada no mercado cearense. Mas, para atender o novo cliente, a CSP, precisava se modernizar e adotar novas técnicas e padrões de produção. Um dos sócios, Ricardo Firmino, conta que a empresa tinha que melhorar desde o layout do chão de fábrica até o processo de compra e organização de estoque.
A ajuda para que a Engefer e outras 20 empresas, a maioria na região metropolitana de Fortaleza, se adaptassem ao novo mercado veio por meio do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (PROCOMPI), uma parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No Ceará, o programa foi executado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e o Sebrae.
Procompi ajudou empresas a reorganizarem processos de produção
O PROCOMPI foi fundamental para que as empresas participantes percebessem que era possível se modernizar, que havia técnicas e padrões a serem aprendidos e que havia apoio. Assim, barreiras foram superadas. Os frutos são visíveis. Em média, o faturamento das empresas aumentou 15% e o volume de negócios, entre 10% e 15%.
A maioria das pequenas indústrias atendidas pelo programa ainda conquistou a certificação ISO 9001. Foi o caso da própria Engefer. Ricardo Firmino comemora o trabalho com o PROCOMPI. “Percebemos que trabalhávamos de modo desorganizado. Os consultores chegaram, sentaram conosco, nos ajudaram a organizar o processo e nos motivaram a buscar a certificação. Com isso, além do certificado, aumentamos o faturamento e reduzimos custos”, disse Firmino.
A certificação ISO 9001 diz respeito ao atendimento de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade. Ela é uma espécie de selo que atesta que a qualidade dos produtos de uma empresa está em linha com os padrões internacionais.
Momento de mudança para o setor de metalmecânica
Ana Cristina Moreira, do Sistema FIEC, explica que as consultorias iniciais quebraram paradigmas importantes na cultura das empresas participantes do programa. "O acompanhamento de indicadores de gestão contribuiu para apresentar e consolidar conceitos de qualidade no ambiente industrial, gerando nos empresários o desejo da certificação ISO. O ganho de competitividade foi considerável: propiciou às empresas condições iguais para competição de mercado. A certificação permitiu que algumas das empresas do PROCOMPI pudessem entrar no hall de fornecedoras da Companhia Siderúrgica do Pecém”, afirmou ela.
Outra empresa que se destacou no estado é a Polimatec, que começou a operar fabricando giz têxtil em 1989. A empresa possui um parque moderno de máquinas e 60 colaboradores, mas precisava rever os processos com foco nas exigências do mercado. Com as consultorias do PROCOMPI, a Polimatec conseguiu a certificação ISO 9001, estabeleceu parcerias locais e viu o faturamento aumentar em mais de 10%.
Para o empresário Leonardo Teixeira, todo esse processo agregou valor à Polimatec. “Só tivemos ganhos com o PROCOMPI, já que conseguimos colocar em andamento a certificação ISO 9001. São vários ganhos com esse reconhecimento tão importante, com impactos diretos no nosso relacionamento com clientes e parceiros. A experiência foi tão satisfatória, que já aderimos também ao PROCOMPI do segmento plástico para outra empresa do grupo”, disse Teixeira.